Produtores europeus de vinho defendem urgência na ratificação do acordo UE-Mercosul para eliminar tarifas de 27% no Brasil e ampliar exportações em cenário de queda global no consumo.
por Redação
O Comité Européen des Entreprises Vins (CEEV), entidade que representa os produtores de vinho da União Europeia, cobrou em 25 de junho, em Bruxelas, a adoção imediata do acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul. Para o CEEV, a ratificação do tratado é estratégica diante do cenário de queda estrutural no consumo de vinhos e do aumento dos riscos geopolíticos.
Segundo o CEEV a atual tarifa de importação de 27% cobrada pelo Brasil sobre vinhos europeus compromete seriamente a competitividade do setor. A expectativa é que o acordo elimine essas barreiras, simplifique os trâmites de importação e garanta a proteção das Indicações Geográficas (IG) da UE no mercado brasileiro.
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Em 2024, as exportações de vinho da UE para o Brasil somaram aproximadamente 1% do total do bloco, representando aproximadamente €206 milhões. Ainda assim, para o CEEV, o potencial de crescimento é significativo.
Apesar de contar com uma população numerosa e uma classe média em expansão, o Brasil ainda representa um mercado subexplorado para os vinhos europeus. O consumo existe, mas os altos impostos e entraves burocráticos favorecem produtores de países da América do Sul, sobretudo da Argentina e Chile. Com a ratificação do acordo, o ambiente concorrencial tende a se equilibrar.
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O tratado prevê, além da redução tarifária, a harmonização de práticas enológicas e a proteção das IG europeias, consideradas pilares da identidade cultural e econômica do setor vitivinícola do continente. Pequenos produtores de países como Portugal, Grécia e do sul da Itália poderão acessar novos canais de receita.
O apelo ocorre em meio a tensões comerciais entre a UE e os Estados Unidos, que ameaçam impor tarifas de 20% sobre produtos europeus — atualmente reduzidas temporariamente para 10%, enquanto seguem as negociações bilaterais.