Vendas de bebidas alcoólicas caem no Canadá em 2025 com impacto da guerra comercial com os EUA e desaceleração no consumo. Importações de vinhos dos EUA recuam 94% em abril
por Redação
As vendas de bebidas alcoólicas no Canadá recuaram de forma generalizada no primeiro trimestre de 2025, refletindo um cenário de incerteza econômica prolongada, medidas protecionistas e boicotes comerciais a produtos dos Estados Unidos. Dados das agências provinciais apontam que, entre janeiro e março, seis províncias somaram mais de 100 milhões de dólares canadenses em perdas no setor.
Entre os fatores apontados está o impacto direto da guerra comercial em curso. Desde março, a maioria dos varejistas provinciais interrompeu a importação de bebidas alcoólicas dos Estados Unidos, resultando em uma queda acentuada nas compras.
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Em abril, o volume de vinhos norte-americanos que ingressaram no país foi de aproximadamente 3 milhões de dólares, uma retração de 94% em comparação com os 54 milhões registrados no mesmo mês de 2024, segundo a Statistics Canada.
Além disso, o enfraquecimento da demanda interna também afeta o desempenho do setor. “O consumidor está fragilizado e tem reduzido os gastos discricionários”, afirmou CJ Hélie, presidente da associação Beer Canada, destacando a retração generalizada do mercado.
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A Bloomberg relata que as tarifas de 25% sobre cervejas, vinhos e destilados norte-americanos continuam em vigor e têm contribuído para o redirecionamento da demanda para produtos fabricados no próprio Canadá. No mesmo período, houve aumento nas vendas de rótulos nacionais em províncias como Nova Escócia, onde a comercialização de bebidas locais cresceu quase 14% desde março, enquanto 14 milhões de dólares em produtos dos EUA permanecem armazenados.
Na Colúmbia Britânica, o governo ordenou a retirada de rótulos americanos das prateleiras em março. Dados da Liquor Distribution Branch revelam que, desde então, as vendas por atacado de bebidas alcoólicas dos EUA caíram 3% no segmento de uísque, 23% no de vinhos e quase 60% no de cervejas.
O consumo per capita de álcool no país já vinha caindo antes da intensificação das disputas comerciais. Entre os anos fiscais de 2019-20 e 2023-24, as vendas por volume recuaram 3,8%, com a maior retração já registrada desde 1949, segundo a StatCan. Apesar disso, o faturamento subiu modestamente, impulsionado pela alta dos preços.
Para Hélie, a retração atual é reflexo do acúmulo de choques econômicos nos últimos anos, incluindo o fechamento do setor de alimentação fora do lar durante a pandemia e os efeitos subsequentes da inflação. “Estamos vendo os consumidores eliminarem itens como sobremesa ou a cerveja extra para manter o gasto sob controle”, disse.
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