Em dez anos, a marca Christian Dior ganhou o mundo e consagrou o estilista como um dos maiores
Carolina Almeida Publicado em 20/05/2011, às 11h00 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47
A I Guerra Mundial foi um dos períodos de maior relevância histórica, até no campo da moda. Durante o período, o mundo andava preocupado, as pessoas cabisbaixas, e isso era refletido na maneira de a mulher se vestir. Além daquelas que usavam uniformes de soldado, havia as que, por conta da escassez de matéria-prima, trajavam roupas simples e retas, que em nada contribuíam para expressar sua feminilidade. Mas, em 1947, todo esse retrocesso deu vez a um desfile que revolucionou a alta-costura europeia e mudou os rumos da moda. Era Christian Dior que se fazia conhecer.
Trajetória
Desde seu nascimento, em Granville, na França, a vida de Dior tinha tudo para seguir outro rumo. Vindo de uma família industrial muito rica, ele foi levado a estudar ciências políticas, mas se interessou por artes e decidiu viajar pela Europa, frequentando ateliês de pintura e desenho.
Em 1927, abriu uma galeria de artes com o amigo Jacques Bonjean, mas precisou largar a função após a crise de 1929 empobrecer toda sua família. Tendo que começar do zero, Dior passou a fazer ilustrações de moda para grifes e publicações. Em 1935, o jornal "Figaro Illustre" publicava semanalmente croquis desenhados pelo estilista. Seu primeiro emprego na área se deu três anos depois, quando foi convidado a trabalhar com o estilista suíço Robert Piguet. Daí em diante sua carreira decolou.
Estilista estudou para seguir carreira política, mas acabou na moda
Ele trabalhou com outros estilistas famosos e, finalmente, em 1946, conheceu um dos mais poderosos magnatas da França, o empresário de tecidos Marcel Boussac. Foi ele quem financiou a primeira Maison Christian Dior, aberta naquele ano e localizada no número 30 da Avenue Montaigne, em Paris, endereço que permanece inalterado.
#Q#Exagero
Muito criticado na época, uma das marcas de Dior era o abuso de tecidos na confecção dos modelos, a fim de marcar as curvas das mulheres - alguns chegavam a precisar de mais de 70 metros. Diante disso, os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido recomendaram que seus cidadãos não usassem ou apoiassem o estilista, pois a indústria têxtil não havia se recuperado plenamente. Mas foi tudo em vão. Ao mostrar sua primeira coleção, o mundo foi aos pés de Dior.
O motivo principal que fez da primeira coleção do estilista um sucesso absoluto foi a quebra de paradigmas. Enquanto todos os modelos da época pregavam o conforto e a simplicidade, Dior preferiu esquecer os looks comportados e exaltar os atributos femininos, como o busto e a cintura marcada.
Sua primeira coleção foi um marco histórico da indústria da moda e é lembrada até hoje
Em suas palavras: "Nós saímos de uma época de guerra, de uniformes, de mulheres-soldado, de ombros quadrados e estruturas de boxeador. Eu desenho femmes-fleurs, de ombros doces, bustos suaves, cinturas marcadas e saias que explodem em volumes e camadas. Quero construir meus vestidos, moldá-los sobre as curvas do corpo. A própria mulher definirá o contorno e o estilo".
Dior conseguiu um feito de poucos: dominou o setor durante 10 anos e restabeleceu Paris como o centro do mundo da moda.
New look
A ideia de Dior era realçar a beleza através de roupas femininas, de formas arredondadas e suaves, que fizessem as mulheres se sentirem como flores, assim como nos anos 30. O símbolo do "new look" foi o tailleur Bar - saia plissada, na altura do tornozelo, busto marcado, casaquinho acinturado, ombros naturais, e luvas, sapatos altos e chapéu, que completavam o look. O padrão de vestuário dos anos 50, cheio de glamour, estava formado.
Até sua morte, em 1957, Dior deixou um legado de 22 coleções e muito sucesso. Ao todo, o negócio havia expandido para 28 ateliês, com 1.200 funcionários. Seu legado foi tão impactante que, em 1997, 50 anos depois do grande desfile, a indústria da moda ainda lembrava da data e lançou uma edição comemorativa da Barbie, vestindo o célebre modelo.
As roupas de Dior realçavam, nas mulheres, a feminilidade que havia sido deixada de lado durante a II Guerra. O estilista abusava do uso de tecidos e os governos britânico e norte-americano chegaram a sugerir que os consumidores não comprassem suas peças |