A argentina O. Fournier possui uma bodega arrojada em meio à paisagem árida e encantadora da região de Mendoza
Fernando Roveri Publicado em 16/04/2007, às 14h34 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h44
Traços retos e dinâmicos marcam a arquitetura da O. Fournier |
Modernidade e natureza: a bodega com a Cordilheira dos Andes ao fundo |
A região de Mendoza é o paraíso argentino dos enófilos. Lá estão localizadas as principais bodegas do País. Além da arquitetura em estilo europeu presente no centro da cidade, uma das características do local é sua proximidade com a Cordilheira dos Andes. Nas redondezas de Mendoza ficam as vinícolas de renome de nosso vizinho. Uma delas é a O. Fournier, desenvolvida para produzir, anualmente, 600 mil litros da bebida.
#R#Sala de jantar com vista para a Cordilheira dos Andes |
A bodega foi construída em um terreno de 230 hectares, seguindo a orientação da constelação Cruzeiro do Sul, no departamento de San Carlos, a 130 quilômetros de Mendoza. A entrada da construção tem um design de linhas modernas, com rampas laterais que dão acesso ao interior. A arquitetura assemelha-se às criações de Oscar Niemeyer, marcadas pela contemporaneidade. O projeto, de autoria do estúdio Bórmida & Yanzón, possui um visual dinâmico, que se contrapõe com a beleza da Cordilheira dos Andes, ao fundo.
Cave subterrânea: iluminação natural |
A linha de produção começa no térreo, onde chegam os caminhões carregados de uvas. Duas rampas se abrem para permitir o acesso dos veículos. Nesse piso está localizada uma imponente cobertura metálica redonda. Nela, há uma abertura em formato de X, localizada no topo da construção e chamada de parasol.
A cobertura se apóia em quatro colunas cilíndricas, localizadas no centro do edifício, que vão do topo ao andar mais baixo. No nível do terreno natural, estão os tanques de aço inoxidável. A originalidade da O. Fournier encontra-se no processo de produção gravitacional da bebida, evitando manipulações mecânicas bruscas que interferem na qualidade do produto. Ao caminhar por este andar, o visitante pode apreciar tanto a arquitetura arrojada da construção, cujas características são as linhas retas e a união de elementos metálicos com madeira, quanto admirar a alta tecnologia utilizada para a fabricação do vinho.
Detalhe da recepção |
Porém, a maior surpresa fica guardada no subsolo. Lá, são armazenados os barris de carvalho, distribuídos em fileiras adornando o ambiente. A entrada de luz natural ocorre pela abertura em formato de X, localizada no topo do edifício. Em um exercício de perfeição arquitetônica, o desenho dos raios solares acompanha o piso. Nesta sala, de enormes proporções, o visitante não caminha entre os barris, mas em uma plataforma elevada que permite ainda a apreciação das obras de arte que decoram as laterais da sala.
No mesmo piso do salão de jantar encontra-se uma sala de degustação. Uma de suas paredes com vista para a Cordilheira possui uma janela de vidro que, em vez de esquadrias, é emoldurada, como uma pintura, tornando os Andes uma imagem em constante mutação, parte integrante da decoração do ambiente. Prova de que, em Mendoza, a natureza e as mãos humanas trabalham em harmonia, quer seja em um espetáculo arquitetônico, quer seja em um belíssimo vinho.