Da bota

Frantoio ou Picual? Descubra qual é a verdadeira "Cabernet Sauvignon" das azeitonas

Frantoio: a variedade de azeitona que rivaliza com Picual no mundo do azeite extravirgem

por João Calderón

frantoio
O cultivar Picual é, atualmente, o mais plantado no mundo

O cultivar Picual pode ser considerado a Cabernet Sauvignon das azeitonas. Porém, alguns podem questionar isso apontando outra variedade de oliva como a mais importante: o Frantoio. Enquanto Picual é o mais plantado no mundo, Frantoio seria o mais importante. Eis o dilema.

Mais reconhecido por sua qualidade, o cultivar toscano Frantoio é responsável pelo famoso e apreciado sabor do azeite dessa região. Seu estilo se propagou pelo planeta e se transformou em um benchmark universal quando se trata de um óleo de oliva extravirgem de qualidade, algo semelhante ao que acontece com o Bordeaux para os vinhos. Frantoio dá ao óleo corpo e estrutura, enquanto a Leccino, outro cultivar bastante encontrado na Toscana, confere um toque mais suave, algo como a Merlot.

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Características

Os óleos de oliva da variedade Frantoio costumam ser tão aclamados que se torna difícil sumarizar seus atributos. De modo geral, caracteriza-se por ser um azeite com notas extremamente verdes, com toques frutados e sensação de frescor. É um óleo de excepcional qualidade, balanceado, frutado e com boa estabilidade.

Possui elevada produtividade, sendo também muito apreciado por sua capacidade de adaptação aos diferentes climas e solos. Um azeite também muito aromático, equilibrando picância e amargor. Quando colhido tardiamente, torna-se mais suave, adocicado e com notas amendoadas.

Seus frutos são de tamanho médio, aproximadamente 2,5 gramas, e o conteúdo de ácidos graxos é de médio a elevado. Possui um formato ovalado, sendo normalmente colhido na metade de seu estágio de maturação, justamente quando estão mudando de cor. Esse cultivar italiano espalhou-se pelo mundo, possivelmente mais do que qualquer outro.

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É também muito plantado na Argentina, Chile, Califórnia e Nova Zelândia. Isso sem falar na Austrália, onde ele se chama Paragon. Nessas regiões todas, sua qualidade fica comprovada.

picual
Apesar de não ser a variedade mais cultivada do mundo (perdendo para a Picual), Frantoio é considerada a mais importante

As oliveiras Paragon ou Frantoio, como preferir, provaram desenvolver-se bem em muitas partes do mundo, desde a fria Toscana até regiões mais quentes como Queensland e o centro da Argentina, sendo uma das melhores variedades para se adaptar aos diferentes climas e solos. Além, é claro, de sua indiscutível qualidade. Diante disso, qual variedade seria realmente a Cabernet Sauvignon das azeitonas?

Da Itália para a Austrália?

Devido às extremas similaridades, no final dos anos 1990, suspeitou-se que o cultivar australiano Paragon e o toscano Frantoio eram na realidade a mesma variedade. Isso foi confirmado em outubro de 1998, quando uma amostra de uma folha de oliveira de Paragon passou por um teste de DNA e batia exatamente com o do cultivar toscano. Depois disso, outros testes foram realizados, também na Espanha, e a confirmação veio à tona.

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Obviamente, assim como o Frantoio, o Paragon possui uma produtividade constante, uma vez que apresenta autopolinização. Para os produtores que escolherem a polinização como forma de cultivo, um dos cultivares polinizadores recomendados é o Leccino, exatamente como acontece na Toscana.

O cultivar Frantoio (Paragon), quando plantado na terra dos cangurus, também apresenta o mesmo formato ovalado, com tamanho que varia entre 2 e 3 gramas. Quando colhidas maduras também apresentam as mesmas notas amendoadas. Aliás, esta seria uma das diferenças entre os óleos australianos e toscanos.

Apesar de muitas vezes serem colhidos preferencialmente quando estão mudando de cor, muitos dizem que é o azeite australiano que devemos degustar caso queiramos descobrir como eram os óleos toscanos antes de as azeitonas começarem a ser colhidas precocemente.

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