Um perfil da Vinexpo, a feira que dita tendências no mundo do vinho
Christian Burgos Publicado em 16/07/2013, às 08h03 - Atualizado em 31/07/2013, às 11h25
É sempre bom fazer negócios, mas é sempre agradável relembrar que no mundo do vinho negócios e savoir- -faire continuam andando de mãos dadas. Uma das mágicas dessa indústria é a oportunidade de conviver com culturas, lugares e, acima de tudo, pessoas muito especiais. A Vinexpo nos permite viver exatamente isso - é um ponto de encontro dos principais players do mundo do vinho, onde aos amigos de longa data juntam-se novos amigos. Além disso, o charme de Bordeaux e os incontáveis eventos privados nos Châteaux contribuem para esse ambiente singular, em que o difícil é dizer não a muitos convites de degustações especiais por pura falta de agenda.
Apesar de todas as mudanças que o mercado vem experimentando, com o enfraquecimento de algumas grandes feiras, como a London Wine Fair, o fortalecimento da ProWein e o incremento do peso das feiras realizadas no oriente, é bom ver que Vinexpo reafirmou sua tradicional posição no mundo do vinho em 2013.
Os cinco intensos dias do evento comprovam que a feira é um verdadeiro hub internacional por onde passaram nada menos do que 48.858 visitantes de 148 países, sendo 38% de visitantes profissionais não franceses. A China, com 3.388 pessoas foi o país com mais visitantes fora da França, um crescimento de 13,9% (além dos visitantes, jornalistas e até cinegrafistas chineses circulavam com desenvoltura pela feira). Japão foi o segundo país e o crescimento de visitantes da Índia, Taiwan, Vietnã e Malásia é um reflexo do impulso do consumo de vinho na Ásia de maneira geral.
Ciro Lilla, Carmem Lilla, Otávio Lilla e Rebeca Silva | |
Adolar Hermann, Edson Hermann e Guilherme Corrêa |
CIDADE DAS CIVILIZAÇÕES DO VINHOUm dos grandes eventos da Vinexpo 2013 ocorreu na quarta-feira, 19 de junho, com o assentamento da pedra fundamental do Centro de Vinho e Civilização, em Bordeaux. O projeto futurista - avaliado em mais de 60 milhões de euros - vai tratar, além do vinho obviamente, de toda a cultura a ele associada, não sendo apenas um museu ou parque temático, mas contendo inúmeras atividades, tornando-se um centro de referência e de conhecimento da bebida. Os trabalhos vão começar em setembro deste ano e a previsão de inauguração é março de 2016. Espera-se que ele acolha 425 mil visitantes por ano. |
O maior consumidor de vinho do mundo também teve forte representação (a terceira mais numerosa), com 1.433 profissionais americanos, além de 731 canadenses. Reino Unido, Bélgica e Alemanha foram respectivamente quarto, quinto e sexto países em número de pessoas.
Do outro lado do balcão, os 2.400 expositores de 44 países posicionaram-se para fazer negócios nos 40 mil metros quadrados de área - onde era possível degustar vinhos consagrados e ao mesmo tempo mergulhar em produtores exóticos como Romênia, Turquia ou Japão.
Tiago Dal Pizzol, Peterson Cantu e Dominic Symington | |
Pedro Correa de Oliveira e Adilson Carvalhal Jr | Alfredo Srour e Cristina Neves |
Como já tratamos em nossas páginas, o Brazil (com Z mesmo) vem saindo da categoria dos exóticos e conquistando reconhecimento, em um estande que estava sempre cheio e que fez um volume considerável de negócios. Andreia Gentilini Milan, diretora de promoção do Instituto Brasileiro do Vinho, ressalta que os negócios que acontecem hoje exigiram encontros ano após ano até os interessados confiarem na constância da região produtora e do produtor.
Robert Beynat, diretor executivo da Vinexpo, ressalta que toda essa movimentação confirma seu prognóstico de que o consumo de vinho crescerá 145 milhões de caixas entre 2012 e 2016, com Estados Unidos aumentando 40,5 milhões, China 70,5 milhões e Rússia 17,4 milhões de caixas. Resta saber qual o papel que a recente ojeriza dos dirigentes chineses aos sinais exteriores de riqueza exercerá sobre o comportamento do consumidor chinês.
Alguns dos principais players do mercado brasileiro estiveram na feira bordalesa
Aqui do Brasil encontramos alguns dos principais players do mercado que utilizam a feira para identificar tendências, reunir-se com seus produtores de todo o mundo numa única viagem e também visitar e degustar com os produtores da região de Bordeaux. A esses gigantes brasileiros se juntavam novos importadores, dispostos a encontrar os melhores vinhos para compor seus portfólios e buscar seu lugar ao sol.