Estrela sobre rodas

A história de dois sonhadores que ainda brilha em nossas estradas

por Claudia Manzzano

Se a velocidade e o luxo estão unidos em um carro que oferece o prazer de conduzir, é porque o sonho de dois homens do século retrasado foi transformado em realidade. Gottlieb Daimler e Karl Benz levaram a distante idéia de uma máquina motorizada às ruas com muito esforço. Eles sentiram a glória de ver sua invenção em movimento ainda no século XIX. Nós, felizardos, temos o prazer de ver a herança deles em carros que os dois sonhadores nunca chegaram a imaginar.

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Não pensem que ser um sonhador glorioso é fácil. Benz foi filho de um condutor de locomotivas. Seu pai morreu quando ele tinha dois anos e só obteve sucesso graças a educação que sua mãe lhe deu, apesar dos escassos recursos da família.

A primeira empresa dele foi fundada junto a um mecânico nada confiável, em 1871. Foi sua noiva, Bertha Ringer, que o ajudou a seguir com a empresa sozinho. Mas a situação não melhorou muito. Benz chegou a penhorar as ferramentas para continuar trabalhando.

Mas para quem é um empreendedor nato, não tem crise que abale. Com insistência em trabalhar em um motor de dois tempos – algo extraordinário para época e irrisório para nós – Benz conseguiu estabilidade e confiança dos investidores. E só então dirigiu todas suas idéias para criar seu próprio veículo. Em 1894 surgiu o Velo – automóvel leve e de preço acessível – , considerado o primeiro automóvel produzido em série.

Oito anos depois, Benz deixou os negócios com seus filhos, que levaram os carros até a Inglaterra. Ali, os veículos tinham grande popularidade, especialmente entre os taxistas devido sua grande confiabilidade.

A trajetória de Daimler foi bem diferente. Ele estudou latim, freqüentou a escola de desenho e comprou um imóvel, em Cannstatt, com o dinheiro poupado com o trabalho na Deutz (fábrica de motores). O jardim do local foi transformado em uma oficina de testes.

A base de Daimler era utilizar exclusivamente gasolina como combustível de motores para uso em veículos na terra, na água e no ar. Em contraposição a Benz, Daimler pensava no motor para ser utilizado em uma peça externa, e não em um carro completo.

O maior traidor de Daimler foi seu próprio coração. Sua primeira esposa, Emma, faleceu em 28 de julho de 1889. Com problemas no coração, teve uma recaída no inverno de 1892 e foi enviado para uma clínica em Florença, onde reencontrou Linda Hartmann, que ele havia conhecido entre amigos de Cannstatt. Com 22 anos menos que ele, muito viajada e entranhável, ela ganhou seu coração e se casaram no ano seguinte, mas Daimler viveria apenas mais cinco anos.

Karl BenzGottlieb Daimler

O destino só uniu Benz e Daimler na década de 20. Mas Daimler não pôde conviver com o grande progresso da motorização e aproveitar de seus resultados como aconteceu com Benz, que faleceu com 1929. A sede da Fundação Karl Benz e Gottlieb Daimler fica na casa deste último, que também é utilizada como centro de eventos.

A Estrela
O mundialmente famoso símbolo da Mercedes-Benz teve um início profético. O objetivo era representar a triplicidade das atividades da Daimler, fabricante de motores para uso em terra, mar e ar. A estrela de três pontas, adotada como logotipo em 1909, foi inspirada em uma figura que ele havia desenhado em um postal, o qual remeteu à sua esposa com os dizeres: “Um dia essa estrela brilhará sobre a minha obra”. Ao longo dos anos, o símbolo passou por várias alterações. A forma definitiva foi adotada em 1933 e desde então se mantém inalterada.


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Quem é Mercedes
Mercedes era o nome da filha de Emil Jellinek, um negociante de veículos que fazia bons negócios com Daimler. Apaixonado por carros, ele exigia máquinas cada vez mais velozes e as usava em competições, principalmente durante a semana de Nice. Mas como competidor, ele tinha um pseudônimo: Mercedes, em homenagem a filha. Nos círculos automobilísticos do início do século, o nome já estava na boca do mundo.

fotos: Mercedes-Benz do Brasil/divulgação

Século XXI
O passado da Mercedes Benz é repleto de carros poderosos que esbanjam performance com beleza e modernidade. Mas o futuro do automobilístico requer mais que estilo. É necessário investimento constante em inovação.

Pensando no futuo, os engenheiros do Centro de Tecnologia e o Departamento de Pesquisa da Mercedes-Benz procuraram um exemplo específico na natureza que se aproximasse a idéia de um carro aerodinâmico, seguro, confortável e ambientalmente compatível, além de possuir um conjunto formal e estrutural para ser o carro-conceito da marca. As pesquisas chegaram ao Peixe-Cofre.

Uma entre as diversas características do modelo escolhido é seu corpo em forma de cubo-caixa com linhas fluidas, o que representa um ideal aerodinâmico. Essas descobertas levaram a Mercedes- Benz a desenvolver o carro biônico, um modelo compacto, funcional e pronto para a estrada no qual os 4,24 metros de comprimento guarda lugar para quatro ocupantes mais a bagagem.

É a estrela, que já brilha por mais de um século, pensando na energia para mais outros.

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