Os melhores vinhos

Saiba como ler uma tabela de safras das principais regiões do mundo

A tabela de safras fornece um guia de referência rápida para consumidores conhecerem a qualidade geral dos vinhos produzidos nas principais regiões do mundo

As tabelas de safra levam em consideração diversos pontos que influenciam diretamente no amadurecimento das uvas e na qualidade do vinho - Casa Valduga
As tabelas de safra levam em consideração diversos pontos que influenciam diretamente no amadurecimento das uvas e na qualidade do vinho - Casa Valduga

por Arnaldo Grizzo e Eduardo Milan

A tabela de safras é uma representação gráfica que resume a qualidade geral e as características das safras de vinho para uma determinada região vinícola ou variedade de uva durante os anos. Ela fornece um guia de referência rápida para consumidores compreenderem a qualidade geral e as características dos vinhos produzidos em diferentes anos. 

Para chegar a isso, as tabelas de safra levam em consideração diversos pontos. Em primeiro lugar, as condições climáticas, pois influenciam diretamente no amadurecimento das uvas e na qualidade do vinho.

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Depois, avaliações qualitativas dos vinhos, que levam em consideração equilíbrio e potencial de envelhecimento, pois espera-se que vinhos de safras excelentes envelheçam bem e desenvolvam sabores complexos ao longo do tempo. 

Sendo assim, as tabelas de safra oferecem orientações valiosas na seleção de vinhos, porque pode ser usada como uma ferramenta para tomar decisões sobre quais safras procurar, especialmente se estiver pensando em armazenar ou investir em vinhos. Sendo assim, é importante saber como interpretar as informações.

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Como ler uma tabela?

Para parametrizar nossa tabela de safras, levamos em consideração não somente as avaliações de ADEGA, mas de diversos críticos conceituados ao redor do mundo, além de relatórios de safras das mais diversas regiões. Ainda assim é interessante compreender alguns pontos quando se avalia uma safra. Confira.

    1. Por que uma safra é considerada ótima e outra ruim? 
      Em geral, uma safra ótima é aquela em que tudo está no lugar certo, ou seja, o clima geral da região foi equilibrado e sem extremos, com temperaturas nem muito quentes e nem muito frias, sem chuvas excessivas antes ou durante a colheita, ou escassas durante o período vegetativo. Sem geadas, neve e ou granizo na época de brotação. Além disso, a quantidade de avaliações positivas de diversos críticos é uma confirmação da qualidade de uma determinada safra no decorrer do tempo. Ou seja, são uma confirmação de que tudo estava no lugar certo naquele ano. Já uma safra ruim é resumidamente aquele ano em que um ou mais fatores climáticos de complicação acontecem e dificultam a produção. Exemplo de dicionário de safra ótima foi a de 2018 no Chile, segundo 10 entre 10 enólogos chilenos, e um exemplo de safra ruim é a de 2017, que assolou com geadas grande número de regiões vinícolas europeias, especialmente na Itália.
    2. Uma safra considerada ótima numa determinada região significa que todos os vinhos nela produzidos serão ótimos também? 
      Uma safra ótima é uma indicação e uma maior probabilidade de que os vinhos tenham mais qualidade, independentemente de produtor, pois, pelas condições ideais de clima, a qualidade das uvas tem um nível mais alto em geral.
    3. Qual a importância do produtor? 
      A importância de um produtor é fundamental. Em safras ótimas, os vinhos dos produtores considerados excepcionais tendem a ser os melhores elaborados e também os mais longevos, com maior aptidão de vencerem o tempo. E em safras ruins, por terem mais cuidado e critérios tanto no cultivo quanto na produção, eles conseguem lidar melhor com as adversidades, elaborando vinhos de qualidade acima da média mesmo nos anos mais difíceis. Nessas safras, tem-se a melhor oportunidade de conhecer vinhos de produtores renomados, pois eles tendem a ser um pouco “menos disputados” e os preços podem ser mais acessíveis.
    4. Como o produtor pode driblar condições adversas para ter mais consistência e muitas vezes vinhos acima da média quando comparados à qualidade média de uma safra considerada inferior? 
      Em anos considerados mais quentes, é comum os bons produtores terem um cuidado ainda maior com a data de colheita, muitas vezes adiantando-a para obter fruta madura no ponto certo, sem traços de sobremadurez ou de fruta cozida. Em anos mais frios, é feito o oposto. Em anos com chuvas localizadas no período anterior ou durante a colheita, buscam-se janelas de oportunidade – às vezes, pequenas – para ter a fruta mais sã e menos “diluída” possível, sem perder o foco na maturação correta, para não obter vinhos com traços de “verdor”. A expertise do produtor é crucial para adaptar-se a cada safra.
    5. Impacto nas características dos vinhos 
      Geralmente nas safras consideradas mais fracas, os vinhos bem elaborados costumam ter menos longevidade, mas, por outro lado, tendem a ser mais acessíveis quando jovens. Nas safras consideradas ótimas, com as condições climatológicas ideais, alguns produtores tendem a ter mais pretensão na elaboração de seus vinhos, o que pode gerar rótulos mais exuberantes e estruturados e que, por vezes, necessitam de mais tempo de guarda para mostrarem seu potencial. Porém, algumas vezes no afã de fazer algo excepcional, o produtor acaba por fazer vinhos desequilibrados, seja pelo excesso de álcool, de sobremadurez, de estrutura e pela carência de acidez e/ou sensação de frescor.
    6. De que tipos de vinhos estamos falando? 
      Uma tabela de safras dá uma noção geral da qualidade dos vinhos de um determinado ano em uma região. Mas que vinhos seriam esses? O foco aqui definitivamente não serão os vinhos do dia a dia, de consumo rápido. Esses obviamente também se beneficiarão de uma safra melhor, pois entregarão mais qualidade. Contudo, os vinhos que mais se beneficiarão de melhores condições serão os topos de gama, com capacidade para evoluir. Ou seja, não espere que um vinho básico, mesmo de uma boa safra, apresente-se fenomenal muitos anos após.

A nossa tabela

Além da nossa própria expertise na avaliação de vinhos, para parametrizar nossa tabela de safras, ADEGA leva em consideração avaliações de diversos críticos e publicações consagradas do mundo, “pesando” obviamente aqueles que possuem mais afinidades com determinadas regiões na hora de avaliá-las. Isso quer dizer, por exemplo, que as impressões do jornalista chileno Patricio Tapia sobre as safras no Chile são levadas mais em consideração do que as de críticos europeus.

Sendo assim, elencamos os países e, dentro de alguns deles, também as principais regiões. Mas vale lembrar que mesmo fazendo essas subdivisões, pode haver variações em regiões específicas. Ou seja, mesmo em uma safra considerada boa para a margem esquerda de Bordeaux, talvez algum fator climático específico possa ter complicado a colheita em Pauillac, por exemplo. Sendo assim, é sempre interessante buscar referências específicas de produtores.

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