Desaceleração do mercado norte-americano leva Treasury Wine Estates a reduzir em US$450 milhões o valor de seus ativos
Redação Publicado em 08/12/2025, às 11h00
A desaceleração persistente da demanda por vinhos nos Estados Unidos levou a Treasury Wine Estates (TWE), maior produtora australiana, a reduzir em aproximadamente US$450 milhões o valor contábil de seus ativos no país. O ajuste, anunciado ao mercado em 24 de novembro, intensifica preocupações de investidores após um ano marcado por forte desvalorização das ações.
A empresa comunicou à bolsa australiana que o goodwill de sua unidade norte-americana, estimado em cerca de A$687 milhões, será reavaliado nos resultados intermediários previstos para fevereiro.
Clique aqui e assista aos vídeos da Revista ADEGA no YouTube
A TWE também adotará projeções mais conservadoras de crescimento e alertou que o impacto final pode superar a estimativa inicial, caso o enfraquecimento da categoria persista.
A reação do mercado foi imediata: os papéis da companhia recuaram para AU$6, o menor valor em dez anos, ampliando as perdas acumuladas em 2025, quando já haviam perdido metade do valor. Em outubro, a empresa havia cancelado sua projeção de ganhos para 2026, citando incertezas relacionadas ao desempenho de Penfolds e da divisão Treasury Americas.
LEIA TAMBÉM: Melhores espumantes até R$ 400 para celebrar em dezembro
Segundo porta-voz da TWE ao The Drinks Business, o ajuste “é uma exigência contábil” e não representa perda operacional nem impacto no caixa. No entanto, demonstra deterioração contínua no fluxo de receita do grupo. No relatório anual de 2025, a companhia havia informado que uma queda de 11% ao ano nos fluxos de caixa da operação nas Américas eliminaria a margem de segurança para evitar impairments — cenário agora confirmado.
Embora marcas premium do portfólio, como Daou, Frank Family Vineyards e Matua, avancem acima da média do mercado, a empresa apontou redução nas perspectivas de crescimento de longo prazo para o segmento nos EUA. O movimento pressiona o novo CEO, Sam Fischer, que assumiu o cargo em outubro e deve apresentar impressões iniciais sobre o negócio após visitas às operações na China e nos Estados Unidos.
A revisão reacende dúvidas sobre os valores pagos em aquisições recentes, incluindo Frank Family Vineyards (US$315 milhões) e Daou (US$900 milhões), questionadas por analistas desde sua conclusão.