Com a cidade maravilhosa a seus pés

Carta elaborada pelo cineasta de Mondovino faz bonito em cardápio dedicado aos pratos brasileiros

Marcelo Copello Publicado em 26/01/2007, às 09h35 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h44

Baco acaba de conquistar um dos espaços mais charmosos do país. Localizado no topo do bairro de Santa Tereza, reduto do Rio antigo, o restaurante Aprazível não poderia ter nome mais adequado. Que tal almoçar ao ar livre, em um gazebo, em meio a árvores centenárias, com uma indescritível vista da cidade maravilhosa a seus pés? Neste ambiente bucólico também se come bem. A culinária da chef e proprietária Ana Castilho é brasileira, moderna e requintada.

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Almoço ao ar livre e com vista aprazível
Pois agora o vinho também faz parte deste aprazível conjunto. Ana contratou o cineasta norte-americano Jonathan Nossiter, que fez fama com o filme Mondovino, para assinar a carta de vinhos. Nossiter, um defensor dos vinhos brasileiros, elegeu 40 espumantes, brancos e tintos para compor a parte verde e amarela da carta. A lista é complementada por 42 rótulos estrangeiros. Na parte dos nacionais há nomes como Cave Geisse, Dal Pizzol, Marson e Valduga, além de algumas preferências do cineasta, como o Peverella Malvasia Cave Ouvidor, um branco com certa oxidação, por R$ 220. Estamos diante de uma lista "de autor", elaborada criteriosamente, mas que talvez sacrifique o cliente que não deseja se alistar na cruzada de Nossiter contra Rolland e Parker.

Quando se fala de vinho brasileiro, o destaque e a dica é o espumante Cave Geisse Terroir, que sai mais barato que no varejo, por R$ 95. Sugiro provar este orgulho da produção brasileira com o "Palmito Fresco Assado", servido em uma telha de bambu (R$ 23).

Sente-se falta na lista nacional de vinhos servidos em taça e também de rosados e doces. Este espaço é preenchido pelos vinhos estrangeiros, uma lista pequena, bem escolhida, que multiplica a oferta de sabores aos clientes. Para os que querem voar alto há o Pavillon Rouge de Margaux 2002, por R$ 420, preço razoável para este clássico. A dica, no entanto, é o Dolceto d'Alba Moccagatta 2004 (R$ 140), tinto versátil, que poderá acompanhar boa parte dos pratos do cardápio. Um ponto forte da casa são as sobremesas; o gosto brasileiro salta através de preparações com mangas, bananas, goiabas, tapioca, açaí etc. Para acompanhar tudo isso é fundamental uma taça do vinho doce austríaco Riesling Cuvée Auslese 2003, de Kracher (R$ 130 a garrafa).

As taças são adequadas e a adega é climatizada e recheada com cerca de 600 garrafas. O sommelier Manoel Carvalho fez apenas os cursos básicos da ABSRJ, mas demonstra perfil, humildade e detalhismo no serviço. Há que se tomar cuidado apenas com a temperatura, pois a adega da casa mantém os vinhos a cerca de 20oC, ficando difícil provar um espumante gelado no início do serviço. E os tintos chegam na taça a 23oC.

Fica a certeza de que quem for ao Aprazível, além da vista deslumbrante e da boa mesa, encontrará um bom serviço de vinhos.

ADEGA
CARTA DE VINHOS
COPOS
SERVIÇO
ACONSELHAMENTO
VINHO EM TAÇA
TAXA DE ROLHA - R$30,00 (nacionais)
R$80,00 (Champagnes) por garrafa

Rua Aprazível, 62 - Santa Teresa - Rio de Janeiro - Tel.: (21) 2508-9174