Os planos da família Torres para o Brasil. Eles pensam até em ter uma vinícola no país
Por Christian Burgos Publicado em 07/09/2013, às 00h00 - Atualizado em 08/09/2013, às 00h50
A família Torres possui um histórico de pioneirismo tanto na Espanha como no mercado internacional. Por exemplo, eles foram a primeira vinícola estrangeira a investir no Chile ainda em 1979, quando Miguel Torres comprou 100 hectares, além de importar os primeiros tanques de aço inoxidável vindos da Espanha para o país. De lá para cá, a família se estabeleceu nos Estados Unidos como produtores, mas também iniciou operações próprias na China e Índia. A operação brasileira hoje é comandada por Marc Perelló, que até o ano passado dirigia o escritório na Índia. Ele conta como as mudanças na participação da família na Devinum.
A importadora Devinum era uma sociedade das famílias Torres, da Espanha, e Pescarmona, da Argentina. O que mudou?
Até pouco tempo, a família Pescarmona tinha 41% de participação societária. A família Torres, porém, comprou esta participação e agora tem 100% da Devinum.
E por quê?
Desde o princípio, era um pouco complicado. Eram duas vinícolas estrangeiras vendendo seu próprio vinho, cada uma com uma pessoa na empresa e seu próprio foco. Eu cheguei ao Brasil com o objetivo de reestruturar a operação. A família Torres tem certeza de que o mercado brasileiro tem muito potencial não só para Espanha, mas também para seus vinhos do Chile, além de acreditar na expansão do portfólio, sempre com vinícolas familiares.
É uma prova de confiança no futuro do mercado?
Sem dúvida, a visão da família Torres é de médio a longo prazo. Em um primeiro momento, é nosso objetivo incrementar e equilibrar o portfólio. Não queremos ser gigantes e depois termos problemas para dar resultados a todas as vinícolas que distribuímos e ainda distribuiremos.
Como ficam os vinhos da Lagarde?
A relação é ótima e firmamos um acordo de distribuição por mais cinco anos.
Como você vê esse novo portfólio?
Buscamos equilíbrio. Temos altíssima qualidade na Itália, por exemplo, com vinhos excelentes, preço médio/alto e ainda não muito conhecidos no Brasil. Então também buscamos equilíbrio com uma base para gerar volume ao negócio.
Valorizar e distribuir vinícolas familiares é sempre algo que Miguel Torres reforça?
Sim, isso é parte da forma como vemos o mundo do vinho. Não à toa somos membros da PFV (Primum Familiae Vini) e localmente sempre apoiamos projetos sociais ligados à sustentabilidade e às crianças.
No Brasil, que projeto apoiam?
Temos orgulho de apoiar a Childhood Foundation. Recentemente, fui ao Rio de Janeiro conhecer uma casa em um dos bairros mais conflituosos, onde hoje são atendidas 200 crianças. As crianças são apoiadas em educação tanto no ensino, como, por exemplo, com aulas de capoeira, um esporte que ensina autodisciplina. A família Torres contribuiu com o dinheiro para comprar a casa que é gerida pela Childhood em conjunto com a Terra dos Homens.
O que Torres espera do mercado do vinho no Brasil?
Gente que é muito boa em outros negócios entra nesse mundo e espera resultados rápidos. O mundo do vinho é um mundo de paciência, persistência e proximidade com o cliente. Sempre investindo no país.
Há planos de ter uma vinícola Torres no Brasil?
Não descartamos a possibilidade de ter uma vinícola local, inicialmente distribuindo.
Falamos de espumante?
O vinho de maior qualidade e competitividade que o Brasil está fazendo é o espumante. Mas isso ainda não é para 2013, quiçá 2014.