O estudo, publicado na Plos One, entrevistou 102 participantes de todo o mundo
Redação Publicado em 05/02/2022, às 09h00
Pesquisa foi realizada por acadêmicos da Universidade de Lisboa
Segundo pesquisadores, além de afetar nosso humor, o vinho também pode elevar nosso estado de consciência para melhor.
Cientistas da Universidade de Lisboa, em Portugal, realizaram um estudo que descobriu que os bebedores de vinho em um ambiente do tipo bar experimentaram um aumento da consciência, ou uma maior percepção do momento presente.
O estudo, publicado na Plos One, entrevistou 102 participantes de todo o mundo sobre a sua experiência após beberem duas taças de vinho no Corkscrew Wine Bar, localizado em uma região de Lisboa frequentada por turistas. O autor principal, Rui Miguel Costa, recrutou participantes que visitavam o bar e os convidou a participar de uma pesquisa sobre como o consumo moderado de vinho tinto causa mudanças na consciência.
Dos 102 participantes, pouco mais de metade eram mulheres e a média de idade era de 35 anos. Aos participantes foram oferecidas duas taças de Quinta da Lapa Reserva Syrah 2018. Antes de beber, os participantes preencheram um questionário descrevendo a consciência relativa de si mesmos e de seus arredores, e voltaram a preencher o mesmo questionário depois de consumir a segunda taça.
“Estados alterados de consciência referem-se a desvios substanciais da consciência habitual. Entre as necessidades humanas comuns, há a busca por estados alterados de consciência agradáveis, ou seja, uma transcendência alegre temporária do estado mental comum. O consumo moderado de vinho pode ser um meio para tais alegrias, profundamente enraizado em muitas culturas humanas desde tempos imemoriais”, aponta o estudo.
Os pesquisadores analisaram os resultados do questionário usando a Escala de Avaliação dos Estados Alterados de Consciência, que visa medir desvios substanciais da consciência habitual, incluindo aumento da excitação ou prazer, intensidade da consciência do corpo, do tempo e da perspicácia. Os participantes não podiam beber outras bebidas, além de vinho e água, e não havia limite de tempo para o consumo. Também não foi permitido o uso de smartphones ou relógios, devido à interferência na percepção do tempo.
Os resultados mostraram que os participantes experimentaram melhora do humor e aumento da excitação, diminuição da consciência do tempo e aumento dos relatos de que o tempo passa mais devagar. Os pesquisadores descobriram que a idade se correlacionou diretamente com o aumento do prazer, o que significa que os participantes mais velhos relataram maiores aumentos de prazer ao beber vinho tinto, enquanto os participantes mais jovens relataram um maior fascínio pelo ambiente em que estavam bebendo. Esses resultados foram baseados nas pontuações do questionário que foram comparadas antes e depois do experimento.
Costa atribui parte desses resultados a certos mecanismos biológicos induzidos pelo álcool. Por exemplo, o etanol é um sedativo que pode retardar sua percepção do tempo e também desencadeia pequenas liberações de dopamina que podem afetar o prazer e a excitação.
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