Vinhos do Vale do Rhône possuem alta pontuação de Robert Parker, mas ainda não representam grandes investimentos
Douglas Andreghetti Publicado em 01/07/2010, às 07h18 - Atualizado em 21/05/2019, às 14h41
O Rhône é provavelmente a região com as maiores pontuações do mundo de Robert Parker. 84 vinhos já ganharam a famosa marca RP 100 (ou RP 98-100), enquanto Bordeaux possui 83 vinhos com o mesmo score.
Até 2000, os vinhos da região eram apenas procurados por alguns aficionados. Apesar das lendárias safras 1989, 1990 e 1991, eles não conseguiam chamar mais atenção do que aqueles feitos em Bordeaux, Itália ou Califórnia. Na metade dos anos de 1990, algumas safras ruins fizeram a região cair no esquecimento, enquanto outras áreas foram agraciadas com abundância e vinhos excelentes.
Mas isso mudou em 2000, quando Robert Parker revisou a safra de 1998 e proclamou: "Visito a França profi ssionalmente por 22 anos e nunca tinha visto uma transformação de qualidade tão grande como a do Vale do Rhône nestes últimos quatro ou cinco anos". Isso marcou uma nova era para o Rhône. O trabalho da nova geração de vinicultores foi finalmente recompensada depois de anos de declínio.
A maior nota de Robert Parker para um vinho do Vale do Rhône (que inclui a região dos míticos Châteauneuf-du-Pape, perto de Avignon, que foi morada dos papas franceses na Idade Média - no Palais des Papes - na foto ao lado) foi o Domaine Pégaü "Cuvée da Capo"
A maior nota de Parker até hoje foi para um vinho do Rhône:
Domaine Pégaü 2003 "Cuvée da Capo" RP 100+
A região também preenche todas as condições necessárias para obter a marca IGW:
Pontuações altíssimas e consistentes;
Habilidade para amadurecer bem por várias décadas;
Muitos produtores com excelente pedigree;
Produção grande o bastante para os investidores montarem uma posição de compra;
Apreciação de preços nas grandes safras.
Então, por que ainda os vinhos do Rhône não viraram alvo dos investidores? Em parte, a resposta é porque não faz muito tempo que as melhores safras estão sendo provadas. A safra 1998, por exemplo, só ficou pronta a partir de 2007. Por isso, poucos tiveram a oportunidade de degustar os vinhos e provar que efetivamente amadureceram bem.
Outra questão é que poucos vinhos tornaram-se IGW, ou seja, ainda existe um grande número de excelentes produtores com vinhos RP 100, que não foram percebidos pelos traders do mercado internacional, como Roger Sabon, Michel Ogier, Pierre Usseglio, Clos Saint-Jean, e La Janasse.
Só para termos uma ideia da diferença de preços, os vinhos IGW de Guigal (La Landonne, La Mouline e La Turque) facilmente alcançam cifras acima de 1.000 euros por garrafa, enquanto os nomes menos badalados não chegam a 50% desse valor.
Mas, mesmo com essa valorização expressiva, nem os vinhos top do Rhône alcançam a média dos vinhos IGW de Bordeaux. No gráfi co comparativo entre o Guigal "La Landonne" 1998 e o Liv-ex 100 (composto com 95% de vinhos de Bordeaux), este ícone de Côte-Rôtie perde em mais de 50% nos últimos dois anos.
Por esse motivo, o conselho dos especialistas é investir apenas nos vinhos com RP 99-100 e rezar para o mercado acordar na região. É arriscado para quem investe, mas é muito bom para quem gosta de degustar vinhos com excelente preço x qualidade.