Notícias do exterior

por Edgar Rechtschaffen

GUERRA NO PAÍS DA ROLHA
Miguel Champalimaud, um dos top produtores portugueses de vinho, proprietário do renomado Quinta do Cotto, acaba de anunciar que está substituindo as tradicionais rolhas de cortiça por cápsulas de alumínio, causando alarme no país líder de produção de rolhas, com vendas anuais da ordem de 1 bilhão de Euros. Críticos acusaram Champalimaud de antipatriotismo. A razão alegada não é qualitativa (eliminar a incidência de TCA- cheiro de mofo), mas sim econômica: "Nós chegamos a uma situação em que o custo de uma rolha (de boa qualidade) excede o custo do vinho. Tornamo-nos vendedores de rolhas". E Champalimaud conclui: "Economizaremos 0,20 Euros (US$ 0,25) por garrafa", assim anunciou a Reuters. A ação parece, veladamente, refletir um conflito entre as famílias Champalimaud e os Amorim, partícipes majoritários da indústria da cortiça e seus derivados.

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Provina/divulgaçãoDO IT YOURSELF I
A Provina Inc, de San Jose, CA, acaba de lançar o Wine Pod, um equipamento hightech que promete converter qualquer enófilo em um competente enólogo. Previsto para liberação em julho 2006, o Wine Pod incorpora uma completa vinícola: desengaço, prensagem, fermentação, filtragem etc. Pelo preço de US$ 1999, é um pouco mais barato do que comprar uma vinícola. O equipamento não ocupa muito espaço (125 cm de altura), tendo a forma de um ovo gigante.

As partes que entram em contato com o mosto são feitas em aço inox. A tecnologia incorporada possui, inclusive, sensores de controle remoto que, através de um software específico, controlam, com incrível precisão, as condições físico/químicas da fermentação, extração, cor e acidez. Claro, para um toque de aromas de torrefação e baunilha, há previsão para adição de cavacos de carvalho francês, americano ou húngaro. Ah, e a matéria-prima? Bem, a partir de US$ 4,40 por quilo, o usuário tem a opção de encomendar uvas (Cabernet Sauvignon de boa qualidade) pela internet, para entrega na manhã seguinte, numa região específica da Califórnia.

Convém lembrar que com 72 kg de uvas produz-se 60 garrafas (750 ml) de vinho. Provina/divulgação Para o engarrafamento, pode-se ainda comprar uma máquina manual por US$ 100. Segundo o jornal S. Francisco Chronicle, o fabricante, Greg Snell, alega que o Wine Pod é mais sofisticado que 99% das vinícolas do mundo: "Ele virtualmente elimina os possíveis erros que podem acontecer na produção de um vinho". E se for mesmo como Snell afirma, enólogos do mundo, cuidai-vos!

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fotos: M.J., Katia Grimmer-Laversanne e Gabriele Bianco/Stock.XchngDO IT YOURSELF II
O ministro da Ciência do Reino Unido, Lord Sainsbury of Turville, acaba de adquirir por US$ 600 mil um vinhedo, em Vosne-Romanée, Borgonha, tendo contratado os serviços do respeitado Jeremy Seysses (Domaine Dujac) como enólogo e consultor. Lord Sainsbury espera produzir vinho fino dentro de dois anos. Como informado pela Decanter, o vinhedo tem capacidade para produzir 400 garrafas/ ano, tudo para seu consumo privado. Mas Lord Sainsbury tranqüilamente pode pagar tal capricho, pois é um dos controladores da maior rede de supermercados do Reino Unido, e que aliás leva o nome de sua família.

Marcelo CopelloGENOMA DA PINOT NOIR
Cientistas no San Michelle all'Adige Institute, em Trentino, juntamente com a Myriad Genetics, dos EUA, são os pioneiros no mundo em ter decodificado o genoma da Pinot Noir. O diretor do projeto, Ricardo Velasco, declarou a decanter.com: "O vinho teve uma enorme importância para a cultura humana por mais de 3000 anos, mas sua biodiversidade mal foi explorada. A Pinot Noir apresenta 19 cromossomos, contendo ao redor de 500 milhões de nucleotídeos - blocos constituintes do DNA - e que por sua vez são os portadores das informações hereditárias". Depois do arroz, a Pinot Noir é o segundo produto agrícola a ter seu código genético desvendado. Os cientistas esperam desenvolver vinhas melhor adaptáveis a condições climáticas específicas, enquanto também mais resistentes a doenças, com redução do uso de pesticidas.

AZEITE EXTRA -VIRGEM
A conceituada revista Merum, editada na Basiléia, dedicada aos vinhos e azeites finos italianos, acaba de lançar um manifesto dirigido às autoridades e legisladores da Comunidade Européia (CE) e ao Conselho Internacional do Azeite (IOOC), clamando por normas reguladoras (moralizadoras) do comércio de azeite extra-virgem. Em parte, por razões semelhantes às que culminaram com o advento das AOC's (Apelações de Origem Controlada), na França, no início do século passado.

A Merum apóia-se no incontestável fato de que o azeite extra-virgem nativo está disponível em quantidades limitadas, ao passo que o consumidor praticamente só encontra esse tipo de azeite nas gôndolas dos mercados. E afirma que, sem uma ação concertada, maciça, enganosa e fraudulenta por parte dos grandes engarrafadores e produtores, isso não seria possível. O manifesto propõe a introdução de legislação que permita controlar:
- Honestidade nas informações constantes nos rótulos e contra-rótulos;
- Transparência sobre a procedência e variedades dos frutos;
- Painéis para degustação sensorial, com classificação olfativa e gustativa de cada produto;
- Informe da safra (no caso dos vinhos);
- Data de engarrafamento;
- Informe detalhado dos polifenóis contidos no produto;
- Adoção de novos procedimentos para análise.

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