Azeite - entrevista

Um toque de sabor lusitano

por Marcelo Copello

Casa do Azeite/divulgação
Mariana Matos

Mariana Matos é uma portuguesa que sempre esteve ligada ao campo e à agricultura, por isso escolheu seguir a carreira de Engenheira Agrônoma. Desde 1999 está trabalhando como secretária geral da Casa do Azeite - Associação do Azeite de Portugal - uma associação privada sem fins lucrativos, fundada na década de 70, que reúne as principais marcas produtoras e embaladoras de azeite português. O objetivo da associação é a promoção do azeite de marca. Atualmente, fazem parte da Casa do Azeite cerca de 60 empresas associadas, o que representa 95% do azeite lusitano.

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Natural de Alentejo, considerada uma das principais regiões produtoras de azeite e vinho de Portugal, ela já esteve várias vezes no Brasil e além de recomendar qualquer prato de bacalhau regado a muito azeite com um belo vinho português, ela garante que a harmonização entre sorvete de baunilha com azeite de nozes e vinho do Porto forma uma sobremesa sublime!

Qual a importância do setor do azeite para Portugal?
Portugal é tradicionalmente um país exportador de azeite. A importância da dinâmica exportadora da indústria portuguesa de azeite, se traduz numa taxa de crescimento média anual de cerca de 7%, ao longo dos últimos dez anos, e na contribuição destas exportações para o equilíbrio da balança comercial portuguesa. Pode ser brevemente ilustrada pelos dados a seguir:

Peso das exportações nacionais de azeite no conjunto do volume de negócios do setor em 2005 à 30%.

Volume das exportações nacionais de azeite em 2005 à 17.500 toneladas *.

Peso do mercado brasileiro no conjunto dos mercados de destino das exportações nacionais em 2005 à 63% (ou 11.000 toneladas *).

Quota das exportações nacionais no mercado brasileiro a 45% em 2003/2004 e 46% em 2004/2005.

Valores provisórios

Como o Brasil tornou-se o país que mais importa o azeite português?
Creio que podemos apontar razões de natureza histórica e de proximidade cultural. Reza a história que quando as naus de Pedro Álvares Cabral chegaram ao Brasil, em 1500, um dos produtos que levavam a bordo era o azeite. Nesse tempo, o azeite era utilizado não só na alimentação, mas também para lubrificação de armas e equipamentos e com fins medicinais. Diz a lenda que também teria uma função "apaziguadora dos deuses do mar" e que os marinheiros deitavam uma pequena quantidade de azeite ao mar, quando havia tempestades, para acalmar a fúria dos deuses. Mas o grande desenvolvimento das relações comerciais com o Brasil, no caso do azeite, deu-se principalmente a partir dos anos 20-30 do século passado.

Quais as semelhanças entre azeite e vinho português que consegue destacar?
São ambos produtos portugueses tradicionais, de excelência. São dois dos mais emblemáticos produtos da chamada cultura mediterrânica, que tem conhecido uma enorme projeção nos últimos anos, em grande parte decorrente da "redescoberta" de um padrão alimentar considerado hoje como um dos mais saudáveis do mundo, a dieta mediterrânica. Como sabemos, esta dieta, típica dos países da bacia mediterrânica, tem o azeite como principal fonte de gordura e o consumo moderado de vinho tinto, principalmente às refeições, é igualmente recomendável.

O que acha das ações promocionais, tanto do azeite como as de vinho do Brasil?
As campanhas promocionais são extremamente importantes para estes dois produtos. Infelizmente, não conheço o trabalho que tem sido feito para os vinhos portugueses, mas acredito que será um excelente trabalho. No caso do azeite, a Casa do Azeite desenvolveu no passado uma intensa campanha publicitária e de relações públicas que foi muito eficaz, e que ajudou a manter e reforçar a imagem do azeite português e também a sua participação de mercado. Essa atividade promocional do azeite português acabou nos últimos anos, por várias dificuldades, mas estamos em condições de dizer que, brevemente, essas ações da Casa do Azeite serão retomadas.

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