Entenda como o sucesso do programa de tv americano, The Bachelor 3, funcionou como estratégia de marketing para a Vinícola Firestone
Marusia Gomez Publicado em 13/02/2006, às 14h54 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h43
Essa foi a fórmula mágica da Vinícola Firestone, atualmente uma das mais conhecidas vinícolas do mundo, graças a um reality show - The Bachelor 3 - que é transmitido no Brasil pela Warner Channel, através da tv por assinatura, aos sábados, às 20 horas. The Bachelor é um programa que mostra uma acirrada disputa em busca do amor, uma verdadeira gincana amorosa. Um homem bonito, rico, bem-sucedido e, é claro, solteiro, procura o seu "verdadeiro amor", entre 25 mulheres sensacionais. Elas foram escolhidas a dedo para participar do show e também estão em busca do seu "verdadeiro amor", num solteirão ideal.
A Vinícola Firestone era, até 2003, uma pequena vinícola familiar. Produzia 100.000 caixas por ano de vinho de boa qualidade em Los Olivos, localizada no bucólico vale de Santa Ynez, no sul do Califórnia, a 45 minutos de Santa Bárbara (o filme Sideway - Entre Umas e Outras - do diretor Alexander Payne, teve várias cenas ao ar livre rodadas lá). Andrew Firestone, bisneto do lendário Harvey S. Firestone, fundador de uma das maiores indústrias de pneus do mundo - a Firestone - e filho do fundador da Vinícola Firestone, foi escolhido pelos produtores do show da ABC Television para ser o solteiro desejado em The Bachelor 3.
O programa foi ao ar em 2003 nos Estados Unidos, colocando o nome da vinícola em cadeia nacional, em horário premium. Andrew é um rapaz de 28 anos, de olhos azuis e cabelos negros, elegante e solteiro, com um sobrenome tradicional e cara de galã de novela . Ele cuida do marketing da vinícola e conseguiu, através do reality show, transformar a empresa da família em um caso de sucesso internacional . E ele, em uma celebridade, do porte de rock star. Estratégia de marketing ou realmente um homem em busca do amor verdadeiro?
No Brasil, segundo dados da Warner Channel, o canal atinge 3 milhões de lares brasileiros e cerca de 12 milhões de telespectadores em idades de 18 a 34 anos. Portanto, estamos falando de uma estratégia de comunicação bem sucedida, principalmente porque, segundo dados da indústria americana produtora de vinho (American Wine Industry), as mulheres representam 77% das compras e 60% do consumo de vinho nos Estados Unidos. No Brasil, segundo dados do IBGE, as mulheres representam 10% da venda de vinhos no mercado. São telespectadoras desse tipo de programa - uma categoria de mulheres que os americanos chamam de chick-lit - jovens independentes, geralmente solteiras, quase sempre cosmopolitas, com bons empregos.
Quer dizer, mulheres modernas, com poder aquisitivo alto e em escalada social, embora, ao final, alimentem o sonho de um grande amor em sua vida. Ou vivem lambendo as feridas por causa do amor de suas vidas. As mulheres, cada vez mais, estão interessadas em consumir produtos que agreguem cultura, mostrem estilo de vida e sofisticação. Para o consumidor jovem (18 a 34 anos) e feminino, o vinho deixou de ser simplesmente uma bebida e transformou-se em um modo de perceber o mundo, um novo patamar sócio-cultural.
Andrew Firestone, encontrando ou não sua cara-metade, realizou uma grande estratégia de promoção da marca da Vinícola Firestone, tornando seus vinhos desejados. Agora, é só esperar que os vinhos da Firestone cheguem por aqui (recomendo o Riesling, safra de 2003), no Brasil. Ou, quem sabe, aproveitar e dar uma escapada até Los Olivos e dar a sorte de esbarrar com o bonitão da vez.