Com saca-rolhas afiado, Aguzzo abre sua carta de vinhos para o mundo além da Itália
Marcelo Copello Publicado em 03/07/2008, às 10h58 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h45
O Aguzzo Caffè e Cucina, que está comemorando dois anos de existência, é cria do paraense Osmânio Luiz Rezende. Ex-maître de casas requintadas como Le Coq Hardy e Parigi (Fasano), de onde trouxe o chef Alessandro de Oliveira, Rezende manteve a tradição da rica culinária italiana. O cardápio passeia por várias regiões da bota, sempre em receitas bem-cuidadas, com ingredientes de qualidade e paladar deliciosamente agudo (ou aguzzo).
Nenhuma casa italiana pode ousar ter sucesso sem uma adega a altura da cozinha. O saca-rolhas aqui está bem afiado, pilotado pelo sommelier Eric Ferreira, que dispõe de 106 rótulos no repertório. A lista é sucinta, mas bem democrática. Na gama de preços, vai das boas às grandes compras. E por não ter um domínio explícito da Itália (28 rótulos), mantém também boas opções da França (20 opções), Chile (20) e Argentina (16).
Como sugestões, já que a carta permite, vamos sair um pouco dos vinhos italianos e começar com um belíssimo Sauvignon Blanc do Chile, o Cartagena 2005, da Casa Marin, com acento mineral e aromas de aspargos. Este caldo encantará os amantes das harmonizações ousadas ao ser combinado com a Insalatina all´Aguzzo (R$ 28), mussarela de búfala, aspargos verdes, endívia e tomate.
Para o prato principal, acho obrigatório provar as massas frescas feitas na casa. O Maccheroni alla chitarra con ragú d´agnello (R$ 40), prato típico de Abruzzo, ficará "em casa" com o Montepulciano D´Abruzzo 2006, de Casale Vecchio (R$ 89), tinto jovial e gastronômico. Aos carnívoros, o Filetto di manzo al parmigiano all´Aguzzo (R$ 46) é a solução. E na taça, correndo risco de roubar a cena, um francês de estirpe, o Reserve de la Comtesse 2003 (R$ 396). Este caldo nobre, feito pelo Château Pichon Longueville de Pauillac-Bordeaux, tem preço que pode parecer alto, mas está relativamente bem em conta e, mesmo de safra recente, já está bastante expressivo. Lembre de pedir para decantá-lo.
Sei que não será fácil, mas tente guardar um espaço para as sobremesas, que aqui saem do banal e oferecem boa variedade. Prove a Pannacotta di zafferano con salsa di cioccolato e cannèlla (R$ 15) - clássico creme italiano com açafrão, calda de chocolate e canela - , ou a Crostata di mele verdi con gelato (R$ 15) - torta crocante de maçã verde com sorvete de nata. Ambas ficarão bem com o Harvest Riesling 2005 (R$ 78) da chilena Viña San Pedro.
Apesar da adega pequena (600 garrafas), é climatizada e as taças são muito boas. Na carta faltam vinhos oferecidos em taça e há apenas cinco opções em meias garrafas (um espumante, dois brancos e dois tintos). A taxa de rolha é bem honesta (apenas R$ 30) e não é cobrada a clientes assíduos, o que, hão de convir, não é nenhum sacrifício.