Apesar da China não ter tradição em vinhos, uma visita ao Mr. Lam oferece um rico campo a ser explorado pelos amantes da enogastronomia
Marcelo Copello Publicado em 19/10/2007, às 15h23 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h44
O chef Kin Li Lam e o tio, Mr. Lam |
No mundo dos restaurantes, ser uma novidade é importante, mas ter estrada conta muito mais. Grande acontecimento do cenário carioca em 2006, o chinês Mr. Lam completa agora seu primeiro aniversário. Estes doze meses de estrada resultaram em ajustes no cardápio (agora com um toque mais chinês), na carta de vinhos (mais adaptada aos pratos) e no serviço, que conhece melhor seu cliente.
A cozinha agora é comandada por Kin Li Lam, sobrinho do Mr. Lam (que passa maior parte do tempo em seu restaurante em Nova Iorque). O saca-rolhas também mudou de mãos, o posto de sommelier foi recentemente assumido por Eder Heck, que já trabalhava na casa como aprendiz do sommelier anterior.
A primeira carta de vinhos, inaugurada em 2006, foi assinada pelo ex-diretor da TV Globo e amante dos vinhos, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A lista foi reformulada e aterrissou no Planeta Terra com 157 rótulos, ainda com o forte sotaque francês da versão anterior, mas já com fluência em outros idiomas. Como dica sugiro começar com uma taça de Champagne "Vueve Clicquot Rosé Brut" (R$ 59), que se adapta muito bem à culinária oriental e irá escoltar perfeitamente as várias entradas oferecidas pela casa (um de seus pontos fortes). Peça o "Satay de Frango" (R$ 19) e o "Sqwab" (R$ 29), enroladinhos de frango temperados com molho escuro. Os rosados ficam bem com culinária oriental, por isso senti falta de rosé da Provence na carta.
O cardápio traz várias opções de pratos de camarão, como o "Mr. Lam's Prawns" (R$ 75, camarão empanado com molho de gengibre) ou o "Trio do Mar Light" (R$ 81, camarões, badejo, vieiras e cogumelos chineses). Para escoltar o crustáceo, uma boa pedida a bom preço é o "Gentil Huguel" (R$ 89), branco da Alsacia muito versátil, ou, para voar mais alto, um legítimo e untuoso Condrieu, o "Invitare 2005" (R$ 310). O carro chefe da casa é o "Pato Laqueado" (R$ 148, para três pessoas). O vinho para acompanhá-lo precisa de taninos e maciez, como um bom Shiraz australiano, o "Old Adam 2002" (R$ 240). Quem quiser transformar o Pato Laqueado em uma experiência única, mande sacar a rolha de uma pérola da carta e um dos maiores vinhos da Itália, o "Amarone Dal Forno Romano 1998" (R$ 1.915), um espetáculo.
Detalhes do restaurante, com adega climatizada de 1200 garrafas |
Para a sobremesa peço vênia para quebrar o protocolo, não sugerindo vinho, mas sim uísque. É imprescindível provar peras trufas de chocolate acompanhadas com "Johnnie Walker Gold Label" ultra gelado (R$ 42, uísque incluído), servido em uma pequena e alongada flute.
As taças são boas e a adega climatizada guarda 1.200 garrafas. A oferta de vinhos em taça é limitada a sete rótulos (sente-se falta de um vinho do Porto), complementada por oito opções em meia garrafa. O aconselhamento de Éder é empírico, às vezes acerta, mas sua sugestão para acompanhar camarões é questionável (um Shiraz australiano).
A China, se por um lado não tem tradição em vinhos, por outro oferece um rico campo a ser explorado, tornando uma visita ao Mr. Lam altamente convidativa aos amantes de Baco.
ADEGA | |
CARTA DE VINHOS | |
COPOS | |
SERVIÇO | |
ACONSELHAMENTO | |
VINHO EM TAÇA | |
TAXA DE ROLHA - R$60 a R$90 |