A África do Sul é a segunda potência mundial de golfe. Com 440 campos, coleciona títulos e excelentes opções de vinhos.
Guillermo Piernes Publicado em 14/02/2006, às 09h45 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h43
Extrair grande prazer no golfe é como lograr o máximo proveito de um bom vinho e depende fundamentalmente de sensibilidade e conhecimento. Como o vinho, o golfe é salutar na medida apropriada. Beber demais e jogar demais são causas históricas de divórcio, que sempre custa mais caro do que a melhor garrafa de vinho ou a melhor viagem de golfe. Viajar jogando golfe e bebendo vinho é a melhor receita contra o divórcio e para o brilho de uma relação. Por isso, transcrevermos alguns relatos de uma viagem de golfe e vinhos pela África do Sul.
Na sala da estação ferroviária da Cidade do Cabo, forrada de tapetes persas e confortáveis sofás, um grandalhão sorridente, com impecável sotaque inglês, recebeu nossa mala e nossos tacos de golfe. A recepcionista indicou o número de vagão que ocuparíamos para a jornada de 1.300 km e 25 horas a bordo de um dos mais fantásticos trens do mundo, o Blue Train. Para aliviar a tensão antes do embarque, aceitamos uma taça de Twee Jonge Gezellen Krone Boreais, champanhe clássico do Cabo, que mistura em partes iguais Chardonnay e Pinot Noir. Uma cama grande, um criadomudo e uma escrivaninha de madeira. Uma boa banheira junto ao lavabo.
Mal acabamos de ler as instruções para usar o telefone celular da cabine, e o trem partiu, pontualmente ao meio-dia. Era nossa fantasia atravessar boa parte da África de trem, apreciando os melhores vinhos sul-africanos e preparando o espírito para jogar golfe nos deslumbrantes campos em Johannesburg, Sun City, Krueger Park. No trem cabiam apenas 74 passageiros. No último vagão-observatório, a atenção era monopolizada pelos vinhedos vizinhos à Cidade do Cabo e pelas plantações de girassol, cujas flores estavam levemente inclinadas para a fonte de luz, indicando que era hora de almoço no Blue Train.
Mas ninguém lembrava. Chegou a noite. Após um banho de espuma na banheira, vesti blazer e gravata, como a maioria dos homens. As mulheres chegaram com elegantes vestidos para jantar. As opções eram avestruz ou cordeiro da região semidesértica de Karro, a qual percorríamos. Um Allesveloren 1998, vinho tinto forte e aromático de uvas Shiraz, acompanhou a pedida. Depois, conversas no vagão do bar sobre o campo de Gary Player em Sun City, as mudanças sociais após o apartheid e o terroir do vinho que degustávamos. Após passarmos por Kimberley, a legendária terra dos diamantes, o tema passou a ser, naturalmente, jóias. No meio da noite, carregamos as taças para a cabine. Pecamos ao ignorar as borbulhas ou a uva utilizada nesse champagne, enquanto o trem seguia avançando pela savana africana.
#Q#Dias de golfe, vinho e rosas
É difícil escolher um campo de golfe na África do Sul, pelo excesso de opções. África do Sul conta com 440 campos, ou seja mais de quatro vezes o número de campos do Brasil e com quase 10 vezes mais praticantes. Possivelmente, o campo de golfe mais famoso na África do Sul seja o Gary Player Country Club, em Sun City. Nesse campo disputam-se grandes torneios, como o torneio por convite, com prêmio de US$ 1 milhão ao vencedor.
Fica perto do hotel de seis estrelas do continente africano. O Durban Country Club é visita obrigatória para o turista de golfe. A África do Sul é, depois dos Estados Unidos, a potência mundial de golfe. Ernie Els é o terceiro do ranking mundial; Retief Goosen já venceu o U.S. Open e Gary Player é uma das
Guillermo Piernes é jornalista, escritor e consultor corporativo de golfe. Colunista de golfe da Gazeta Mercantil e Forbes. Autor dos livros Comunicação na América Latina e Tacadas de Vida. Ex-diretor de Informação Pública da OEA em Washington e ex-diretor de marketing das Federações de Golfe do Rio de Janeiro e Centro-Oeste/Nordeste. piernes@yahoo.com