Vinho e gastronomia de mãos dadas

Com mais de cem opções de pratos e 300 rótulos de vinho, o Fratelli Barra é boa escolha para o ritual enogastronômico

por Marcelo Copello

Fratelli Barra/divulgação
A adega é um dos locais mais disputados do restaurante

A culinária italiana não vive sem o vinho e todo vinho cresce ao acompanhar os pratos típicos da velha bota. Simples assim, bom assim. O empresário português Joaquim Moreira sabia disso ao criar, em 1988, o Fratelli, um tradicional porto seguro da comida italiana no Rio de Janeiro. Lá, cardápio e carta de vinhos sempre caminharam de mãos dadas. Ao visitar o Fratelli pude ver que isso não é apenas retórica, o chef italiano Massimo Torresan e o sommelier Damásio Aragão trabalham juntos, e de olho nos clientes. Enquanto Massimo administra um menu com mais de cem opções, mesclando o tradicional italiano com toques de criatividade e sofisticação, Damásio conhece bem os mais de 300 rótulos da carta e o gosto de seus clientes habituais.

A carta é extensa, com destaque para os rótulos italianos e portugueses. Algumas pérolas que encontrei são o “Mouchão Tonel 3-4” e o “Pago Negralada”, ambos de 1996, suas primeiras e fantásticas safras (respectivamente R$ 890 e R$ 820); o “Pera- Manca 1995”, seu melhor ano, por R$ 1.200, e cinco safras de “Barca Velha” (1978, 1981, 1991, 1995 e 1999, preços de R$ 1.100 a R$ 1.690). Algumas lacunas também foram encontradas. Amantes dos vinhos italianos podem sentir falta de pelo menos um rótulo do Friuli ou de espumantes Franciacorta.

A desproporção de tintos chamou a atenção: 221 contra 31 brancos e quatro rosados (para um cardápio com ótimos pratos de peixe). Indagado, Damásio foi honesto: “Por que ter brancos, se o cliente, mesmo com peixe, só quer tintos?”. Se por um lado não encontramos um rosé da Provence, um Sauvignon Blanc da Nova Zelândia ou da África do Sul, e de toda a França há apenas dois brancos, um Chablis e um Bordeaux, os amantes dos brancos não morrem de sede. Sugiro o italiano “Arneis 2004” de Michele Chiarlo, ou o neozelandês “Jackson Block Riesling 2002” (R$ 160 cada), com uma “Grelhada Mista de Frutos do Mar” (peixe, lagosta, camarão, polvo e lulas, por R$ 89). Ao partir para os tintos evite o “Beaujolais Fort Bertrand”, pois sendo um 2005, não estará em seu melhor momento. Notamos que os preços da carta são um pouco salgados, mas pode-se garimpar boas compras como o “Hécula 2003” (R$ 88), tinto garantido com um prato clássico como o “Paillard com Fettuccini” (R$ 36). Quem puder investir em um casamento de grande estilo peça um Hermitage (R$ 520, bom preço, acreditem), da grande safra 1998, de um grande nome, Guigal, na idade certa e perfil mais que perfeito para acompanhar o “Javali ao Molho de Especiarias com Risoto de Açafrão” (R$ 49,50).

A oferta de vinhos de sobremesa é boa (11 rótulos, 10 opções em taça), com bons preços nos “Porto Colheita Niepoort “1986 e 1988 (R$ 270 e R$ 240). Os vinhos de mesa vendidos por taça são poucos, três tintos e três brancos, todos mais simples. Um local disputado são as mesas dentro da adega. Jantar rodeado de garrafas, sendo observado por “Dom Pérignon e Cheval Blanc”, é para nenhum enófilo botar defeito.

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