Vestibular de vinhos

Todo concurso de vinho é igual? Pode parecer simples ganhar uma medalha, mas não é bem assim

por Chistian Burgos

Embora muitos menosprezem o resultado dos concursos pelo fato de os vinhos consagrados muitas vezes não participarem e pelo fato de que 30% dos vinhos recebem premiação, nada desmerece o fato de que, entre centenas – às vezes milhares – de amostras, os vinhos que se destacam o fazem deixando para trás diversos candidatos, assim como em um grande vestibular em que existe menos de uma vaga para cada três candidatos. E apesar de nossa intuição às vezes nos levar a concluir que três para um não é um grande desafio, na verdade um vinho tem que vencer centenas ou milhares de concorrentes para merecer sua projeção.

Assim como o vestibular, para muitos vinhos é uma oportunidade inicial para ganhar credibilidade ou fortalecê-la. Mas nem todos os concursos são iguais, assim como existem faculdades de primeira linha que muitas vezes garantem um bom início de carreira a seus alunos, outras não merecem sequer consideração.

No Brasil, até o momento, o Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Enologia (ABE) é o único que merece reconhecimento por sua seriedade e mesmo inovação, como é o caso do sistema informatizado que permite a cada jurado passar mais tempo avaliando e discutindo os vinhos do que marcando papéis e fazendo contas. Um sistema que chama a atenção dos jurados internacionais e que foi desenvolvido internamente pela ABE e vem sendo aprimorado ano a ano.

Com organização impecável, a 6ª edição do Concurso aconteceu em Bento Gonçalves e, por sua credibilidade, recebeu inclusive a presença de Claudia Quini, presidente da Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV) em sua primeira missão oficial. “Tenho acompanhado a evolução dos vinhos do Brasil, hoje reconhecidos no mundo inteiro. Sinto-me muito feliz em poder iniciar minha trajetória como presidente da OIV aqui”, declarou Claudia. Além dela, o júri foi formado por 45 profissionais de 11 países para avaliar 503 amostras de 17 nacionalidades.

Participar de um concurso é tanto uma oportunidade para vinhos como para os degustadores, que têm a chance de provar dezenas de vinhos em uma mesa formada por jurados de diversos países e assim trocar impressões e compreender tendências de outros mercados. Neste ano, Estados Unidos e Eslováquia foram os dois únicos países a receber Grande Medalha de Ouro ao verem seus vinhos receber mais de 93 pontos. Ainda outros 61 vinhos receberam medalha de ouro e 85 receberam medalha de prata e poderão ostentar com orgulho a medalha em sua apresentação ao mercado e ao consumidor.

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