Tensão em Bordeaux

Um dos principais comerciantes de vinho de Bordeaux é acusado de fraude

por Redação

Promotores franceses estão acusando a empresa Grands Vins de Gironde (GVG), que pertence à família Castéja, um dos principais negociantes de vinho de Bordeaux, de fraude. Os promotores alegam que a GVG misturou ilegalmente vinhos de denominações de origem com vinho de mesa, além de vinhos de denominações mistas, safras e châteaux.

A juíza Caroline Baret declarou que a investigação revelou que pelo menos 611.900 litros de vinho (o equivalente a 68.000 caixas) no valor de US$ 1,6 milhões foram rotulados erroneamente entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2015. Foi solicitada uma multa de US$ 614.000 para a GVG e de US$ 12.000 para Eric Marin, exdiretor de compras da empresa.

Os investigadores foram alertados sobre a fraude durante uma auditoria de rotina nas caves da GVG em St.-Loubès, na margem direita de Bordeaux, em 2014. Eles descobriram que Borie Manoux, uma empresa négociant também pertencente à família Castéja, que usa a cave da
GVG, tinha perdido 200.000 litros de vinho, enquanto a GVG havia ganho misteriosamente 220.000 litros.

Eric Marin disse ao tribunal que havia avisado os inspetores que os tanques da GVG não estavam rotulados corretamente naquele dia, pois o movimento era intenso e a equipe estava instruída a trocar os rótulos apenas duas vezes por semana.

No entanto, os investigadores afirmam que as cubas foram preenchidas com vinhos diferentes ou então estavam completamente erradas. Entre os exemplos, eles citam vinhos de mesa franceses que foram colocados como Pays d’Oc IGP; vinhos Languedoc que foram misturados em cubas de Bordeaux; um Bordeaux 2011 que foi vendido como Bordeaux 2012 etc.

A promotoria contou que Marin confessou à polícia que não podia mais dormir à noite devido ao estresse causado pela atividade ilícita. Ele disse que os tanques precisavam ser mantidos sempre cheios para proteger o vinho da oxidação, então eles adicionaram vinhos de outras origens e safras. Marin não é acusado de lucrar pessoalmente com a fraude. Ele disse ao tribunal que a gerência da empresa não estava ciente das ilicitudes.

A promotora Anne Kayanakis, porém, contesta: “Duvido que a hierarquia não estivesse ciente dessas práticas. Mas vamos supor que não estava ciente... Eles cobriram os olhos. Não imagino por um segundo que a empresa não estava preocupada com a qualidade, o cumprimento dos regulamentos e a adaptação de um novo diretor de compras e gerente de empresa ao seu posto”, afirmou.

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