Conheça a história de sucesso do casal suíço que revitalizou a tradição na Herdade da Cardeira
Redação Publicado em 10/09/2024, às 10h00
A Herdade da Cardeira é uma vinícola localizada em Borba, na região do Alto Alentejo, Portugal. A propriedade foi adquirida em 2010 por Erika e Thomas Meier, um casal suíço que se apaixonou pelo terroir da região.
Além de se focar nos vinhedos, o casal também pensou em como modernizar a propriedade em termos estruturais, criando ambientes para que pudessem ficar na propriedade com a família e receber clientes. Foi assim que contataram o escritório de arquitetura Embaixada, de Cristina Mendonça, Nuno Griff e Paulo Albuquerque Goinhas, ainda em 2011.
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O projeto de expansão da vinícola foi concluído em 2019. Desde o início, o objetivo era criar um conjunto arquitetônico que dialogasse de forma contínua com a paisagem agrícola do Alentejo, caracterizada por vinhedos, olivais e antigas pedreiras de mármore.
As edificações pré-existentes incluíam uma adega contemporânea e uma pequena casa antiga. A expansão buscou organizar e integrar esses elementos com novas construções, dispostas em níveis diferentes ao longo de uma colina natural. Isso permitiu a criação de espaços distintos para trabalhadores, clientes e proprietários, cada um com seu próprio grau de privacidade.
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Uma das características mais marcantes da Herdade da Cardeira é o uso da taipa (terra compactada) como principal material de construção. Essa técnica tradicional foi escolhida não apenas por suas propriedades estéticas, que permitem que as edificações se fundam com a paisagem, mas também por suas vantagens ambientais. A taipa proporciona excelente isolamento térmico, crucial para manter a eficiência energética nas rigorosas condições climáticas do Alentejo.
As paredes de taipa são revestidas internamente com gesso de cal natural, enquanto externamente mantêm a cor laranja da terra local, permitindo uma integração visual suave com o ambiente circundante. Além disso, a utilização de pérgulas com vegetação trepadeira e amplas janelas deslizantes contribui para a ventilação cruzada e o sombreamento natural, reduzindo a necessidade de ar-condicionado durante o verão.
A disposição das construções segue uma lógica que privilegia a funcionalidade e a interação com a paisagem. Próximo à adega, situam-se os edifícios de recepção e administração, além da sala de degustação, que oferece vistas panorâmicas dos vinhedos. Uma piscina central com formato que se assemelha ao mapa de Portugal, localizada no mesmo nível da sala de degustação, divide a área de convivência dos quartos, que estão posicionados em um nível inferior, voltados para o nascer do sol.
Essa organização espacial não apenas facilita o fluxo de trabalho e a experiência do visitante, mas também reforça a conexão entre os espaços internos e externos. As transições suaves entre interior e exterior são enfatizadas pelas pérgulas e portas deslizantes, criando uma continuidade visual e funcional que define todo o conjunto como uma entidade coesa. O projeto recebeu menção honrosa no prêmio Arquitetura no Alentejo 2023 e foi finalista no prêmio de Sustentabilidade e Inovação 2021.
Para além de ser um cenário, integrado na paisagem através do jardim que envolve as construções, o complexo assemelha-se a uma antiga aldeia onde a agricultura, o comércio e a habitação compartilham espaço, estendendo-se o interior de cada edifício para o exterior, juntamente com as diferentes áreas com características distintas. graus de privacidade, que no final definem todo o morro como uma entidade única e completa em termos de imagem.