A ocasião faz o charuto... e vice versa

Ser um bom degustador de charutos requer conhecimento e habilidade. Mas tudo começa com uma escolha: a ideal para aquele momento

por Redação

fotos: divulgaçãoAo segurar a haste de uma taça com um grande vinho, o connoisseur sente em suas mãos uma obra de arte. Aprecia cada detalhe, pois sabe que a forja uniu os caprichos da natureza às habilidades de dezenas - quiçá centenas - de homens, em uma harmonia divina. Com o apreciador de charuto a sensação é a mesma. Ele sabe que o processo da semente à fumaça leva no mínimo dois anos e envolve cerca de duzentas pessoas. Certamente buscará extrair todo o seu potencial. O passo inicial para se degustar um charuto - além de conhecer seu processo de produção e sua história - é procurar casas idôneas que garantam a procedência do produto, pois cerca de 80% do mercado exibe charutos de origem duvidosa. Adquiridos nas ruas dos países produtores, eles podem ser falsificações grosseiras ou charutos defeituosos oriundos das fábricas oficias.

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Uma vez solucionado este problema, o aspirante deve escolher os primeiros charutos com a certeza de que o paladar não é estático. Como no vinho - ou em qualquer outra atividade sensorial -, ele amadurece. O aspirante a connoisseur pode até gostar de um vinho de R$ 10 mil, mas será incapaz de apreciá-lo. No caso do charuto, a escolha inadequada pode afastar, ou mesmo repelir, o iniciante. "Eles devem começar com os mais suaves e delicados e deixar os mais fortes para depois. Muitos desistem logo porque começam com charutos mais encorpados", aconselha o epicure sommelier, Rodrigo Gorga. Os ideais para começar são os dominicanos e os brasileiros de tonalidade escura. Também se deve levar em conta o momento, pois há um charuto ideal para cada ocasião - e uma ocasião ideal para cada charuto (consulte o quadro nas páginas seguintes).

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As etapas da produção de um bom charuto

É aconselhável, portanto, comprar charutos variados, em vez de caixas fechadas. A abertura de uma caixa, na loja especializada, deve exalar um aroma agradável - e intenso - de madeira e fumo. Se não estiverem armazenados em condições corretas - 60% a 70% de umidade no ar e 16oC a 18oC - os charutos perdem suas propriedades de aroma e sabor. O exame visual após a abertura da caixa é fundamental. Existem mais de 60 tons diferentes de capa - a folha que reveste o charuto. Em uma mesma caixa só pode existir uma única tonalidade ou, no máximo, uma diferença sutil da esquerda para a direita, como um dégradé. Em lojas no exterior, o atendente escolhe os charutos para o comprador, dedilhando para encontrar os mais macios ao toque. Em nosso país, no entanto, os apreciadores experientes - ou os novatos - adquiriram o hábito de escolher, eles próprios, as unidades a serem levadas. Elas devem possuir uma leve flexibilidade. O último teste antes do paladar é colocá-lo próximo ao ouvido e girá-lo com suavidade. O epicure sommelier Rodrigo Gorga garante que o pequeno ritual não auxilia na avaliação da qualidade do charuto, mas ouvir o seu sussurro é um charme a mais das preliminares e pode aumentar o prazer da degustação.

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Seleção de cores da capa em uma fábrica artesanal de charutos cubanos

O charuto ideal para cada ocasião com consultoria de Paulo Rogério (Advanced House) e Rodrigo Gorga (Lenat).

De manhã, após o café
Para este momento, os charutos aconselhados são os menores e mais leves:
Para o iniciante, o brasileiro Alonso Menendez - Corona, Mata Fina (Capa Clara).
Para o degustador intermediário, o dominicano Bundle Selection Petit Corona(feito na fábrica Davidoff) é uma boa opção
Para o degustador experiente: San Cristobal de La Habana - El Principe (cubanos, classificado de suave a médio)

Após Almoço
Normalmente, esta é a refeição mais pesada. Como não há muito tempo durante a semana, os charutos medianos são os sugeridos.
Degustador principiante: Aquarius Robusto (o mais suave dos brasileiros) ou o dominicano Davidoff "Exquisitos", o menor charuto premium do mundo, com suavidade e sabor equilibrado.
Degustador intermediário: Brasil Autênticos Torpedo Maduro.
Degustador experiente: Bolívar Belicosos Finos (torpedo cubano, considerado forte)

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Para encerrar bem a refeição
O brasileiro Dannemann "Artist Line"- Corona, Mata Fina (Capa Clara), com tempo de fumo (TF) de 30 minutos.

Happy Hour
Degustador principiante: Quorum - Toro(Nicarágua) ou o dominicano Davidoff "Tubo 2000" - (Corona), suavidade, com queima e aroma muito constantes. TF 35 minutos.
Degustador intermediário: Angelina Exclusivos 3F (brasileiro) - com tripla fermentação, saboroso, 60 minutos;
Degustador experiente: Montecristo # 1(cubano) - com sabor intenso, ideal para quem busca mais complexidade de paladar.

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Após o jantar
Neste momento se pode dedicar mais ao ritual de apreciação dos "puros" e, com isso, se exige um pouco mais da força do paladar.
Para o degustador iniciante que deseja experimentar um pouco mais de sabor, a marca Arturo Fuentes- Cuban Corona é uma grata surpresa.
Para o degustador intermediário, que busca leveza, mesclada a muito sabor, o charuto cubano Hoyo de Monterrey Epicure #1 é uma excelente pedida e trás em seu paladar toques de especiarias.
Para os mais experientes, um charuto com personalidade é o Partagas P2 (torpedo, cubano) ou o Hoyo de Monterrey "Double Corona", também cubano, um dos mais suaves deste formato, que marca por seus sabores de baunilha e mel. Companheiro das grandes mesas e, particularmente, de uma refinada Nouvelle Cuisine, pode e deve ser valorizado pela qualidade dos pratos e vinhos que o precedem. TF 1h15 min.

Para acompanhar um tinto forte
H. Upmann Connossieur # 1(cubano)
Zino Davidoff "Mouton Cadet no 6" (Robusto). Especialmente selecionado para o Barão Philippie de Rothschild, este último apresenta um excelente corpo sem se sobrepor ao vinho, criando uma experiência marcante.

Para acompanhar um vinho de sobremesa
Charuto AVO XO - Quartetto Notturno (Corona, dominicano), suave seu sabor não se sobrepõe ao vinho de sobremesa.
Hoyo de Monterrey "Épicure no 2" (Robusto). Cubano, com um buquê floral, acrescido de notas de pão de mel, abre sobre notas frescas e secas, bastante inesperadas, mas muito agradáveis. TF 40 minutos

Durante o jogo de golfe
Não há limite de tempo, por isso os mais experientes podem optar pelo cubano Ramon Allones Gigantes. Seu tempo de queima, em torno de 2 horas, casa muito bem com a partida de golfe e, dentre os cubanos, seu paladar tem muito sabor, sem ser picante. Outra sugestão é o Cohiba "Siglo IV" (Gran corona). Classificado entre as grandes bitolas, nas quais a casa Cohiba se sobressai, este charuto é marcante por apresentar um perfume "âmbar e almíscar" e sabores levemente apimentados. Ele pode ser apreciado do primeiro ao último terço com muita regularidade. TF 45 minutos.
E para os degustadores intermediários, uma boa opção é o brasileiro Dannemann Artist LineMaduro - Double Corona - 2004.

Na piscina, no weekend
Partagás "Série D4" (Robusto), Cuba. Sucessor de seu irmão o "Série D2", conheceu seu momento de glória nos anos 1980. Potente, rápido, liberando aroma em grande quantidade, apresenta notas de madeira e condimento. Um charuto para conhecedores. TF 40 minutos.

Em uma caminhada na praia
Hoyo de Monterrey "Épicure no 2" (Robusto), de Cuba. É o mesmo charuto citado no item para acompanhar um vinho de sobremesa.

Após o jogo de tênis Montecristo nº 5 (Très petit corona), cubano. Discreto no registro floral, este charuto é bastante moderado e pode ser consumido a qualquer hora do dia, sendo perfeito para depois de uma partida de tênis, dura em média 20 minutos.

Antes de dormir
Romeo y Julieta "Cedors de Luxe no2" (Cuba). De extrema leveza para a bitola, este charuto desenvolve notas herbáceas com aromas frescos, levemente madeira, bem discretos, desprovido de grande potência (para um cubano), destina-se prioritariamente aos principiantes. TF 30 minutos.

Onde Comprar:
Lenat - End. Praça Dep. Dário de Barros,
15-SL - Tel. (11) 3812-3853
Advanced House - End. Rua Brigadeiro Haroldo Veloso, 61 - Tel. (11) 3078 - 9114

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