Eventos do mundo do vinho

por Redação

Te quero doce

O professor Philippe Jeandet, da Universidade de Reims, analisou garrafas de Champagne encontradas em um navio naufragado no século XIX na costa da Finlândia e constatou que a média de açúcar residual nelas era de 150 gramas por litro. Atualmente, os Champagnes mais doces feitos, raramente chegam a um terço dessa quantidade. Depois de consultar documentos históricos, acredita-se que esse carregamento, que continha as marcas Veuve Clicquot Ponsardin, Heidsieck e Juglar (que se tornaria Jacquesson), era destinado à Confederação Germânica (estado que tomou lugar do Sacro Império Romano Germânico) e não à Rússia. Anotações da viúva Clicquot dão conta de que os russos preferiam bebidas ainda mais doces, com impressionantes 300 gramas de açúcar por litro. A pesquisa de Jeandet também mostrou que os espumantes tinham entre 9 e 10% de volume de álcool, abaixo dos 12,5% comuns atualmente. Ele também encontrou resíduos de cobre e ferro que provavelmente eram usados para proteger os vinhedos (sulfato de cobre) e para pregar as barricas.

Joseph Phelps

No dia 15 de abril, a indústria norte-americana de vinho perdeu um de seus pioneiros. Joseph Phelps faleceu aos 87 anos em sua casa, em Santa Helena, deixando um legado enorme. Ele começou sua empresa em 1973 e ficou famoso com seus varietais de Syrah. Já no ano seguinte, criou o rótulo Insignia, que seria um marco para os blends bordaleses na Califórnia.

Hugel Grand Cru

Depois de séculos de história na Alsácia, a família Hugel decidiu lançar um vinho com o nome de um vinhedo Grand Cru. O Schoelhammer Riesling 2007 é o primeiro rótulo da empresa a conter o nome de um vinhedo específico. Até hoje, devido a disputas na designação dos locais dos Grand Crus alsacianos, eles haviam engarrafado tudo apenas com sua marca. “Esse é um passo gigante para nós. Temos consciência de que os amantes dos vinhos da Alsácia querem saber a origem de seus vinhos”, disse Etienne Hugel. As uvas da parcela Schoelhammer (que fica dentro do Grand Cru Schoenenbourg) antes eram usadas para seu Riesling Jubilee, que segundo a família, não vai perder qualidade.

Rudy apela

Depois de ser condenado a 10 anos de prisão por falsificar rótulos em sua casa, no maior caso de falsificação já relatado no mundo do vinho, Rudy Kurniawan decidiu apelar da decisão do júri nova-iorquino. Na apelação, os advogados contestam os procedimentos do FBI, que teria feitos buscas ilegais na casa do imigrante indonésio, além de tê-lo privado de acompanhar essas buscas. O documento cita ainda uma desproporção entre o impacto financeiro causado pela fraude, já que as garrafas falsificadas teriam sido vendidas a preços muito inferiores aos que foram cogitados. Se a corte aceitar a apelação, um novo julgamento pode ser realizado.

Imitações de Angelina e Brad

Depois do sucesso de vendas das duas primeiras safras do rosé Château Miraval, propriedade do casal Angelina Jolie e Brad Pitt em Provence, a família Perrin, responsável pela produção do vinho, está de olho nos falsificadores chineses. Segundo Marc Perrin, já existem evidências de que garrafas falsificadas estão sendo vendidas na China e, por isso, para a próxima safra, eles estão tomando providências para evitar as fraudes. A partir de agora, as garrafas terão uma marca específica em suas bases.

Mais um biodinâmico

A onda biodinâmica parece estar cada vez mais em voga em Bordeaux. Agora, o Château Palmer afirmou que deve ter todos os seus vinhedos certificados como orgânicos e biodinâmicos em 2017. Atualmente, 20% da propriedade é registrada como orgânica. “Estou convencido de que a agricultura orgânica vai se espalhar cada vez mais em Bordeaux nos próximos anos”, afirmou Thomas Duroux, presidente do Château. Hoje, apenas 2% dos vinhedos franceses são certificados como biodinâmicos.

Experiência francesa

Mais uma edição do World Wine Experience aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, em abril, dessa vez somente com vinhos da França. Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de apreciar rótulos de cerca de 20 produtores franceses da importadora, reconhecida por possuir um dos melhores portfólios do Brasil quando se trata de França, inclusive com muitos e bons produtores naturais e/ou biodinâmicos. ADEGA esteve no encontro de São Paulo e traz alguns destaques.

AD 93 pontos
CATHERINE & PIERRE BRETON BOURGUEIL CLOS SÉNÈCHAL 2008
Catherine e Pierre Breton, Loire, França (World Wine R$ 198). Um Cabernet Franc cheio de fruta, textura e vibração. Não é um vinho fácil, mas que cativa pouco a pouco, convidando-o a beber mais um gole. As amoras e cerejas estão envoltas por agradáveis toques herbáceos, florais e minerais, que se confirmam na boca. Tem final longo e profundo, com toques salinos. Álcool 13%. EM

AD 93 pontos
CLOS DU TUE-BOEUF TOURAINE
LE BUISSON POUILLEUX 2011
Clos du Tue-Boeuf, Loire, França (World Wine R$ 189). Chama a atenção pela complexidade de aromas de frutas brancas e cítricas envoltas por notas florais, herbáceas, minerais, oxidativas e de frutos secos. No palato, é suculento e estruturado, tem ótima textura, certa cremosidade, acidez vibrante e final longo, com toques de giz. Álcool 13%. EM

AD 94 pontos
DOMINIQUE LAURENT
VOSNÉE-ROMANÉE 2007
Dominique Laurent, Borgonha, França (World Wine R$ 600). Ainda muito jovem, precisou de um tempo na taça para mostrar toda sua fruta lembrando cerejas e groselhas acompanhadas de notas florais, terrosas e de cogumelos. Delicado e intenso ao mesmo tempo, tem acidez vibrante, taninos de excelente textura e final firme e vertical, com agradáveis toques salinos e de ervas. Álcool 13%. EM

AD 93 pontos
Philippe PACALET POMMARD 2008
Philippe Pacalet, Borgonha, França (World Wine R$ 540). Frutado e ainda em sua juventude, este tinto mostra fruta exuberante e de ótima qualidade, lembrando framboesas e cerejas. Tem acidez refrescante, taninos de ótima textura e final longo, profundo e pulsante. Austero, firme, vertical, mas também alegre e cheio de finesse. Álcool 13%. EM

Vinhedo do futuro

Um time de pesquisadores da Universidade de Adelaide apresentou um projeto de tecnologia que pretende ajudar os viticultores a realizarem seu trabalho mais facilmente e de forma remota através de três sistemas. O primeiro é um aplicativo de iPhone que permite medir o crescimento da folhagem. O segundo é uma câmera que usa infravermelho para identificar o estresse hídrico da vinha. O terceiro é uma máquina que mede a qualidade da uva através de eletrodos. “Vai ser possível monitorar o vinhedo em diferentes níveis para ver quão eficientemente as coisas estão indo que quase não serão necessárias visitas pessoais ao local”, afirmou o professor Steve Tyerman.

Aumento concedido

A partir do próximo ano, países membros da União Europeia poderão aumentar o tamanho de suas áreas vitivinícolas em 1% anualmente. A medida visa reverter a tendência de perda de mercado do vinho europeu (apesar de indicadores apontarem que as exportações vêm crescendo desde 2008). “Isso dá flexibilidade ao setor para gradualmente expandir a produção em resposta à crescente demanda mundial”, afirmou Phil Hogan, comissário da UE para desenvolvimento agrário. Desde 2008, os países só podiam plantar novos vinhedos desde que outros parassem de produzir.

Chapoutier em Beaujolais

Michel Chapoutier é um dos nomes mais fortes vale do Rhône, no entanto, sua fama o levou a outros lugares, tendo empresas na Alsácia, Austrália e Portugal. Desta vez, porém, ele resolveu adquirir uma propriedade em Beaujolais, a La Maison Trenel. “Beaujolais é uma região de renascimento, com uma geração dinâmica de enólogos”, afirmou.

Romeo

O famoso enólogo espanhol Benjamim Romeo, que tem vinhos que receberam 100 pontos do crítico americano Robert Parker, esteve em São Paulo no mês de abril. ADEGA participou de uma descontraída degustação de seus rótulos, tanto da Catalunha (Vin del Massis) quanto da Rioja (Bodega Contador). Carismático e divertido, sempre com sua boina, esconde por trás de toda essa descontração um winemaker preciso e muito meticuloso, obcecado pelos detalhes desde os vinhedos – tem um total de 42 hectares, separados em mais de 50 parcelas distintas –, até a elaboração dos rótulos, tudo acompanhado muito de perto por ele. Os vinhos da Catalunha já foram avaliados anteriormente e você pode conferir tudo no site www.melhorvinho.com.br. Quanto aos de Rioja, selecionamos alguns dos que mais se destacaram durante a prova que contou com as safras mais recentes de seus vinhos, que, diga-se de passagem, fazem jus à fama da Bodega Contador, além de serem prova inequívoca de que é possível elaborar vinhos potentes e concentrados cheios de tensão, intensidade e finesse. Confira.

AD 97 pontos
BENJAMIN ROMEO CONTADOR 2010
Bodega Contador, Rioja, Espanha (Premium R$ 2.648,59). 99% Tempranillo e 1% Garnacha, fermentado em tonéis de 500 a 2 mil litros, alguns rotativos, depois estagia 19 meses em barricas novas de carvalho francês. Um grande ano para Contador, muito jovem, ainda fechado e retraído no nariz, mas com o tempo de copo passa a mostrar notas florais, de cassis, ameixas e amoras. No palato, é super estruturado, com a madeira tendo papel importante. Vinho superlativo, como se todos os elementos estivessem no mais alto volume, mas em perfeito equilíbrio. Precisa de tempo para mostrar toda sua tensão e vibração e exige concentração e contemplação para desvendar todas as suas camadas. Álcool 15%. EM

AD 96 pontos
BENJAMIN ROMEO
LA CUEVA DEL CONTADOR 2010
Bodega Contador, Rioja, Espanha (Premium R$ 567,55). 100% Tempranillo, 18 meses em carvalho francês durante 18 meses, foi o primeiro vinho da vinícola, em 1996. Cassis e amoras do início ao fim, tudo num contexto de notas florais, minerais e de especiarias doces, de modo mais exuberante. Redondo, estruturado, também muito frutado, com a madeira tendo papel importante, aportando untuosidade e redondez ao conjunto. Fino, potente, suculento e estruturado ao mesmo tempo. Também austero, mas num estilo de ainda mais precisão, com agradáveis toques salinos ao final. Álcool 14,5%. EM

AD 95 pontos
CARMEN GRAN RESERVA 2007
Bodega Contador, Rioja, Espanha (Premium R$ 979,71). 82% Tempranillo, 10% Garnacha, 4% Graciano, 4% Mazuelo, com estágio de 24 meses em barricas de carvalho de segundo e terceiro usos. Nariz exuberante, com notas florais que envolvem os aromas de frutas vermelhas e negras maduras. Muito jovem apesar de 2007, excelente textura, muito frescor, super estruturado, fino, cheio de camadas e nuances. Muito austero, intenso, compacto e preciso, como seu criador. Álcool 13,8%. EM

AD 94 pontos
QUÉ BONITO CACAREABA 2011
Bodega Contador, Rioja, Espanha (Premium R$ 405,40). 73% Garnacha Blanca, 15% Malvasia e 12% Viura. Fermenta e estagia em madeira nova durante oito meses. Nariz elegante e classudo, cheio de frutas tropicais escoltadas por notas florais, minerais e de ervas maceradas. Um passo acima em termos de textura, estrutura, tensão e frescor. Jovem ainda, mas um grande vinho, com impressionante persistência. Foi abrindo com o tempo na taça e mostrando mais camadas. Álcool 14,3%. EM

Dama da Borgonha

No dia 6 de abril, aos 59 anos, Anne-Claude Leflaive, uma das mais proeminentes enólogas borgonhesas, faleceu. Ela foi uma das pioneiras na viticultura biodinâmica na Borgonha e grande defensora das práticas naturais na região. Ela assumiu o Domaine Leflaive em 1994, depois da morte de seu pai, Vincent. Em 2006, foi considerada a melhor enóloga de vinhos brancos do mundo pela revista Decanter.

Indicações geográficas neozelandesas

O governo da Nova Zelândia pretende introduzir o sistema de Indicações Geográficas (IG) nas regiões vitivinícolas do país. “Ser capaz de registrar as indicações geográficas dos vinhos aqui vai fazer com que os produtores as reforcem e também vai fazer com que os exportadores protejam essas indicações nos mercados estrangeiros”, afirmou o ministro do comercio neozelandês, Tim Groser. Com a medida, regiões já famosas como Marlborough e Hawke’s Bay, por exemplo, terão reconhecimento legal. A lei deve entrar em vigor no final deste ano.

Seis garrafas de Bordeaux por segundo

De acordo com um levantamento do Conselho de Vinhos de Bordeaux, a região vendeu 685 milhões de garrafas em 2014, o que gerou uma receita de US$ 3,98 bilhões. 58% disso foi consumido na França e o restante exportado. Isso significa que seis garrafas de Bordeaux são vendidas por segundo nos supermercados franceses. Os maiores mercados exportadores foram a China (com 36,6 milhões de litros), seguida por Alemanha (28,8 milhões), Bélgica (23,4 milhões), Grã-Bretanha (19,7 milhões) e Estados Unidos (17,6 milhões). Em valores, a China também está na frente com US$ 236 milhões, seguida por Hong Kong (US$ 228 milhões), Grã-Bretanha (US$ 213 milhões), Estados Unidos (US$ 190 milhões) e Alemanha (US$ 117 milhões).

Bichot

Um dos maiores proprietários de vinhedos da Borgonha, o Domaine Albert Bichot possui sob sua administração mais de 300 hectares, sendo 120 próprios. Deste total, 20% são Grand Cru e Premier Cru, 30% Villages e o restante sob a denominação genérica Borgonha. Além disso, possui quatro monopólios. Apesar do extenso portfólio, seus vinhos têm muita consistência e qualidade, segundo o diretor de exportações Christian Ciamos, pelo fato de vinificarem as uvas de cada localidade em vinícolas próprias, com corpo de enólogos independentes, ou seja, focados e conhecedores do terroir de cada local. ADEGA selecionou alguns dos destaques de uma degustação descontraída.

AD 92 pontos
ALBERT BICHOT NUITS-SAINT-GEORGES 2008
Albert Bichot, Borgonha, França (Winebrands R$ 419). Estágio de um ano em barricas de carvalho francês, sendo 35% novas. Nariz exuberante, um misto de cogumelos, cerejas, ameixas, que se confirmam na boca, tudo escoltado por vibrante e deliciosa acidez. Delicado, fresco, com ótima tensão e textura de taninos. Tem final longo e persistente, aliando sutileza e intensidade. Álcool 13%. EM

AD 94 pontos
ALBERT BICHOT VOSNE-ROMANÉE 2012
Albert Bichot, Borgonha, França (Winebrands R$ 584). Estágio de um ano em barricas de carvalho francês, sendo 40% novas. Mostra fruta de excelente qualidade, lembrando groselhas, framboesas e cerejas, acompanhados de traços de terra e de cogumelos, além de cativantes toques florais. Ainda jovem, exuberante e cheio de vivacidade. Uma delícia, própria definição do que é ser delicado e intenso ao mesmo tempo. Álcool 13%. EM

AD 93 pontos
DOMAINE LONG-DEPAQUIT CHABLIS PREMIER CRU LES VACOUPINS 2011
Albert Bichot, Borgonha, França (Winebrands R$ 324). Um dos poucos Premier Cru situados na margem direita, próximo aos Grand Cru de Chablis. 15% do vinho fermenta em barricas de carvalho. Austero, esbanja frescor e acidez vibrante, mas acompanhada por certa cremosidade e untuosidade. Tem final longo e profundo, com toques salinos. Álcool 13%. EM

Brancos também são saudáveis

Durante muitos anos, os pesquisadores afirmaram que os vinhos tintos possuíam mais benefícios à saúde do que os brancos, basicamente por conterem mais polifenois, já que muitos desses compostos estão na casca das uvas e se desprendem durante a maceração. No entanto, recentemente, um estudo da Universidade de Turim em conjunto com outras instituições de saúde italianas mostrou que os brancos não servem apenas como “aperitivo” e podem ter os mesmos benefícios cardiovasculares que os tintos. A pesquisa concentrou-se na ação do ácido caféico, encontrado tanto em brancos quanto em tintos em proporção semelhante. Antes, porém, vale dizer que uma das hipóteses da ligação entre vinho e o baixo risco de doenças cardiovasculares está no fato de os polifenois encorajarem os vasos sanguíneos a produzirem mais óxido nítrico, que é um vaso dilatador, e também fazerem com que as plaquetas sejam menos pegajosas, reduzindo o risco de placas arteriais. Geralmente, o oxigênio no sangue reage com o óxido nítrico, fazendo com que seu efeito seja curto. Aí entra o ácido caféico, que protege esse óxido e estimula as células a produzirem mais desse composto.

Pinot sobrevivente

Um estudo do Dr. Andrew Geering, da Universidade de Queensland, na Austrália, revelou que algumas das variedades de uva encontradas atualmente são verdadeiras sobreviventes, tendo combatido ataques de vírus há séculos. A Pinot Noir, por exemplo, deve sua sobrevivência à capacidade de assimilar o DNA de vírus mortos em seus genes e evoluir com isso. Segundo Geering, a Pinot contém material de genético de vírus de mais de 30 milhões de anos. “Normalmente, os indivíduos adquirem novo DNA via reprodução sexual. O que observamos é uma transferência horizontal de genes, em que a planta adquiriu DNA de um organismo muito distante, similar ao que vemos na engenharia genética”, afirmou o cientista.

Calorias

Em dezembro deste ano, todas as cadeias de restaurantes dos Estados Unidos terão de apontar o número de calorias nos vinhos servidos. Uma guia da FDA (órgão que regula remédios e alimentos no país), que já obrigava os estabelecimentos a estimar o valor calórico dos alimentos nos cardápios desde 2011, agora também vai se estender às bebidas alcoólicas. A regra, porém, não obriga os produtores a colocarem essas informações nos rótulos, apenas diz que os restaurantes devem indicar os valores e, para isso, eles precisam ter alguma base. Acredita-se que a maioria dos vinhos contenha de 120 a 130 calorias por taça de 150 ml.

Aproveitando o feriado

No dia 21 de abril, feriado de Tiradentes, ocorreu a edição São Paulo do Encontro de Vinhos, organizado pelos blogueiros Beto Duarte e Daniel Perches. O projeto, que começou aproveitando a força da Expovinis, cresceu e ganhou brilho próprio nos últimos anos, tornando-se um circuito que percorre o Brasil. Neste ano, mais de 1.100 pessoas tiraram o dia para degustar (e comprar) vinhos diretamente de 30 vinícolas e importadoras. Os cinco food trucks e até um tatuador que fazia tatuagens com motivos de vinho deram um toque especial ao encontro.

Chile passando por Bordeaux

Em março, autoridades de Taiwan fizeram uma batida em uma empresa de importação do país e encontraram 30 mil garrafas de vinho falsificado, assim como equipamentos de impressão. Segundo os investigadores, o dono da empresa Ted Lin importava vinho a granel do Chile e da Espanha e os rotulava como Bordeaux de estirpe. Acredita-se que, desde 2010, ele tenha vendido mais de 440 mil garrafas falsificadas com lucro que chega a mais de US$ 3 milhões. Para tentar dar ares de legitimidade ao negócio, Lin também importava vinhos caros da França.

Biografia

O narrador esportivo e produtor de vinhos na Campanha Gaúcha e na Toscana, Galvão Bueno resolveu lançar uma biografia contando curiosidades de sua vida e do esporte brasileiro. A obra com as memórias de Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno foi escrita em parceria com o jornalista Ingo Ostrovsky e é intitulada “Fala, Galvão!”. O lançamento ocorreu em abril.

Bar católico

Pode soar estranho, mas a diocese da cidade de Lille, na França, resolveu abrir um bar para atrair a juventude ao catolicismo. O Bar Le Comptoir de Cana (nome dado em referência à famosa festa na qual Jesus transformou água em vinho) foi aberto em março, com financiamento da própria igreja, e já vem atraindo “fiéis”. Além do serviço normal de bartender, os frequentadores podem conversar com o atendente (membro da igreja) sempre que precisarem. A senha do wifi é Deo Gratias (obrigado Deus), o vinho da casa se chama Madonna e as cervejas são todas de mosteiros trapistas.

Hautvillers aberta

Enfim o público vai poder visitar a abadia de Hautvillers, casa do famoso monge Dom Pérignon até 1715. No entanto, as visitas guiadas, que poderão ocorrer entre junho e outubro, não serão baratas e cada visitante terá de desembolsar 600 euros. Além de ver a abadia, o público poderá degustar seis Champagnes da Moët & Chandon, proprietários do terreno, entre eles algumas cuvées históricas. Até então, apenas a igreja da abadia, chamada de Saint-Sindulphe, era aberta à visitação.

Diplomacia italiana

Em sua visita ao presidente Barack Obama em abril, o primeiro ministro italiano, Matteo Renzi, decidiu “lubrificar” a conversa com alguns grandes vinhos de seu país. Ele presenteou o líder norte-americano com quatro garrafas: Sassicaia, Ornellaia, Tignanello e Mastrojanni Brunello di Montalcino. A tática parece ter dado certo e Obama logo brincou: “Seria uma ofensa não prová-los, mesmo que para estabelecer fortes laços comerciais: vou apresentar um relatório sobre a qualidade do vinho toscano que esperamos”. Renzi sabe que a política de boa vizinhança com os Estados Unidos deve ser mantida, já que este é o maior mercado de exportação para os vinhos italianos, tendo atingido US$ 1,1 bilhão em 2014.

Os primeiros!

Segundo um levantamento da Agrifrance, os Estados Unidos tomaram a liderança no consumo de vinho no mundo, superando a França e a Itália, com média de 12 litros per capita ao ano. A pesquisa mostra ainda que o consumo caiu 13,8% ao todo no planeta desde 1980 e, segundo dados de 2013, está em 239 milhões de hectolitros. Apesar da liderança norte-americana, a Europa, como um todo, representa 50% do consumo total. O estudo revelou também que as exportações dobraram nos últimos 20 anos, com a Europa mandando para fora 58% da sua produção.

Farejando a filoxera

Uma pesquisadora da Universidade de Melbourne resolveu treinar cães farejadores para detectar pestes e doenças nos vinhedos, incluindo a famosa filoxera. Sonja Needs, que além de cientista é viticultora, está liderando a pesquisa e acredita que qualquer cão pode ser treinado para a tarefa. “Uma vez que eles estejam treinados em detectar, é muito simples lhes dar outro aroma e fazê-los trabalhar. É uma atividade divertida para eles”, afirma. Sonja espera que a pesquisa revele em qual estágio os cães podem farejar a filoxera e, com isso, ter um diagnostico precoce. “Quero ver a qual profundidade podem chegar, pois a filoxera está nas raízes das plantas dentro do solo”, disse.

Disputa de rappers e Champagne

Um boato no mundo da música rap afirma que o artista Kanye está planejando lançar uma marca própria de Champagne para concorrer com seu colega Jay-Z, que recentemente comprou Armand de Brignac. Acredita-se que a nova marca se chamará Yeezus Juice, nome do último álbum do rapper. “Ele quer realmente investir nisso. É um investimento sério”, afirmou uma fonte. Dinheiro parece não ser problema para Kanye, que no ano passado alugou o estádio do San Francisco Giants e contratou uma orquestra apenas para pedir sua atual esposa, Kim Kardashian, em casamento.

As mais poderosas

A Liv-ex divulgou sua lista das marcas de vinho mais poderosas em 2014. Elas representam as empresas que tiveram maior valor de mercado nos últimos 12 meses, além de outros quatro critérios que envolvem, entre outras coisas, pontuação dos rótulos nas últimas safras, preço médio por garrafa etc. Entre as 10 primeiras colocadas, apenas uma não é francesa, Sassicaia, em terceiro lugar. O líder é novamente o Château Pavie, que já havia sido o primeiro no ano passado. Em seguida vem Cheval Blanc. Depois, do quarto ao décimo lugar vêm: Domaine de la Romanée-Conti, Haut Brion, Pétrus, Mouton Rothschild, Guigal, Latour e Yquem.

Don Ruinart original

Segundo o chef de cave, Frédéric Panaîotis, a casa de Champagne Dom Ruinart está em busca de garrafas das safras inaugurais de seu Blanc de Blancs (1959) e também do Rosé (1966). O apelo veio logo após 24 garrafas da safra 1929 (que comemora o bicentenário da empresa fundada em 1729) terem sido descobertas com um mercador da Alsácia. As garrafas seriam usadas nas comemorações de datas importantes para o produtor. Até então, Ruinart não possuía nenhuma garrafa de antes II Guerra Mundial, já que suas caves foram quase que completamente saqueadas por nazistas.

ABS-SP

Na quinta-feira, 9 de abril, a ABS-SP em assembleia elegeu o presidente para o triênio 2015-2018. O escolhido foi Arthur Azevedo, um dos nomes mais conceituados do mercado e que chega ao cargo pela terceira vez. Ele sucede a  Mario Telles Jr., que será o novo diretor de cursos. José Luiz Borges permanece como vice-presidente. “Graças ao esforço de uma equipe coesa e compromissada, atingimos um patamar de excelência, e o desafio será manter esse padrão de qualidade em tempos difíceis, os atuais e os que se avizinham. Agradeço aos sócios da ABS-SP a confiança depositada em nossa diretoria e, tenham certeza, trabalharemos arduamente para honrar essa confiança em cada dia dos próximos três anos”, afirmou Azevedo.

CV no rótulo

Uma jovem húngara, com ajuda de um amigo designer, conseguiu uma vaga de emprego ao escrever seu currículo no formato de um rótulo de vinho. Bernadett Baji resolveu aceitar a sugestão de seu colega designer Miklos Kiss e montar seu CV como se fosse um rótulo de vinho. Kiss criou uma logomarca com “B&B”, as iniciais do nome da amiga e colocou todas as outras informações importantes no contrarrótulo. A ideia deu certo e Bernadett foi contratada por uma empresa de distribuição de vinhos para o seu departamento de marketing.

Mercado não lucrativo

Segundo especialistas e investidores, apesar de ter movido 720 milhões de libras no ano passado, o mercado de vinhos on-line no Reino Unido não é lucrativo. Mesmo com as vendas tendo aumentado 40% durante o ano, o mercado registrou 3,3% de perdas. De acordo com o analista Tim Wilson, o problema está nos custos de entrega, que podem chegar a 10 libras por caixa. O mercado de vinhos on-line no país representa hoje cerca de 11% do total de vendas.

Margaux branco

Segundo seu diretor, Paul Pontalier, o Château Margaux está pensando em lançar um vinho branco com o mesmo nome de seu principal tinto. Até hoje, a propriedade bordalesa faz um Sauvignon Blanc chamado Pavillon Blanc, mesmo nome do segundo vinho do Château (Pavillon Rouge). No entanto, depois de provar a safra 2014 de seu branco ainda em barricas, Pontalier afirmou que um Château Margaux Blanc está nos planos. “Foram condições excepcionais para os brancos”, afirmou. Não seria, contudo, a primeira vez que Margaux faria um branco rotulado dessa forma, já que, antes de 1920, quando passou a produzir o Pavillon Blanc, os brancos da propriedade levavam o nome de Château Margaux Blanc.

Caso de polícia

O enólogo australiano Trevor Jones, de 57 anos, está sendo acusado de danificar a propriedade de Kellermeister, em Barossa Valley, fundada por seus pais em 1976 e vendida a Mark Pearce em 2012. Jones teria entrado na vinícola em fevereiro e aberto quatro tanques de Chardonnay. “Tivemos sorte de os principais tintos não terem sido afetados. As perdas poderiam ter sido bem piores”, comentou Pearce. Jones, que fundou a Trevor Jones Fine Wines em 2010, vizinha à antiga propriedade dos pais, deve ser julgado em junho.

Descanso merecido

Uma discussão sobre o tempo que um Champagne deve “descansar” depois do dégorgement (quando as leveduras são expulsas e a rolha é colocada) e antes de ser vendida tem sido levantada recentemente entre os produtores. Atualmente, não existe uma regra e as garrafas podem ir imediatamente ao mercado. Contudo, muitas casas deixam o líquido descansar depois do processo. O chef de cave da Roederer, Jean-Baptiste Lecaillon, acredita que esse tempo de descanso é benéfico. “Nossa experiência mostra que, um mínimo de três meses após o período de dégorgement, é muito bom para o vinho, permitindo-o se ‘recuperar’ do processo”, afirma. Diversos outros produtores também já aderiram à prática de apontar a data do dégorgement no rótulo. No entanto, esse tempo de “descanso” e sua duração são polêmicos e, apesar da discussão, ainda não estão na pauta para uma possível mudança de regras.

Pequenas Partilhas

A linha Pequenas Partilhas da Vinícola Aurora agora é internacional e se transformou em Pequenas Partilhas Notáveis da América. Ela é composta por quatro vinhos varietais, elaborados com uvas ícones dos respectivos países produtores: Malbec da Argentina, Carménère do Chile, Tannat do Uruguai, além do já consagrado Cabernet  Franc da Serra Gaúcha. Os vinhos são elaborados pelos enólogos da Aurora em parceria com as vinícolas estrangeiras: Finca Agostino (Mendoza, Argentina), Gimenez Mendez (Las Brujas, Canelones, Uruguai) e De Aguirre (Vale do Maule, Chile).

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