Editorial - Edição 104
Redação Publicado em 20/06/2014, às 00h00
Temperatura é um ponto crucial quando se trata de vinho. Basta caírem alguns poucos graus com a aproximação das estações frias e logo todo mundo começa a pensar em vinho. É natural. Mais do que isso, é cultural.
O frio clama por pratos mais calóricos e bebidas mais encorpadas. Ao mesmo tempo que nosso organismo demanda mais energia para manter a temperatura corpórea equilibrada (e, além disso, queremos ter aquela sensação gostosa de nos aquecermos não só de fora para dentro como de dentro para fora), há gravado em nossos inconscientes que esta é a época dos alimentos “mais gordos”.
A fondue, então, é um clássico. As mais conhecidas são as de carne, de queijo e de chocolate, mas hoje é uma receita que ganhou nuances, podendo abarcar ingredientes menos usuais, como funghi, trufas etc, além, obviamente, dos mais diversos tipos de carne, queijo e chocolate. Por isso, as possibilidades de harmonização também se multiplicam e, nesta edição, ADEGA resolveu pôr à prova as diferentes combinações e apontou as melhores interações entre variedades dessa tradicional receita suíça e grandes vinhos.
Com a chegada do frio, aproveitamos também para falar sobre vinhos com estilo mais encorpado, que sofrem preconceito indevido dos críticos anti-Parker. É nessa época que bebidas mais potentes têm a oportunidade de provar que, apesar disso, podem ser equilibradas. Assim, ADEGA selecionou alguns bons rótulos para ajudá-lo a se aquecer neste inverno.
Para quem quer aproveitar essa época para se refugiar entre bom vinho e boa comida, também sugerimos um passeio pelas delícias da Serra Gaúcha. Nesta edição, você tem um guia prático e repleto de dicas para desfrutar dos melhores ambientes na principal região vitivinícola brasileira. Um programa imperdível, seja a dois, seja com a família.
Mas a temperatura não é determinante só para o nosso humor em relação ao vinho e, dessa forma, um dos assuntos abordados nesta edição é a temperatura de guarda. Você verá que poucos graus podem fazer uma enorme diferença na evolução de seus vinhos. Portanto, todo cuidado é pouco com sua adega.
Por fim, ainda vamos falar sobre o efeito transformador do vinho – capaz de mudar a vida de quem se apaixona por ele, com relatos de atendentes do Pão de Açúcar – e também de como a filosofia libertária do “Maio de 68” influenciou os vinhos do Priorato, segundo conta René Barbier, o pioneiro da região, que produz nada menos que o ícone Clos Mogador.
Saúde,
Christian Burgos e Arnaldo Grizzo