Edgar Rechtschaffen Publicado em 18/10/2007, às 14h20 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h44
Vinícola no Douro substitui homens por robôs nos lagares |
ADEUS À PISA EM LAGARES
Durante 300 anos, no Douro (Portugal), as uvas na produção do vinho do Porto são esmagadas pelo processo da pisa humana, em lagares de pedra. Agora, a Symington Family Estates (Dow, Graham, Campbell, Warre, Quinta do Vesúvio) está substituindo esta prática artesanal por lagares robóticos: num enorme tanque de aço inox, quatro grandes blocos, também de inox, e cobertos por silicone (material bastante em moda), simulam a ação de duas carreiras das alegres e cantantes pessoas. Uma das razões alegadas é que com a ascensão econômica do norte de Portugal, ficou cada vez mais difícil encontrar pessoas dispostas a esta tarefa sazonal, que, além do mais, para minimizar a temperatura, desenrola-se no meio da noite. Também, ao que parece, os pés de silicone são melhores que os humanos para promover um esmagamento mais suave e uma extração mais uniforme. Só falta o canto folclórico.
ÓLEO GOURMET
Um casal empreendedor encontrou ouro num dos lixões de resíduos orgânicos oriundos do processo de produção de vinho. No município de Prosser, no estado de Washington, EUA, Lorin e Eric Leber criaram a empresa Après Vin (após vinho, em francês), dedicada à produção de óleo de caroço de uva. O óleo é produzido numa fábrica de processamento de frutas, situada no baixo Yakima Valley. Uma recente degustação foi iniciada da seguinte maneira: “Iniciaremos com o bastante sutil óleo da Riesling, para então, passar pela delicada Chardonnay, e, então, apreciarmos o mais marcante e encorpado Merlot”. O casal Leber tem um projeto ambicioso: Competir com óleos europeus mais baratos, geralmente resultado de assemblages neutras, através da produção de óleos varietais, com aromas e sabores característicos.
Fonte: Reuters
Stag‘s Leap: US$185 milhões |
FAMOSA VINÍCOLA VENDIDA
A vinícola que catapultou o vinho Cabernet Sauvignon do Napa Valey para o mesmo patamar que o de Bordeaux deixou de ser uma empresa privada. O ex-acadêmico de Chicago, Warren Winiarki, cujo “Stag’s Leap Cabernet Sauvignon 1973” foi o primeiro colocado, à frente dos Premier Grand Crus de Bordeaux, no “Embate de Paris, 1976”, surpreendeu a comunidade do vinho ao noticiar a venda do Stag’s Leap para uma joint venture do grupo italiano Antinori, com a Ste. Michele Wine Estates, por US$ 185 milhões. A transação incluiu, além da vinícola e de suas diversas marcas, 200 acres (81 ha) de vinhedos. “ Este dia mescla tristeza e alegria. Mas assegura a continuidade”, declarou Winiarski.
Fonte: San Francisco Chronicle
PARA DEGUSTADORES E ENÓFILOS
ROTHSCHILD X ROTHSCHILD
Em 6 de agosto, aos 90 anos, faleceu o Baron Elie de Rothschild. Ele ficou conhecido no mundo do vinho por ter retomado o controle do Chateau Lafite e revivido seu vinho, em 1946, que sua família judia havia perdido durante a ocupação nazista da França. Elie de Rothschild passou a administração do Chateau Lafite a seu sobrinho, Eric de Rothschild, em 1974. O falecimento de Elie traz à memória uma longa disputa travada por ele contra seu primo, o Baron Phillippe de Rothschild, que também retomara sua propriedade Mouton Rothschild após a ocupação nazista. Por três décadas, Phillippe tentou de tudo para conseguir elevar o status de seu vinho, o Mouton Rothschild, de Second para Premier Grand Cru Classé, a maior distinção conferida pelo Classement de 1855. Nesta sua cruzada, sofreu ferrenha oposição dos quatro detentores desta maior distinção (Ch. Latour,Ch. Lafite, Ch. Margaux e Ch. Haut-Brion), entre eles seu primo Elie, já que o classement tinha caráter pétreo. O esforço de Phillippe teve êxito em setembro de 1973, com a assinatura de decreto do então ministro da agricultura Jacques Chirac (futuro e ex-presidente da França). Atualmente, o web-site de Lafite rememora o episódio como uma “disputa saudável”.