As vinícolas do mundo todo estão se focando na sustentabilidade e isso vai muito além de ter práticas orgânicas no vinhedo
por Arnaldo Grizzo
As queimadas devastadoras de 2024, que já destruíram diversos biomas e áreas de cultivo em todo o Brasil, assim como inundações de maio no Rio Grande do Sul, que afetaram milhares de pessoas, evidenciam os impactos cada vez mais graves das mudanças climáticas.
Esses eventos reforçam a necessidade urgente de ações sustentáveis em todos os setores, especialmente na agricultura, que aliás, é a primeira a sentir os efeitos das enchentes ou queimadas.
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No setor vitivinícola, diversas vinícolas ao redor do mundo têm se destacado, adotando práticas que não apenas reduzem emissões de carbono, mas também promovem justiça social e economia sustentável, com o objetivo de mitigar os efeitos desse cenário climático caótico.
As definições nem sempre são as mesmas e talvez por isso as interpretações também. A própria palavra sustentabilidade tem origens bastante recentes. Acredita-se que foi cunhada em alemão pela primeira vez e o termo original era Nachhaltigkeit, que significa “rendimento sustentado”.
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Ele teria aparecido pela primeira vez em um manual de silvicultura publicado em 1713 e foi usado para significar nunca colher mais do que a floresta pode regenerar. O termo apareceu em inglês a partir de meados do século XIX, assim como em português.
Em 1987, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu que o desenvolvimento sustentável “é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades”.
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Em 2005, a ONU apontou a tridimensionalidade (ambiental, econômica e social) do conceito de sustentabilidade. Ou seja, mais do que apenas uma preocupação ecológica, definiu-se que abrangia uma visão mais ampla de “meio ambiente” considerando questões de equilíbrio econômico e ações de equidade social, além de, obviamente, a premência climática – que tem cada vez mais mostrado seus efeitos nocivos em eventos caóticos e catastróficos em diversas partes do globo.
Sendo assim, as empresas, especialmente as que estão envolvidas com a agricultura – talvez a área mais sensível ao problemas climáticos –, estão trabalhando em outras frentes que vão muito além dos cuidados para uma produção de baixo impacto ambiental, estando atentas também às questões econômicas e sociais. E alguns dos líderes nesse campo são da indústria do vinho.
Talvez o maior porta-voz das questões de sustentabilidade na vitivinicultura atualmente seja a família Torres, da Espanha. Em uma entrevista para a revista Meininger’s, em 2015, Miguel Torres Maczassek, afirmou: “A mudança climática é apenas um aspecto. Estamos especialmente preocupados com a compatibilidade e sustentabilidade ambiental. Meu pai reconheceu a urgência dessas questões”.
Assim, em 2008, eles criaram o programa Torres & Earth, com o propósito de reduzir as emissões de carbono da empresa. Eles atingiram a meta de 30% menos CO2 por garrafa em 2019, um ano antes do previsto e, até 2030, estão comprometidos em alcançar uma redução de 55%.
Em 2019, juntamente com a Jackson Family, dos Estados Unidos, eles criaram a organização International Wineries for Climate Action, para incentivar outras vinícolas a se comprometerem com as questões climáticas e sustentáveis – com regras bastante rigorosas para o ingresso e metas ambiciosas para o corte de emissões de carbono.
Lembrando, porém, que consideram as emissões no âmbito geral, ou seja, não apenas as suas próprias, mas as de terceiros. Segundo a Torres, 88,2% das emissões de cada garrafa de seu vinho vêm de fornecedores e distribuidores.
Às vezes, a questão das emissões de carbono pode parecer a única vertente das ações sustentáveis. Ela engloba práticas de cultivo orgânico, reaproveitamento do resíduos, novas tecnologias, reinserção de espécies na fauna e flora etc.
Mas, como dito, sustentabilidade tem outras facetas. A própria Torres, por exemplo, possui um programa de Fair Trade há muito tempo em sua “filial” no Chile. A ideia é manter a equidade nas relações com seus trabalhadores e fornecedores, pagando preços justos pelas uvas compradas, mantendo salários dignos, auxiliando comunidades locais que dependem da empresa, entre outras ações. A linha Santa Digna é totalmente focada nesse projeto.
Já que falamos do Chile, vale apontar ações de seu maior produtor, o grupo Concha y Toro. Desde 2011, a empresa tem um programa de metas ligadas à sustentabilidade, além de estar vinculada à vários órgãos de certificação e produzir um relatório todos os anos.
Na parte das emissões, ela reduziu 30% desde 2014 com meta de chegar a zero para 2050. Desde 2017, diminuiu o uso de energia em 10% e tem o objetivo de zerar os resíduos até 2022. Desde 2018, a Viña Cono Sur (uma das vinícolas do grupo) é certificada pelo programa For Life – uma chancela que reforça o compromisso com condições de trabalho seguras e justas e com a promoção da sustentabilidade a nível local e na sua cadeia de abastecimento. A Concha y Toro em geral distribui 4,5% do seu lucro líquido com seus funcionários como bonificação todos os anos.
Como visto, a empresa toma uma série de medidas para reduzir emissões, resíduos, uso de água e energia em todas as suas filiais, assim como de terceiros – que precisam cumprir diversos requisitos também no sentido de diminuir sua pegada de carbono e manter relações de trabalho éticas.
Vale lembrar ainda que uma das vinícolas do grupo, a Emiliana é considerada como tendo o maior vinhedo orgânico do mundo e é um exemplo de práticas agrícolas orgânicas e biodinâmicas. Emiliana é uma das pioneiras nesse campo. Em 1998, Rafael e José Guilisasti, juntamente com o enólogo Álvaro Espinoza, iniciaram o processo de conversão de uma vinícola chilena convencional em uma 100% orgânica e biodinâmica
A vinícola “coleciona” selos dos mais diversos órgãos mundiais atestando suas práticas. Em 2014, por exemplo, recebeu a certificação “CarbonZero” e, mais recentemente, a Vegan, atestando que seus vinhos não utilizam produtos derivados de animais.
Espinoza, que continua como consultor de Emiliana, mas também tem seu projeto Antiyal, foi um dos pioneiro na introdução das práticas sustentáveis no Chile, sendo discípulo do grande conhecedor e consultor em viticultura biodinâmica, o americano Alan York. Seu projeto pessoal até hoje influencia e estimula outros a optarem pela sustentabilidade no país.
Quem também tem atuação importante em questões sustentáveis no Chile é a Odfjell. Há tempos eles usam grama selecionada para aumentar o nível de nitrogênio no vinhedo, criam corredores ecológicas para melhorar a biodiversidade, “cultivam” suas próprias abelhas, além de manterem ações de redução de resíduos, diminuição de peso das garrafas etc. E na parte social priorizam trabalhadores locais, incentivam programas de apoio perto de sua sede em Padre Hurtado e também o consumo responsável e moderado do vinho.
Muitos dos programas de sustentabilidade regionais são liderados por produtores emblemáticos. Na Argentina, por exemplo, o protocolo de sustentabilidade usado pelos órgãos oficiais, como o Wines of Argentina, foi criado pela Catena em 2012.
Na época, Laura Catena, inspirada pelo modelo de certificação de viticultura sustentável da Califórnia, pediu para sua equipe de pesquisa criar uma base de ações focada no terroir argentino. A vinícola mantém um instituto de pesquisa próprio que, entre outras coisas, busca descobrir como atenuar ou se adaptar aos efeitos do aquecimento global e garantir o futuro da vitivinicultura na Argentina como um todo. Em 2015, a Bodegas Esmeralda, que faz parte do grupo Catena, recebeu a primeira certificação como vinícola sustentável da Argentina.
No Brasil também vemos alguns dos maiores produtores tomando as rédeas nas questões de sustentabilidade. Recentemente, a vinícola Aurora, relatou que, no mesmo ano em que bateu recorde de faturamento (2020), conseguiu reduzir em 316,8 mil toneladas as emissões de gás carbônico e ainda recebeu o Certificado de Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa por utilizar apenas energia elétrica proveniente de usinas de fontes renováveis.
Uma das plantas industriais da Aurora, inaugurada em 2019 no Vale dos Vinhedos, é a primeira fábrica do Brasil com certificado LEED versão 4.0 por ser 100% sustentável. “Temos uma preocupação muito grande com a preservação dos recursos naturais, visto que o que move a indústria vinícola depende da natureza e do clima. Para nós, é emblemático que em 2020, no ano em que tivemos uma das melhores safras da história, podemos receber uma certificação internacional por redução de CO2 no meio ambiente”, disse o diretor superintendente da vinícola, Hermínio Ficagna.
Em Portugal, nomes como Taylor’s surgem sempre que se fala em práticas sustentáveis. O grupo Fladgate, dono da marca, esteve por trás da organização do Protocolo do Porto, por exemplo, uma fundação criada após uma série de conferências sobre mudanças climáticas realizadas na cidade do Porto em 2019.
Essas palestras que levaram a um compromisso de todos os participantes na adoção e promoção dos princípios e medidas estabelecidas através da assinatura da Carta de Princípios do Protocolo do Porto. São mais de 100 signatários, a maioria da indústria do vinho, contudo também há empresas de outros segmentos.
Há países em que a cultura da sustentabilidade está tão arraigada que exceção é quem não faz parte de alguma organização ou então não usa métricas de controle. Na Nova Zelândia, por exemplo, há um programa de vitivinicultura sustentável, criado em 1995, que aborda uma série de fatores como uso de energia, produtos químicos, resíduos, impacto social, práticas de negócios etc. A adesão é voluntária, e hoje 96% da área de produção de vinhedos da Nova Zelândia é certificada por esse programa, sendo que 10% também opera em programas orgânicos certificados reconhecidos.
Como se pode notar, há diversos órgãos nacionais e regionais que definem padrões para ações sustentáveis. Na Califórnia, por exemplo, um dos primeiros foi o California Association of Winegrape Growers (usado como base para o protocolo criado pela Catena na Argentina), mas em solo californiano ainda há o SIP (Sustainability in Practice) e outros. Órgãos oficiais de vinho da Austrália, África do Sul e Chile também possuem diretrizes sustentáveis para seus produtores com selos oficiais. Mas, sim, existe uma certificação internacional nessa área.
A International Organization for Standardization (ISO) tem uma família de padrões (o grupo 14000) que fornece ferramentas para empresas e organizações que buscam gerenciar sua responsabilidade ambiental.
O objetivo é identificar e reduzir o desperdício, planejar a melhoria contínua na redução de resíduos etc. Como a ISO atualiza e revisa continuamente as diretrizes de sustentabilidade, costuma ser um padrão seguido. Regiões vinícolas como Bordeaux (na França), além de Chile e Austrália, tomam como base o padrão ISO.
Na França, o comitê de Bordeaux tem um sistema de certificação de sustentabilidade chamado HVE. É um sistema de três níveis introduzido pelo Ministério da Agricultura da França em 2001. Ele incentiva os produtores a se concentrarem no aumento da biodiversidade e na redução do impacto ambiental em suas operações. De acordo com o comitê, mais de 1.500 propriedades (de aproximadamente 6.000) já obtiveram a certificação HVE.
As propriedades dos Domaines Barons de Rothschild (Lafite) vêm experimentando práticas orgânicas e abordagens biodinâmicas há pelo menos cinco anos. O Château L'Evangile será o primeiro a receber sua certificação orgânica este ano e as outras devem seguir esse curso. Outros château como Angelus, Climens, Latour, Margaux, Palmer e Pontet-Canet já seguiram esse caminho.
“É uma questão de convicções e dever. Quando você diz que está criando o melhor Champagne possível, ou o melhor Cabernet Sauvignon de Bordeaux, você precisa trabalhar seu terroir da melhor maneira possível. Estamos realmente convencidos de que a sustentabilidade faz parte do kit de ferramentas para aumentar a qualidade, o brilho, a riqueza e a longevidade de todos os vinhos que vêm deste terroir. Existem outras ferramentas e, claro, a sustentabilidade não é boa apenas para a qualidade, mas também para o planeta”, aponta Frédéric Rouzaud, diretor do grupo Roederer, que conta com vinícolas em Bordeaux, Napa, Provence etc.
Todos os vinhedos de Champagne de Roederer são orgânicos, e a safra de 2012 da cuvée Cristal foi a primeira a ser feita com uvas 100% cultivadas biodinamicamente e organicamente.
Vale lembrar que há ainda órgãos de certificação para a vitivinicultura orgânica. Mas basta ser orgânico para ser sustentável? Por não incluir o uso de pesticidas ou fertilizantes sintéticos, as práticas orgânicas são consideradas muito sustentáveis em diversos aspectos, pois tendem a manter o solo mais fértil, usar menos energia e sequestrar mais carbono.
Pesquisas revelam que as culturas orgânicas usam 45% menos energia, liberam 40% menos emissões de carbono e promovem 30% mais biodiversidade em comparação com a agricultura convencional. Mas elas nem sempre são necessariamente a opção mais sustentável, pois, em algumas situações, pode ser preciso fazer interferências que comprometem a natureza – diz-se que tratamentos “orgânicos”, como cobre ou enxofre, prejudicam o meio ambiente mais do que sprays sintéticos, por exemplo.
“Você precisa borrifar uvas com produtos químicos qualquer que seja sua abordagem, mesmo orgânicos e biodinâmicos”, aponta a especialista Jamie Goode, em uma entrevista à revista Decanter. Para ela, a melhor resposta para a sustentabilidade está na viticultura de precisão. “Com ela, você ajuda a reduzir fungicidas ao mapear o campo. Biocontroles e armadilhas de feromônios limitam a necessidade de pesticidas. Os sistemas com os quais lidamos nos vinhedos são muito mais complexos do que tendemos a imaginar. Se fizermos intervenções químicas, elas podem ter efeitos indiretos imprevisíveis. Temos que ver os vinhedos como agrossistemas inteiros”.
Ou seja, para muitos, sustentabilidade e inovações técnicas podem parecer conceitos antagônicos na vitivinicultura. “Tradicionalistas” dirão que as máquinas, por exemplo, tiram o homem do campo e poluem, e, por isso, não caberiam em um cenário sustentável.
Contudo, em entrevista recente à ADEGA, Laura Catena lembrou que sustentabilidade não quer dizer abandonar a tecnologia. “Se uma pessoa fizer um trabalho por cinco anos e tiver dores nas costas para o resto da vida, não seria melhor usar uma máquina? Não estamos na Idade Média. No final, você precisa fazer a coisa certa, ter ética. Você tem que fazer o que acredita e agir para cumprir o que fala. Às vezes, vai ganhar menos no curto prazo, mas no final, quando você segue seus princípios e faz a coisa de forma ética, é melhor economicamente. Realmente acredito na sustentabilidade. Vamos fazer o que precisa ser feito estando cientes de que temos que pagar salários, temos que plantar vinhas, também não podemos nos esquecer do dinheiro”, disse com a sabedoria de quem instituiu boas relações socioambientais em sua empresa desde o início dos anos 2000.
Ou seja, o compromisso com a sustentabilidade não traz necessariamente uma volta às raízes da vitivinicultura. O emprego de máquinas e também de químicos pode ser usado, desde que pensado de forma a não interferir no ambiente. Antes mesmo da moda do orgânico, os produtores franceses já usavam o que eles chamam de “lutte raisonnée”, que pode ser traduzido como “controle racional”.
Ao contrário da agricultura convencional (alto rendimento, uso de tratamentos químicos indiscriminados e produtos para prevenir doenças e pragas), essa viticultura sustentável usa produtos químicos de uma forma limitada e controlada e define restrições adicionais como preservação do meio ambiente agrícola, manejo do solo e fertilização, limitação de insumos, redução de efluentes e gestão de resíduos, rastreabilidade etc. Ou seja, ações mais conscientes em relação aos impactos da viticultura.
Um dos que valoriza tradições (como o vinho de talha) e ainda assim mantém tecnologias de ponta em sua produção é o enólogo português Alexandre Relvas. A Casa Relvas é uma das pioneiras no Programa de Sustentabilidade de Vinhos do Alentejo. Ela está envolvida em causas sociais, apoiando cerca de 100 famílias cujo sustento depende da vinícola.
Relvas tem 750 hectares de florestas, 250 de olivais e 350 de vinhas sendo 95% cultivada em agricultura integrada e 5% em biológica. Ovelhas pastam o vinhedo para reduzir o uso de herbicidas e de adubos químicos, com 50% da fertilização feita de composto animal e de resíduos orgânicos da adega. “Um dos objetivos, mais do que a neutralidade, é absorver carbono”, diz Alexandre Relvas.
Mas há quem tente ir além da diminuição do impacto e proponha uma “recuperação”. Em 2019, Stephen Cronk comprou uma vinícola no sul da França. O vinhedo tinha sido cultivado intensivamente por gerações e a qualidade do solo havia se deteriorado a ponto de exigir cada vez mais insumos sintéticos.
A conversão para a agricultura orgânica foi feita antes mesmo da conclusão da compra, mas ele apontou que era necessário mais para revitalizar o solo e as vinhas. Assim propôs-se uma mudança para a “viticultura regenerativa”, mas na época não havia uma organização que centralizasse as práticas. Assim, em 2021, ele fundou a Fundação para a Viticultura Regenerativa, uma instituição aberta para todos os que quiserem se empenhar nesse tipo de agricultura.
A ideia é apoiar a transição de uma monocultura de base química degenerativa para o solo e ecossistemas locais, para uma agricultura regenerativa. Ele quer que uma maior biodiversidade na viticultura se torne algo convencional no futuro.
Seus princípios baseiam-se na imitação da natureza por ter uma gama diversificada de plantas armazenando e reciclando o carbono e aumentando a diversidade e atividade microbiana do solo por meio da interação com as plantas.
As seis práticas definidas são: equilibrar as limitações de nutrição do solo; manter o solo coberto; minimizar a perturbação do solo (cultivo); aumentar a diversidade vegetal e microbiana; incorporar raízes vivas no sistema agrícola durante todo o ano; e integrar e gerir o gado (ou fauna).
Em julho deste ano, a Torres organizou a Primeira Conferência de Viticultura Regenerativa. “Em cinco anos, a agricultura convencional destrói o solo que a natureza levou 40 anos para criar. Já a agricultura regenerativa ajuda a sequestrar CO2 – mitigando assim a crise climática – trazendo o solo e o meio ambiente de volta à vida – incentivando a diversidade – e evitando a erosão”, explica Francesc Font, engenheiro técnico agrícola especializado em agricultura regenerativa e membro da Agroassessor Consultors Tècnics.
Para Miquel Torres Maczassek, “a viticultura regenerativa é o único modelo cujo foco principal é a captura de carbono no solo, e temos que reforçar essa função do solo para conter a crise climática e ajudar o planeta a se recuperar”. “Lançamos um plano para implementar o modelo regenerativo em 500 hectares de vinhas biológicas na Catalunha, que devolverá vida aos solos e permitirá regenerá-los, como a natureza faria, com base numa visão holística da terra”, disse.
Por fim, pensar em sustentabilidade na vitivinicultura vai além de pensar em formas de cultivo orgânico, biodinâmico ou natural. Sim, esses são passos essenciais na direção de uma empresa sustentável, mas não os únicos.
O tripé precisa abarcar questões socioeconômicas, englobando toda a cadeia de produção, de fornecedores a distribuidores. Políticas de governança inclusivas, relações transparentes com empregados, ética nos negócios, foco em entregar qualidade para o consumidor, gestão responsável e tantas outras atitudes criam um ambiente favorável para que uma empresa seja realmente sustentável, algo que vai além das preocupações climáticas.
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