Havanna fez de seu inconfundível alfajor um dos maiores cartões postais argentinos
Thalita Fleury Publicado em 17/11/2008, às 14h56 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h45
Seis milhões de alfajores são consumidos diariamente na Argentina. A variedade impressiona - existem os simples, triplos, negros, brancos, de chocolate, doce de leite, pêssego, marmelada, uva, torta de limão. Seja qual for a preferência do freguês, a verdade é que o doce é um dos alimentos mais tradicionais do país. Mas, apesar do extenso número de fabricantes, dentro e fora da Argentina esse doce tem nome: Havanna.
A guloseima teve origem na Espanha, durante a invasão muçulmana. Sendo assim, o antecedente mais próximo do alfajor é espanhol, especificamente da região de Valverde Del Camino, onde se fabrica artesanalmente as bolachas do doce, que consistem em uma massa de mel, amêndoas, pão moído, canela, cravo, entre outros ingredientes. Na América, os primeiros indícios de sua presença surgiram na Venezuela e Peru, onde era dado para as tropas de espanhóis.
Na Argentina, o alfajor chegou graças ao francês Augusto Chammás, que se mudou para o país em 1840. Ele é considerado um pioneiro, pois era dono de uma pequena indústria familiar dedicada à confecção de doces e, entre eles, estava o alfajor. Chammás foi ainda responsável pela idéia -inovadora na época - de confeccionar o produto em tabletes circulares. Mas, a marca que daria status mundial de delícia argentina ao alfajor ainda estava por surgir.
Unindo ingredientes
A história da Havanna começou em 1939, quando os amigos Benjamín Sisterna e Luis Sbaraglini se uniram para estabelecer uma pequena fábrica de alfajores em Buenos Aires. Um de seus principais clientes era Demetrio Eliades, dono de duas bombonieres. A relação entre eles, a princípio comercial, transformou-se em uma grande amizade.
O vínculo cresceu a ponto de os três decidirem abrir Havanna, uma nova fábrica de alfajores, em Mar del Plata. Foi assim que, em 1947, após meses de trabalho e dedicação, o confeiteiro Toribio González desenvolveu a preciosa receita que, mais de meio século depois, continua um sucesso inquestionável.
A inspiração para o nome da marca veio de Eliades. Após uma viagem para Cuba, ele se impressionou com os shows em estilo tropicana que resolveu copiá-los na Argentina, criando a casa noturna Havanna. Como o negócio não prosperou, investiu no ramo da confeitaria, mas fez questão de manter o nome que o lembrava das noites caribenhas.
Mão na massa
O inconfundível sabor da receita de Gonzáles não foi o único fator determinante do sucesso da Havanna. Afinal, se não fosse a habilidade empreendedora dos três sócios, talvez hoje os brasileiros não conhecessem o famoso produto argentino.
Atualmente existem 150 fabricantes na Argentina. Quando Havanna começou, esse número era muito menor, mas já havia fortes competidores no país, como Baby, Truffles o Miam e a líder daquele momento, Gran Ciano. A solução encontrada pelos sócios foi simples: comprar a Gran Ciano. A nova aquisição possibilitou que fosse incorporada a fábrica da ex-líder, localizada na Avenida Constitución. Com isso, começaram a fazer o alfajor de nozes e também a banhar o doce com cobertura de chocolate branco.
Simples
O processo de produção de um alfajor Havanna consiste, inicialmente, na preparação das bolachas, base para todos os sabores. Elas são feitas com uma mistura de açúcar, gemas, farinha e outros ingredientes. Em seguida, são transportadas para um forno, onde ficam até o ponto ideal de cozimento.
Depois, são encaminhadas para receber os diferentes recheios ou coberturas. Por fim, ganham as belas embalagens. A receita é aparentemente simples, mas sem dúvida, esta simplicidade esconde o segredo que fez da Havanna a maior grife de alfajores do mundo.