Uma análise dos dois principais rótulos das Maison, Moët Impérial e Veuve Clicquot Yellow Label, os mais vendidos do Brasil
por André De Fraia
Quando pensamos em Champagne, logo algumas marcas vêm à mente. Afinal, as casas da região – ou Maison em francês – possuem uma história centenária sendo a mais antiga, a Maison Gosset, fundada em 1584.
Porém, duas despontam no consumo do brasileiro, por sua história e alcance global: Moët & Chandon e Veuve Clicquot. Mas qual é a diferença entre os dois principais rótulos dessas históricas marcas? Para esta análise tomaremos em conta uma comparação entre o Moët Impérial e o Veuve Clicquot Yellow Label, ambos bruts brancos e carros-chefes das empresas.
Clique aqui e assista aos vídeos da Revista ADEGA no YouTube
1 – Vale destacar que as regras de Champagne são bastante rígidas. Para um espumante ser chamado de Champagne não basta apenas produzir na região francesa. Somente sete castas podem ser utilizadas e há regras de vinificação, ligadas ao famoso método de produção Champenoise ou tradicional. Assim, as semelhanças entre os rótulos são inúmeras.
2 – Os dois são produzidos a partir de uvas de diversos vinhedos ou “crus” como são chamados em Champagne – pelo menos 50 diferentes para o Veuve Clicquot e mais de 100 no caso do Moët – e passam por pelo menos três anos de envelhecimento nas caves das vinícolas antes de saírem para o mercado.
3 – É no corte das uvas, no entanto, que surge a primeira diferença notável: apesar da predominância nos dois rótulos ser da Pinot Noir – entre 50 e 55% no Veuve Clicquot e 30 e 40% no Moët – as quantidades já mostram uma diferença significativa. O restante do Yellow Label é composto de 28 a 33% de Chardonnay e 15 a 20% de Pinot Meunier. Enquanto o Impérial leva entre 30 e 40% de Pinot Meunier e 20 a 30% de Chardonnay.
LEIA TAMBÉM: O Champagne nosso de cada dia
4 – Para entender o que a diferença no corte pode trazer é preciso conhecer um pouco mais a fundo as castas em si.
5 – A Pinot Noir, no caso dos Champagne, é responsável por trazer mais corpo ao espumante; a Pinot Meunier traz uma maior suavidade com toque de frutas; a Chardonnay é a responsável pela mineralidade e verticalidade do Champagne, o toque de finesse!
6 – Assim, quando a Veuve Clicquot aposta em uma maior quantidade de Pinot Noir, ela dá a dica que pretende ter um produto com maior presença de boca; a Chardonnay aparece em segundo lugar, afinal o equilíbrio da bebida só é possível com este conflito entre as duas castas; a Pinot Meunier vem para finalizar e amarrar o blend com sua fruta.
LEIA TAMBÉM: Menos de 9% das uvas de Champagne são classificadas como Grand Cru
7 – No Moët Impérial, o equilíbrio entre as três uvas é a chave para a complexidade do espumante. Cada uma trazendo a sua principal característica à tona e se emaranhando em um único Champagne que traz as características marcantes da região em cada gole.
Agora uma curiosidade: as duas marcas, apesar de concorrentes no mercado global de espumantes e com diferenças marcantes entre si pertencem ao mesmo grupo, a holding Francesa LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE que, além das Maisons, é ainda proprietária de marcas de luxo como Louis Vuitton, Tag Heuer e Tiffany & Co.
Assim, aqui não há perdedores ou vencedores. Mas dois produtos de altíssima qualidade de duas casas que estão a uma distância de menos de vinte minutos de carro uma da outra! Dois espumantes que merecem uma degustação minuciosa. Ainda mais agora conhecendo pouco mais as ideias e qualidades que cada vinícola traz para sua garrafa.
+lidas
Kylie Minogue lança edição limitada de vinho rosé
Vinho do Porto: qual é a diferença entre Ruby e Tawny?
Loch Lomond Group compra destilaria em Nova York e amplia atuação nos EUA
Por que o Liebfraumilch ficou conhecido como “o leite da Virgem Maria”?
Gianfranco Soldera, a trajetória de sucesso do produtor do Brunello Di Montalcino