Em volta do vinho francês

O apresentador do Bom dia Brasil e do Menu Confiança ressalta sua preferência pelos vinhos de alta classe, principalmente os franceses, e critica o Novo Mundo

por Fernando Roveri

fotos: Holofote/ divulgação
"Devo ter aproximadamente 80 garrafas", diz Renato Machado

Em uma viagem a Paris, em 1967, o jornalista Renato Machado se interessou por vinho pela primeira vez na vida. Mas foi definitivamente fisgado pela bebida quatro anos depois, em Londres. Ao entrar em uma livraria, deparou com a primeira edição do clássico História do Vinho, de Hugh Johnson. Na bagagem, além do livro, trouxe a experiência de ter degustado vinhos de diversos países. "Tive um contato muito grande com vinhos produzidos em toda a Europa, até de países como Eslovênia, antiga Iugoslávia, da Geórgia, da Rússia, enfim, do continente inteiro", diz o jornalista, que aproveitou a carreira de repórter para se aprimorar como um connosseiur. Apresentador do jornal Bom Dia Brasil, exibido pela Rede Globo, ele se tornou um nome conhecido entre os apaixonados por vinhos, leigos ou experientes. No ano passado, suas colunas publicadas no jornal O Globo foram reunidas no livro Em Volta do Vinho. Além disso, o jornalista ancorou a série Reserva Especial, exibida pelo GNT, a primeira do país a percorrer as regiões produtoras mais tradicionais da França, "revelando" o segredo da produção dos rótulos mais prestigiados do país. Atualmente, no mesmo canal, Renato divide o programa Menu Confiança com o chef Claude Troisgros, sugerindo os melhores vinhos para harmonizar com as criações do francês. "Combinar sabores não é uma tarefa fácil", diz o jornalista, que também marca presença "enológica" na rádio CBN.

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Apesar de ser um confesso apaixonado pela bebida, Renato não tem o hábito de "adegar" seus vinhos. "Devo ter aproximadamente 80 garrafas, no máximo. São presentes que recebo em degustações e ocasiões especiais para as quais sou convidado", revela o jornalista. Para quem lhe pede conselhos sobre os vinhos indispensáveis em uma adega, a resposta é imediata. "Os vinhos franceses de alta classe certamente são imbatíveis. Também aprecio alguns italianos, um espanhol, dois ou três alemães e dois ou três americanos, mas todos de alta classe", diz Renato, que guarda na memória a lista dos cinco melhores vinhos já degustados: "Montrachet Domaine Ramonet", "Montrachet Domaine de La Romanée- Conti", "La Tache", "Château Latour" e "Château Haut-Brion". E classifica os anos das melhores safras francesas: 1959, 1961, 1982, 1986 e 1990.

fotos: Holofote/ divulgaçãofotos: Holofote/ divulgação
Na série Reserva Especial, o jornalista " revelou" o segredo da produção dos Grands Crus franceses

Considerado um francófilo por diversos especialistas no mundo do vinho, ele não esconde sua opinião sobre os produtos do Novo Mundo. "Para o mercado são bons, mas para o apreciador não. Esses vinhos têm um excesso de madeira nova na vinificação, são doces e com uma graduação alcoólica muito alta, todos os atributos que um bom vinho não deve ter", avalia Renato. Sobre os vinhos do Brasil: "A vocação do terroir brasileiro são os espumantes, bem melhores que os tintos e os brancos". Vinhos da África do Sul, Austrália e Chile nem passam perto de sua taça.

Se por um lado Renato Machado é tradicionalista, por outro navega pela internet para ficar antenado com o universo vinícola. "Costumo visitar alguns sites americanos voltados para o assunto, como a página de Robert Parker, alguns sites de Nova Iorque de especialistas em determinadas áreas, como o champagne. Além de outros, como o da The Chicago Wine Company, voltados para avaliação e compra de vinhos". Ele também não dispensa a bibliografia e os periódicos impressos. "Vejo publicações como Decanter e Wine Spectator, e também os guias publicados anualmente, como o de Michel Bettane, por exemplo. Há um material imenso sobre vinhos em todo o mundo, a informação é enorme, mas o importante é saber filtrar tudo", ressalta o jornalista e enófilo. O próximo projeto de Renato Machado é um livro sobre sua paixão pelo universo vinícola. Certamente uma boa leitura para acompanhar a degustação de um bom vinho, do Velho ou do Novo Mundo.

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