Coquetéis clássicos

Eles sobreviveram ao teste do tempo, dos modismos e ainda encantam com seu caráter marcante

por Sílvia Mascella Rosa

Para os fãs dos automóveis, um Ford bigode, um Jaguar X Type, um Mercedes Benz Kompressor são clássicos. Para as sempre elegantes mulheres (de qualquer idade) um vestido preto de Chanel e um colar de pérolas também são clássicos. Na literatura – onde surgiu a denominação –, clássico define os autores e obras da antiguidade greco-latina, com seus cânones de retórica que se valiam da ordem, da clareza, da métrica, da harmonia e do bom gosto para escrever suas obras. Com esses atributos, seus escritos se tornaram modelos de gênero, ideais de perfeição.

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Das páginas dos livros dos grandes escritores, a palavra “clássico” ganhou espaço em variadas vertentes culturais, na moda, na gastronomia e até mesmo no futebol. Com as bebidas, ela se manifesta de forma contundente na coquetelaria, a ponto de qualquer bom bartender preparar sem hesitação, ao menos, quatro receitas de coquetéis clássicos. Isso se deve ao fato de esses coquetéis terem as mesmas características de harmonia, bom gosto e equilíbrio que os permite sobreviver ao longo das décadas como composições ideais, exemplos quase definitivos da artesania da coquetelaria. E, dessa forma, conquistam paladares fiéis década após década.

"São tantas combinações excelentes. Mas a principal característica delas é, em geral, um destilado de ótima qualidade (vodca, gim ou uísque, por exemplo), pois o foco desses coquetéis é sua intensidade”, explica Deusdete Neres de Souza, premiado barman de São Paulo e grande apreciador de alguns dos clássicos. Além disso, esses coquetéis têm em comum uma padronização mundial. Suas receitas são catalogadas pela IBA (International Bartender Association, fundada em 1951) e quase não podem sofrer mudanças para continuar com o mesmo nome. Quer dizer que, de Helsinque até a Cidade do Cabo, um coquetel Manhattan deve ser preparado da mesma maneira, qualquer que seja o sotaque ou a aparência do bartender. Os coquetéis clássicos somam quase 50 combinações, mas alguns deles são mais populares do que os outros. A seguir, algumas receitas para você preparar em sua própria casa ou pedir para seu bartender preferido.

fotos: Luna Garcia/Rafael Vidiri - Chef de bar da Forneria San Paolo
Bloody Mary

Bloody Mary
No livro clássico The Fine Art of Mixing Drinks (A arte de Misturar Bebidas, de 1948), David Embury descreve este coquetel como “um exemplo da mistura do veneno com seu antídoto”, fazendo referência à vodca e ao suco de tomate.

  • 1 1/2 dose de vodca;
  • 3 doses de suco de tomate;
  • 1/2 dose de suco de limão;
  • 1 colher de chá de molho inglês;
  • 2 gotas de molho de pimenta;
  • l sal e pimenta do reino a gosto;
  • 3 pedras de gelo;
  • Decoração: 1 talo de salsão ou 1 fatia
    de limão.

Misturar todos os ingredientes juntos diretamente no copo.

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Grasshoper

Grasshoper (Cigarra)
Clássico coquetel para depois do jantar, combina doçura e untuosidade. Deve ser servido na taça para coquetel previamente gelada.

  • 1/2 dose de creme de menta;
  • 1/2 dose de licor de cacau branco;
  • 1/2 dose de creme de leite fresco.

Colocar três pedras de gelo na coqueteleira, acrescentar os ingredientes e bater vigorosamente por uns 20 segundos. Coar para a taça. Decorar um uma nuvem de canela em pó.

Daiquiri
Coquetel consagrado na primeira metade do século XIX pelo barman Constante Ribalagua, do restaurante La Florida, em Havana, Cuba. O próprio barman tinha cinco receitas diferentes, mas os apreciadores distinguem dois pontos importantes: o Daiquiri de limão deve ser feito com sumo de limão galego, sem a casca e com rum leve, prata. O coquetel deve ser seco e suave. A versão mais apreciada pelo escritor Ernest Hemingway era batida com gelo no liquidificador.

  • 1 1/2 dose de rum leve;
  • suco de 1/2 limão galego sem casca;
  • 1 colher de chá de açúcar.

Colocar umas três pedras de gelo trituradas na coqueteleira, acrescentar o suco de limão, o açúcar e o rum. Bater vigorosamente por alguns segundos e transferir para uma taça de coquetel previamente gelada.

fotos: Luna Garcia/Rafael Vidiri - Chef de bar da Forneria San Paolo
Rusty Nail

Rusty Nail (Prego enferrujado)
O nome faz referência à cor deste coquetel, marcadamente enferrujada por conta do Drambuie, um licor escocês preparado com uísque, mel e ervas. É aconselhável não servir a bebida mexida. O licor simplesmente deve escorrer sobre o uísque. Duas pedras de gelo podem ser colocadas no copo baixo antes de montar o coquetel.

  • 1 1/2 dose de uísque escocês;
  • 1/2 dose de licor Drambuie;
  • 1 casca de limão (opcional).
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Manhattan

Junto com o coquetel de champanhe (publicado na edição anterior de ADEGA), o Manhattan é o único coquetel clássico cuja receita não foi alterada desde sua criação, há quase 150 anos. O uísque americano do tipo Rye é preparado com centeio, milho e cevada e foi o primeiro tipo de uísque feito nos EUA.

  • 1 1/2 dose de uísque canadense ou Rye;
  • 1/2 dose de vermute tinto;
  • algumas gotas de angostura (bitter caribenho);
  • 1 cereja para coquetel.

Em um copo para misturar coquetel, colocar quatro pedras de gelo, combinar os ingredientes (menos a cereja) e misturar com uma colher de cabo longo (colher bailarina). Coar para uma taça de coquetel previamente gelada e decorar com a cereja.

Agradecimentos: Rafael Vidiri - Chef de bar da Forneria San Paolo.

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