Imprensa Internacional

por Edgar Rechtschaffen

Marcelo Copello
Vinícola no Douro substitui homens por robôs nos lagares

ADEUS À PISA EM LAGARES
Durante 300 anos, no Douro (Portugal), as uvas na produção do vinho do Porto são esmagadas pelo processo da pisa humana, em lagares de pedra. Agora, a Symington Family Estates (Dow, Graham, Campbell, Warre, Quinta do Vesúvio) está substituindo esta prática artesanal por lagares robóticos: num enorme tanque de aço inox, quatro grandes blocos, também de inox, e cobertos por silicone (material bastante em moda), simulam a ação de duas carreiras das alegres e cantantes pessoas. Uma das razões alegadas é que com a ascensão econômica do norte de Portugal, ficou cada vez mais difícil encontrar pessoas dispostas a esta tarefa sazonal, que, além do mais, para minimizar a temperatura, desenrola-se no meio da noite. Também, ao que parece, os pés de silicone são melhores que os humanos para promover um esmagamento mais suave e uma extração mais uniforme. Só falta o canto folclórico.

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ÓLEO GOURMET
Um casal empreendedor encontrou ouro num dos lixões de resíduos orgânicos oriundos do processo de produção de vinho. No município de Prosser, no estado de Washington, EUA, Lorin e Eric Leber criaram a empresa Après Vin (após vinho, em francês), dedicada à produção de óleo de caroço de uva. O óleo é produzido numa fábrica de processamento de frutas, situada no baixo Yakima Valley. Uma recente degustação foi iniciada da seguinte maneira: “Iniciaremos com o bastante sutil óleo da Riesling, para então, passar pela delicada Chardonnay, e, então, apreciarmos o mais marcante e encorpado Merlot”. O casal Leber tem um projeto ambicioso: Competir com óleos europeus mais baratos, geralmente resultado de assemblages neutras, através da produção de óleos varietais, com aromas e sabores característicos.
Fonte: Reuters

divulgação
Stag‘s Leap: US$185 milhões

FAMOSA VINÍCOLA VENDIDA
A vinícola que catapultou o vinho Cabernet Sauvignon do Napa Valey para o mesmo patamar que o de Bordeaux deixou de ser uma empresa privada. O ex-acadêmico de Chicago, Warren Winiarki, cujo “Stag’s Leap Cabernet Sauvignon 1973” foi o primeiro colocado, à frente dos Premier Grand Crus de Bordeaux, no “Embate de Paris, 1976”, surpreendeu a comunidade do vinho ao noticiar a venda do Stag’s Leap para uma joint venture do grupo italiano Antinori, com a Ste. Michele Wine Estates, por US$ 185 milhões. A transação incluiu, além da vinícola e de suas diversas marcas, 200 acres (81 ha) de vinhedos. “ Este dia mescla tristeza e alegria. Mas assegura a continuidade”, declarou Winiarski.
Fonte: San Francisco Chronicle


PARA DEGUSTADORES E ENÓFILOS
Jocilyn Pope/Stock.Xchng
Até o fim de setembro, o marcante aroma do vinho Syrah, remetendo à pimenta preta, era uma característica misteriosa sobre a qual qualquer vinhedo poderia construir uma bela reputação. Ocorre que, a partir de agora, o gosto do vinho Shiraz pode ser explicado pela presença de um único e potente composto, de acordo com resultado de pesquisa desenvolvida, por oito anos, pelo Australian Wine Research Institute (AWRI). Trata-se do importante componente aromático chamado Rotundone, previamente encontrado na semente de nutgrass (junça, carriço - família das ciperáceas - cyperus hydra). Este componente foi identificado nas uvas e no vinho. Mas, segundo Allan Polnitz, pesquisador chefe do AWRI, “o aroma sempre foi encontrado em alguns Shiraz, mas não em outros, e em algumas regiões, mesmo em algumas safras, mas não em outras”. O resultado já era conhecido no ano passado, mas foi mantido sob sigilo enquanto se assegurava o privilégio de patentes. “A descoberta pode ajudar na produção de vinhos melhores e mais baratos (pela adição de algum composto)”, declarou o Dr. Jamie Goodle, autor do livro The Science of Wine.

ROTHSCHILD X ROTHSCHILD
Em 6 de agosto, aos 90 anos, faleceu o Baron Elie de Rothschild. Ele ficou conhecido no mundo do vinho por ter retomado o controle do Chateau Lafite e revivido seu vinho, em 1946, que sua família judia havia perdido durante a ocupação nazista da França. Elie de Rothschild passou a administração do Chateau Lafite a seu sobrinho, Eric de Rothschild, em 1974. O falecimento de Elie traz à memória uma longa disputa travada por ele contra seu primo, o Baron Phillippe de Rothschild, que também retomara sua propriedade Mouton Rothschild após a ocupação nazista. Por três décadas, Phillippe tentou de tudo para conseguir elevar o status de seu vinho, o Mouton Rothschild, de Second para Premier Grand Cru Classé, a maior distinção conferida pelo Classement de 1855. Nesta sua cruzada, sofreu ferrenha oposição dos quatro detentores desta maior distinção (Ch. Latour,Ch. Lafite, Ch. Margaux e Ch. Haut-Brion), entre eles seu primo Elie, já que o classement tinha caráter pétreo. O esforço de Phillippe teve êxito em setembro de 1973, com a assinatura de decreto do então ministro da agricultura Jacques Chirac (futuro e ex-presidente da França). Atualmente, o web-site de Lafite rememora o episódio como uma “disputa saudável”.

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