Leica revolucionou o mundo da fotografia e se tornou a maior referência no assunto
Arnaldo Grizzo Publicado em 14/07/2009, às 14h55 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h46
Uma imagem vale mais do que mil palavras. Nem sempre é assim, mas há imagens, sim, que valem muito. E é justo dizer que cenas pitorescas da história mundial, retratos importantes de fatos que marcaram época, só foram possíveis devido a uma empresa alemã que revolucionou o mercado de câmeras fotográficas no início do século XX. Nomes como o do francês Henri Cartier Bresson e do húngaro Robert Capa, considerados dois dos mais importantes para o fotojornalismo, só se tornaram famosos (e sua arte só floresceu) graças à Leica.
O engenheiro Oskar Barnack – que segundo consta era asmático e, por isso, pensou em diminuir o formato das pesadas máquinas fotográficas existentes no fim do século anterior – desenvolveu os primeiros protótipos da Leica I, durante os anos da I Guerra Mundial na fábrica de materiais óticos Ernest Leitz, em Wetzlar, Alemanha. A primeira Leica (o nome vem de Leitz Camera) só apareceu no mercado em 1925, mas foi sucesso imediato, sendo a primeira realmente portátil de 35 mm.
Desde então, as inovações introduzida pela Leica no mundo da fotografia simplesmente mudaram a maneira como esta arte evoluiu. Poucos anos depois, a empresa alemã lançou um modelo com lentes intercambiáveis e sistema focal integrado. Além das novas tecnologias, o padrão de qualidade de imagem – natural para uma firma que nasceu produzindo binóculos – sempre foi determinante para o sucesso.
Fácil manuseio
Obviamente que a primeira impressão causada pela Leica nos fotógrafos foi sua portabilidade. Gênios da fotografia como Bresson só puderam desenvolver sua arte devido à facilidade de transportar a câmera e a simplicidade de congelar a imagem naquele frame. Assim, a vida cotidiana, os grandes momentos, os conflitos históricos (especialmente a II Guerra Mundial) passaram a ser captados de uma maneira nunca antes feita. Surgia o fotojornalismo.
Henri Cartier Bresson, sempre com Leica |
Durante os anos seguintes, a Leica criou fama de ser a câmera que se adaptava melhor para fotografias à luz natural, tanto que até hoje diversos fotógrafos renomados – tal como o brasileiro Sebastião Salgado – utilizam-na para retratar as suas obras de arte. Diz-se ainda que uma Leica e suas lentes são eternas se bem cuidadas tamanha a robustez do equipamento.
A revolução da fotografia em filmes de 35 mm fez com que a Leica estampasse dois slogans: “uma parte integrante do olho” e “uma extensão da mão”. Tamanha inovação fez com que a empresa popularizasse o uso da máquina fotográfica, pois era mais barato adquirir uma câmera pequena e mais simples de executar os procedimentos para conseguir um instantâneo.
Perfeição de imagem
Fundada nos estudos óticos, a Leica tem a reputação de possuir as lentes mais claras do mercado. Tamanha clareza permite ao fotógrafo o uso da câmera sem flash em ocasiões de pouca luz, algo que todo profissional valoriza. Além disso, o estilo de construção das câmeras permanece similar aos modelos clássicos do início do século, o que serve para manter sua mística. Ser discreta, silenciosa, rápida e precisa são os preceitos que a nortearam durante décadas e isso bate com os dogmas do fotojornalismo.
Um dos primeiros modelos da Leica usado por fotógrafos de renome |
Apesar de diversas inovações na fotografia digital nos últimos anos e crescente concorrência de marcas japonesas e de outras tantas nacionalidades, a Leica permanece na mente de quem sabe que a fotografia não é apenas um clique, mas uma arte que vai além de capturar as imagens.