Avaliamos as últimas 10 safras (desde 2000 até 2009) e mostramos o que de melhor aconteceu em cada região do mundo
Luiz Gastão Bolonhez Publicado em 07/10/2010, às 13h54 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47
Quem não se lembra da virada do ano de 1999 para 2000? Os supersticiosos certamente sentiram um frio na espinha, acreditando que talvez o mundo pudesse mesmo acabar ali. E o bug do milênio? No fim, os computadores não pararam de funcionar e a vida continuou numa boa. E no mundo do vinho, o que aconteceu? Por mais popular que a bebida tenha se tornado, a verdade é que as preocupações e expectativas dos vitivinicultores quase sempre são as mesmas, dia após dia, mês a mês, ano a ano e assim por séculos a fio: ter condições de produzir uma boa safra. O clima e o solo, juntamente com todo o savoir-faire acumulado por gerações, resulta no vinho. O novo milênio (na verdade o milênio não começou em 2000, mas em 2001), assim como certamente galgou novos enófilos, trouxe-nos novidades dentro das garrafas.
Portanto, ADEGA resolveu fazer uma analise profunda das melhores safras do novo milênio, comentando os destaques de cada ano, região por região. O objetivo é facilitar o trabalho do enófi lo, para que ele se torne um garimpeiro para encontrar o vinho mais especial e da safra que tenha um significado particular para ele. Então damos um raio-x nas principais safras do Velho e do Novo Mundo para mostrar o que há de melhor de cada safra, com os destaques de cada uma das principais regiões naquele ano.
Uma ressalva importante: de 2000 até 2007 temos uma significativa "wine library", com inúmeros vinhos degustados, escritos e publicados em ADEGA. Já com relação aos vinhos de 2008 e 2009, que teoricamente ainda são muito jovens, trazemos alguns prognósticos, frutos de muita pesquisa, mas já com algumas boas tendências recém degustadas. Por fim, tecnicamente, o ano 2000 fechou o milênio passado (ou seja, não pertence a este), mas não temos como deixá-lo de fora, pois foi uma safra grandiosa em diversas áreas do planeta.
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2000
Velho Mundo
O ano 2000 foi especial em Bordeaux, mas também houve grande destaque para os vinhos de Champagne, principalmente os luxury Cuvée |
Em Bordeaux, esta foi uma das safras que mais teve marketing em toda história, não só pela qualidade de seus vinhos, mas também pela grande relevância da passagem para os anos 2000. Daquela região francesa tivemos tintos excepcionais, mas cujos preços ficam difíceis de serem justificados. Porém, se você tem alguma boa lembrança relacionada com esse ano, tem que degustar um grande vinho desta região. São absolutamente fascinantes. Os tintos do Médoc foram lançados no mercado a preços dos já maduros e consagrados 1989 e 1990.
Se você quiser mesmo fazer uma extravagância e provar um dos mais completos vinhos de todos os tempos, é só degustar o Château Latour - que foi avaliado em 2006 ao lado de todos seus concorrentes e provou ser o melhor Bordeaux de 2000 e talvez um dos melhores de todos os tempos.
Ainda em Bordeaux, houve muito bons brancos e excelentes Sauternes. Bons tintos e excelentes brancos da Borgonha. Bons vinhos de uma maneira geral no Rhône, Loire e Alsácia. Os Champagnes Luxury Cuvée tiveram boa performance, com destaque para o lendário Dom Pérignon. Excepcionais Tokays na Hungria. Tânicos e potentes vinhos tanto no Piemonte quanto na Toscana. Não há dúvida que 2000 foi uma das mais reluzentes safras para os amantes de um bom Barolo ou Barbaresco. Foram produzidos extraordinários Amarones no Vêneto. Bons tintos na Espanha para consumo mais rápido. Maravilhosos tintos do Douro e do Alentejo. O Vinha da Ponte da Quinta do Crasto do Douro é talvez a maior obra-prima líquida que Portugal já produziu. Espetaculares e longevos Portos Vintage, que podem chegar a superar 50 anos em franca evolução. Se encontrar o Porto Vintage da Graham's, pegue uma garrafa enquanto é tempo. Um vinho secular.
Novo Mundo
Tivemos excelentes vinhos à base da casta Syrah no Napa Valley, nos Estados Unidos. Os vinhos da Austrália foram bons, mas a grande maioria já está no fim de vida. A região de Victoria foi a que melhores resultados obteve. O Elderton Command Shiraz é uma das grandes estrelas da safra. Nova Zelândia e África do Sul tiveram de uma maneira geral um ano difícil.
Latour provou ser o melhor vinho da safra 2000 e talvez um
dos melhores de todos os tempos
Já na América do Sul, a Argentina teve uma safra muito difícil e, para encontrar vinhos longevos, a tarefa é um tanto quanto complicada. No Chile, o carma das safras pares ainda falava alto, mas os vinhos top de casas de primeira linha produziram grandes exemplares. No Brasil, o mesmo fenômeno aconteceu, ou seja, tivemos um início de século muito difícil.
Por fim, do Novo Mundo, a dedicação para encontrar vinhos de guarda deve mesmo ser depositada em alguns californianos e australianos de estirpe.
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2001
Velho Mundo
O norte da Itália também teve grandes vinhos em 2001, como o Granato |
Os tintos de Bordeaux estão sensacionais e têm, na proximidade com a aclamada 2000, sua grande atratividade. Vinhos de alta qualidade a preços muito mais baixos que os irmãos da safra anterior. Não possuem, na maioria dos casos, a potência e o equilíbrio da safra anterior, mas, com um bom garimpo, pode-se encontrar vinhos fabulosos. O Pichon Lalande 2001 é um bom exemplo. Um vinho para longa guarda.
Os Sauternes estão entre os mais impressionantes já produzidos nessa região em todos os tempos (o Château Suduiraut é fabuloso). A profundidade e a doçura desses líquidos dourados são impressionantes. Absolutamente deliciosos hoje e com muitas décadas pela frente.
Ainda tivemos bons tintos da Borgonha. Sublimes e deliciosos Châteauneufs-du-Pape no sul do Rhône. Em Champagne, a qualidade da safra foi sofrível. Quase não há Vintages e os provados são muito simples. Houve também o sexto ano seguido de excelentes Barolos e Barbarescos, com estrutura para evoluir gradativamente por 20 anos. Na Toscana, tivemos uvas de impressionante qualidade que produziram vinhos de altíssima qualidade. Super Toscanos excelentes e mais especifi camente os Brunellos são sensacionais. No norte da Itália fez-se excelentes vinhos. O Trentino, por exemplo, nos trouxe o sensacional Granato da Foradori. Um vinho elaborado a partir de 100% da casta Teroldego, que tem muita vida pela frente.
Na Espanha também tivemos uma grande e especial safra. Os tintos da Rioja e Ribera del Duero estão entre os melhores dos últimos 20 anos. Tivemos bons vinhos de Portugal. É necessário procurar. O melhor vinho de Portugal da safra é o duriense Quinta Vale da Dona Maria. Um vinho esplendoroso, que prima pela elegância e ao mesmo tempo estilo. Os brancos doces do Mosel, na Alemanha, estão entre os melhores produzidos nos últimos 15 anos. Vinhos colecionáveis para longa guarda. Excelentes e muito longevos brancos da Áustria.
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Vinhos brancos doces produzidos no Mosel, na Alemanha, estão entre os melhores dos últimos 15 anos |
Novo Mundo
Esplêndidos tintos nos Estados Unidos, com excelentes Cabernets e deliciosos Shiraz. Os Cabernets californianos são espetaculares e com uma estrutura fenomenal. O Abreu Madrona Ranch é um vinho colecionável e que tem muita vida pela frente. Na Austrália, mais especifi camente na região dos vales de Barossa e McLaren, tivemos brilhantes Shiraz, que têm muita longevidade. Dos vinhos da Nova Zelândia, tivemos bons Sauvignon Blanc, mas que já estão passando do ponto, ou seja, devem ser consumidos imediatamente. Poucos Pinot Noir têm estrutura para estarem bons e com vida pela frente. Da África do Sul, tivemos poucos vinhos que têm futuro.
Em 2001, a safra em Rioja e Ribera del Duero foi especial e seus vinhos estão entre os melhores dos últimos 20 anos nestas regiões
Em nosso continente, houve muito bons tintos no Chile. Tivemos Super Chilean que são fenomenais. Os destaques são o Almaviva, Seña e Santa Rita Casa Real. Estes três vinhos são fabulosos e talvez sejam os melhores produzidos em todas as safras. São verdadeiramente vinhos de guarda. Na Argentina, tivemos uma safra mediana e somente alguns vinhos se destacaram para um potencial de longa guarda. Os principais são os de Finca (Mirador e Altamira) da Casa Achaval Ferrer.
Para nós, brasileiros e apreciadores de vinhos nacionais, 2001 foi bem superior ao ano anterior e com vinhos com boa estrutura. Se garimpar bem, dá para encontrar coisas boas.
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2002
Velho Mundo
Itália, Portugal e Espanha tiveram safras complicadas em 2002, mas uma das exceções foi o Gran Muralles da Conca de Barberá, de Penedès |
Apesar de uma safra com muitas variações, temos exemplares de tintos em Bordeaux. Os brancos e Sauternes vão de muito bons para excelentes. Na Borgonha temos excelentes brancos e tintos absolutamente deliciosos. Excelentes e excepcionais brancos respectivamente no Loire e na Alsácia (excelentes Rieslings secos e muito bons Pinot Gris doces). O Grand Cru alsaciano Schlossberg, com sua casta Riesling, produziu extraordinários vinhos tanto secos quando doces. Destaque para os produtores Domaine Weinbach e Domaine Paul Blanck. Sem dúvida estamos falando de brancos muito longevos. No Rhône, tanto norte quanto no sul, tivemos resultados pífi os, pois a safra foi mesmo muito difícil. Na região de Champagne tivemos a primeira grande safra do novo milênio. Os top são excepcionais. O Vintage da casa Veuve Clicquot é de excepcional qualidade e tem muita vida pela frente.
Infelizmente, essa safra foi muito difícil na Itália. Uma chuva de granizo arrasou o Piemonte antes da colheita e alguns produtores perderam toda a produção. Na Toscana, a safra também foi muito ruim, mas alguns vinhos da costa se salvaram. Portugal e Espanha também produziram vinhos muito aquém do usual. Como dica: no nordeste da Espanha tivemos uma safra melhor que nas outras regiões. O Blecua 2002 da Viñas del Vero, do Somontano, e o Gran Muralles da Conca de Barberá (Penedès), da Casa Torres, talvez sejam os mais destacados vinhos de toda Espanha nessa difícil safra. O ideal é evitar vinhos de Itália, Espanha e Portugal. A grande dica para essa safra são os doces da Áustria. Absolutamente espetaculares. Talvez um dos vinhos doces mais especiais é o Alois Kracher No 6 ScheurebeTrockenbeerenauslese Zwischen Den Seen.
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Safra na Argentina foi grandiosa, com vinhos bastante longevos |
Novo Mundo
A segunda grande safra seguida para excelentes Cabernets na Califórnia. De muito bons para excepcionais vinhos do Napa e Sonoma Valley. Ainda nos Estados Unidos, tivemos dois destaques: os Pinot Noir do Oregon e os Chardonnay de Sonoma. Ambos têm estrutura para evoluir por muitos anos. Aqui vale uma importante informação: os top Chardonnay da Califórnia são fabulosos e muitos com excelente potencial de guarda.
Excelentes tintos e brancos foram produzidos na Austrália. Destaque mais uma vez para as regiões de Barossa e McLaren. Mas, dessa vez, com bons tintos também do Western Austrália. O St Henri Shiraz da Penfolds é fabuloso. Já a Nova Zelândia teve um ano mediano e com poucos vinhos para durar.
A grande dica da safra 2002 são os vinhos doces da Áustria. No Novo Mundo, destaque para brancos e tintos da Austrália
Nada de muito especial da África do Sul, que teve um ano difícil. Vinhos de alta gama no Chile, mas, como estávamos em um ano par, o país sofreu com os fenômenos climáticos. Temos alguns bons vinhos, mas a tarefa para encontrá-los é bem custosa. Quanto à climatologia na Argentina, tudo certo. Talvez uma das mais espetaculares safras de todos os tempos. São inúmeros os vinhos que têm estrutura para evoluir por muitos anos.
A melhor safra do Brasil no novo milênio, principalmente no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul. Excelentes tintos foram produzidos. Sem dúvida a melhor safra depois da especial 1999.
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2003
Velho Mundo
Toscana e Vêneto tiveram boa safra em 2003 e o Barolo Monprivato está esplendoroso |
O maior calor de todos os tempos assolou grande parte da Europa com temperaturas que chegaram a 50°C. Apesar desse fenômeno que preocupou os produtores de várias regiões, os resultados foram excelentes na França, Itália,Espanha e Portugal.
Esplêndidos vinhos tintos de Bordeaux. A safra mais valorizada depois da badaladíssima 2000. Grandes vinhos com alto potencial de guarda. Sauternes encantadores e com muita estrutura para longa guarda. O Yquem é fabuloso e tem estrutura para evoluir nos próximos 50 anos.
Muito bons tintos da Borgonha e, na maioria dos casos, mais acessíveis na juventude. O espetacular Clos de Lambrays é um dos destaques. Em março de 2007 estava fabuloso. Em junho de 2010 ganhou uma degustação às cegas de Pinot ao redor do mundo, batendo vinhos de todas as regiões e muitos Grand Cru da Borgonha. O produtor borgonhês, Dominique Laurent, afirma que produziu os melhores vinhos de todos os tempos nesse ano. Podemos afirmar isso com o Gevrey Chambertin Vieilles Vignes. Um vinho fabuloso. A partir dele podemos imaginar como são e serão os seus Grand Cru.
Na Alsácia, tivemos a colheita mais cedo dos últimos cem anos. Muito bons vinhos também do Loire. No Rhône, tivemos uma safra muito variável, alternando excelentes vinhos com alguns nem tanto. Do norte do Rhône, mais especificamente de Hermitage e Côte Rotie, tivemos vinhos esplendorosos. O sul do Rhône teve também excelentes tintos. O Châteauneuf- du-Pape Boisrenard, da Domaine de Beaurenard, é inesquecível e com estrutura para evoluir por muitos anos. Em Champagne, tivemos uma safra de boa para muito boa, porém os top ainda estão sendo lançados aqui no Brasil.
Château d'Yquem da safra 2003 é fabuloso e seguramente vai evoluir por 50 anos |
Da Itália temos excelentes tintos da Toscana e Vêneto (muito bom ano para os Amarones). Bons e vigorosos Barolos. O mítico Barolo Monprivato, de Giuseppe Mascarello, é esplendoroso e para muitos anos de garrafa. Na Espanha tivemos os melhores vinhos provenientes do Penedès. Em Portugal, depois de muito sofrimento, os vinhos do Douro estão se consagrando como excelentes. São mais adiantados se comparados com os de outras safras. O Quinta Vale Meão e os Quinta do Crasto de vinhedo único, Maria Teresa e Vinha da Ponte, são soberbos. Esses vinhos são muito potentes e deliciosos. Terão boa evolução nos próximos anos. Os Vinhos do Porto estão entre os melhores de todos os tempos. Uma safra que foi comparada por alguns especialistas com a espetacular 1963. São Vintages para 50 anos de evolução. Em terras portuguesas temos ainda excelentes tintos também do Alentejo e na Bairrada. O Quinta das Bageiras é diferenciado e com estrutura para longa guarda.
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Na Alemanha a safra também foi muito quente. Registros afirmam que foi o ano mais quente desde 1540. Essas condições foram boas para espetaculares vinhos doces. Os Beerenauslese e Auslese são muito profundos e especiais e para longo termo. O produtor Hermann Dönnhoff, do Nahe, se excedeu nessa safra produzindo raridades.
Novo Mundo
Nos Estados Unidos, tivemos um ano muito atípico. Os primeiros prognósticos não foram dos melhores, mas depois a safra trouxe excelentes exemplares. Temos uma série de grandes vinhos que vão ficar para a história. Os Syrah e os Cabernet do Napa são muito bons e com muita estrutura para longa guarda. Alguns bons Chardonnays foram históricos. O Screaming Eagle dessa safra é um vinho extraordinário e com estrutura para continuar evoluindo por muitos anos. É hoje o tinto mais caro e procurado produzido em solo americano, uma joia. No Oregon, alguns Pinot Noir foram muito bem, com bom potencial de guarda.
Recorde de calor na Europa preocupou produtores em
2003, mas o resultado foi uma safra excelente na
França, Itália, Espanha e Portugal
Os vinhos australianos foram excelentes e o melhor é que, além dos Shiraz de Barossa e McLaren, os Cabernet Sauvignon de Coonwara também foram muito bons. De maneira geral, foi uma grande safra nesse país. A Nova Zelândia produziu grandes vinhos, mas os brancos foram superiores aos tintos, o que nos leva a concluir que não é uma safra para vinhos de guarda, principalmente para os tintos. Na África do Sul, tivemos um ano excelente, entre as melhores dos últimos 25 anos. Tintos de longa guarda e brancos absolutamente fantásticos.
Na América do Sul, houve muito bons tintos e brancos da Argentina. Alguns tintos são absolutamente fantásticos, como os Malbec: Viña Cobos Marchiori Vineyard e o Trapiche Felipe Villafañe Single Vineyard. São vinhos para duas ou três décadas. Teve-se tintos de alta qualidade no Chile, com destaque para os grandes Cabernet Sauvignon do Maipo e os red blends de Colchagua. Vale a pena provar e depois comprar para guarda algumas garrafas do Casa Lapostolle Borobo e do Viñedo Chadwick do Vale do Maipo. O Brasil, de modo geral, teve uma safra muito difícil. Vinhos para consumo rápido somente.
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2004
Velho Mundo
Vinhos à base de Syrah fizeram sucesso no Chile em 2004, como o Pangea, de Colchagua |
Safra muito diferenciada em Champagne. Os Millésime e os top Cuvée são deliciosos. Apresentam alto potencial de guarda. Os Prestige Cuvée estão sendo lançados. Seguramente teremos grandes surpresas. Esses espumantes são aposta certa e uma grande promessa.
Temos ainda excelentes tintos da margem direita (Pomerol e Saint-Émilion) e Graves, em Bordeaux. Os tintos do Médoc foram de médio para bom, então, aqui é importante garimpar. Houve soberbos e intensos tintos na Borgonha, principalmente os Grand Crus, que mostram muito equilíbrio e finesse. É uma safra que merece atenção, pois a anterior e a posterior produziram vinhos mais especiais e, por isso, podemos encontrar verdadeiras barganhas. Na França, por fim, há espetaculares tintos em toda a região do Rhône. Do norte, os destaques são os Cornas e os Hermitage.
Depois, tem-se excepcionais tintos italianos tanto no Piemonte quanto na Toscana. Especificamente, os Super Toscanos e os Brunellos estão muito acima da média. Na maioria dos casos, esses vinhos estão acima ou no mesmo nível dos 2001. O Oreno, da Tenuta Sette Ponti, abre um caminho histórico para esse vinho, que deverá se tornar um dos maiores "Super Tuscans" em breve. Os Barolos e Barbarescos do Piemonte são de imensa elegância e muito diferentes dos mais potentes 2003. Talvez o mais perfumado Nebbiolo in purezza já degustado é o Barbaresco Il Bricco do impecável produtor Pio Cesare, que evoluirá nos próximos 15 anos. Foi uma safra também espetacular para inesquecíveis Barberas Barricatos. O Coppo Pomorosso é um vinho espetacular e que tem muita guarda pela frente. Na Úmbria, tivemos excelentes vinhos à base da casta Sagrantino. O potente Arnaldo Caprai 25anni é vinho para décadas. Excelentes Amarones foram produzidos no Vêneto. Tente Musella e Allegrini, por exemplo são dois vinhos para 15/20 anos de guarda.
2004 foi um ano prodigioso em toda Espanha, com destaque para Rioja e Ribera del Duero. As principais casas dessas regiões produziram vinhos com alta capacidade de guarda. A Abadia Retuerta, em Castilla, fez vinhos superiores e longevos como o Syrah La Garduña e o Petit Verdot. Em Portugal, tivemos uma excelente safra. Douro e Alentejo produziram verdadeiras maravilhas. Vinhos do Porto Vintage também excelentes. O Porto Single Quinta Vargellas, da Taylor's, vai fazer história. Um vinho para 60 anos de guarda. Dos tintos do Douro destacamos o CV, de Cristiano Van Zeller, e, do Alentejo, a Herdade do Esporão, lançou pela primeira vez seu vinho ícone, o Torre, que, sem dúvida, é o melhor que o Alentejo já viu em termos de estrutura, potência e vigor. Uma raridade que tem estrutura para durar décadas. Bons Rieslings da Alemanha e excepcionais Grüner Veltliner da Áustria. Vale à pena comprar e degustar um vinho (branco seco) de Franz Hirtzberger.
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Novo Mundo
2004 foi excelente para Champagne (representada na foto pela catedral de Reims), mas também produziu grandes vinhos no Novo Mundo, como o Domus Aurea, no Chile |
Um ano espetacular para grandes tintos na Califórnia. Destaque para os Cabernet Sauvignon dos Vales de Napa e Sonoma. Ainda em Napa, os Syrah foram excelentes. Um ano para lá de especial para os Pinot Noir em todos os Estados Unidos. Todos excelentes da Califórnia, com destaque para os de Sonoma e Anderson Valley. Vale a pena comprar, provar e depois guardar por alguns anos. Para fechar os Pinot Noir, os do Oregon estão acima da média e com boa estrutura para guarda.
Este também foi mais um bom ano para tintos na Austrália. Excelentes Shiraz de Barossa e Mclaren Valley. Tente achar o Oracle Shiraz da Killikanoon. Um Shiraz absolutamente sensacional. Alguns muito bons Cabernet Sauvignon de Coonwara também para guarda. Na Nova Zelândia, tivemos um ano difícil e poucos vinhos têm estrutura para guarda.
Em nossa vizinha, a Argentina, tivemos um bom ano. Os destaques desta surpreendente safra por lá são o Reserva da Bodega Colomé, de Salta, e o Syrah O'Fournier, produzido a partir de vinhas velhas do Vale do Uco, Mendoza. Este último talvez o melhor Syrah produzido em nosso continente em todos os tempos. Um vinho que tem muita vida pela frente.
Na Espanha, Rioja e Ribeira del Duero produziram vinhos de alta capacidade de guarda durante a prodigiosa safra de 2004
No Chile, talvez esse ano seja o primeiro ano par que resolveu quebrar a tradição. Não foi extraordinário, mas excelentes vinhos foram produzidos. A Viña Santa Rita teve dois espetaculares: o Carménère puro Pehuen e o já consagrado Casa Real. Ainda no Chile, tivemos também dois grandes vinhos à base de Syrah, em regiões diferentes. O Pangea, de Colchagua, e o EQ Syrah, do Vale de Leyda. Por último, o Domus Aurea do Vale do Maipo é inesquecível e com muita estrutura. Um vinho para 10 anos de evolução.
Safra de média para boa no Rio Grande do Sul. O Cuvée Giuseppe da Miolo é um dos bons exemplares. Vale a pena provar.
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2005
Velho Mundo
O Chile teve um ano excelente em 2005, com grandes exemplares, incluindo o Clos Apalta |
Talvez um dos anos mais abençoados da história da França. Diferentemente de 2000, por exemplo, quando tivemos excepcionais tintos em Bordeaux e na Borgonha nem tanto, nesta safra a natureza conspirou a favor. Os vinhos da margem esquerda (Médoc) e os da margem direita (Pomerol e Saint-Émilion) são de modo geral excepcionais, espetaculares. Provamos o Cos d'Estournel na barrica em 2007 no Château e novamente no primeiro semestre de 2010. Um vinho sensacional, que já está delicioso hoje e tem estrutura para continuar evoluindo por mais 30 anos. Mais uma dica para escapar dos caríssimos Premier Grand Cru: atente para os 2éme Vin, que são os segundos vinhos dos grandes Châteaux. O Reserve de la Comtesse, segundo vinho do Pichon Lalande, é delicioso e tem estrutura para evoluir por 10/15 anos. Os Sauternes são fabulosos também. Os brancos sacos de Bordeaux são também muito bons, principalmente de Margaux e Graves.
Talvez os tintos da Borgonha sejam os mais impactantes de todos os tempos. Além de Grand Crus excepcionais, os Premier Cru e Villages também surpreendem. Para amantes de Pinot Noir, é obrigatório ter na adega alguns desses vinhos. Ainda da Borgonha, os brancos são também excelentes.
Vinhos de extrema qualidade foram produzidos no Rhône (tintos e brancos). A uva Syrah teve excelente desempenho dando alma e longevidade aos grandes Côte Rotie e Hermitage. Do sul do Vale do Rhône, alguns Châteauneuf-du-Pape são para eternidade. Nas regiões do Loire e Alsácia, os vinhos também foram de suprema qualidade. Tanto os Chenin Blanc quanto os Riesling dessas duas regiões são sublimes e com muita vida pela frente. São brancos para guarda. Experimente o Coulée de Serrant de Nicolas Joly e descubra o que a casta Chenin Blanc pode propiciar. Vinho branco para 20/25 anos de evolução.
De todas as grandes regiões da França, a que menos brilhou foi a Champagne. Algumas casas produziram excelentes exemplares. Tente Jacquesson e Mailly.
Grandíssimos Barolos e Barbarescos foram feitos em 2005. Vão durar muitas décadas. Assim como excelentes tintos da Toscana tanto no centro quanto em Maremma, na costa da região. No Vêneto, a safra foi difícil, porém, para os Amarones e Reciotos, a tecnologia ajudou muito. O Amarone Vigneto Alto de Tommaso Bussola é uma das maiores joias já produzidas na região. Um vinho para 30 anos de evolução na garrafa.
Temos ainda muito bons e frutados vinhos da Rioja e Ribera del Duero. Os resultados da Finca Allende, na Rioja, foram fabulosos, com destaque para seu Calvário. Também tivemos expressivos tintos do Priorato. Muitos deliciosos para consumo hoje, mas com muita evolução para os próximos 15 anos. Maravilhosos brancos da casta Riesling, tanto doces quanto secos, foram produzidos no Mosel, na Alemanha. Brancos raros para muitos anos de garrafa. Na Áustria, tivemos excepcionais brancos, com destaque para os Riesling também.
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Safra em Bordeaux bateu recorde de preço. Um dos destaques foi Cos d'Estournel (cujo vinhedo está na foto ao fundo). Do Novo Mundo, o Nosotros apresenta longa guarda |
Novo Mundo
Muito bons tintos californianos em 2005, especificamente os Cabernet Sauvignon do Napa Valley, que estão magníficos e com estrutura para evoluir por muitos anos. Alguns colecionáveis, como o Shafer Hillside Select e o Abreu Madrona Ranch. Os vinhos de Robert Mondavi, o Cabernet Sauvignon Reserve e o Opus One, estão entre os mais especiais já produzidos. Vinhos de alta gama e profundidade foram feitos em toda a Austrália. Em Barossa tivemos verdadeiras obras-primas. Dá seguramente para investir também nos vinhos do oeste da Austrália. Da Nova Zelândia, temos alguns bons Pinot Noir. Importante garimpar.
Safra 2005 foi a melhor da década no
Rio Grande do Sul e se produziu excelentes tintos. Em Santa Catarina, o ano também foi bom
De nosso continente, tivemos excelentes vinhos do Chile e da Argentina. No Chile, houve uma excelente safra no Vale do Maipo e no Vale de Colchagua, mais ao sul de Santiago. Sem dúvida, os vinhos de alta gama desse país são para muitos anos de guarda. O Clos Apalta, o Viñedo Chadwick, o Gê, da Viñedos Emiliana, e o Familia, da Viña De Martino, são vinhos inesquecíveis e todos estarão evoluindo de hoje até os próximos 15/20 anos. São verdadeiramente vinhos de classe mundial. Da Argentina, tivemos também excelentes vinhos, muitos para longa guarda. O Nosotros, de Susana Balbo, e o Madelena 40 Barrels, da Pascual Toso, são alguns exemplos de grandes e longevos tintos.
Safra histórica no Rio Grande do Sul. Sem dúvida a melhor da década até hoje. Excelentes vinhos foram produzidos. O Angheben Teroldego é um dos mais especiais já degustados e tem guarda pela frente. Dom Laurindo e Lídio Carraro também produziram grandes exemplares. Em Santa Catarina, tivemos um muito bom ano com vinhos muito estruturados. Vale a pena provar o Michelli da Villa Francioni, um Sangiovese predominante produzido com uvas da região de São Joaquim. Um tinto raçudo que derrotou, às cegas, excelentes toscanos.
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2006
Velho Mundo
O Cheval des Andes de 2006 talvez seja o melhor vinho produzido na Argentina em todos os tempos |
Esta é a mais difundida e mais badalada safra do novo século na Toscana, Itália. Realmente tivemos excepcionais vinhos. Os top Super Toscanos - tais como o Fattoria La Massa Giorgio Primo, Antinori Solaia, Brancaia Il Blu, Ilatraia, Luigi D'Alessandro Il Bosco e Tenuta Sette Ponti Oreno - têm ainda muita vida pela frente mas são, quando jovens (3/4 anos depois da safra), os mais impressionantes vinhos dessa região já degustados. Os Brunello de Montalcino que estão sendo lançados agora estão soberbos. E os Brunello Riserva, em provas de barrica, estão sendo avaliados como excepcionais. No Piemonte, também tivemos grandes vinhos à base da uva Nebbiolo, mas também tivemos Barberas de alta qualidade. Os Barolos da casa Vietti, com os espetaculares Lazzarito, Brunate e Rocche, estão excepcionais. Vinhos para 20 anos de guarda. Há ainda excelentes Amarones, provenientes de uma das melhores safras dos últimos anos no Vêneto.
Na França, temos vinhos de alta gama em Bordeaux, com destaque para os brancos. O problema dessa safra em território francês é que ela é subsequente à de 2005, que foi fabulosa. Os tintos de Bordeaux são de amadurecimento um pouco mais precoce do que normalmente (muito já estão deliciosos). O Château Leoville Barton é fabuloso e muito estruturado. Tinto para muitos anos de guarda.
Na Borgonha, o que acontece é um fenômeno. Nas primeiras avaliações, esperavam-se vinhos medianos, mas o resultado é fenomenal, principalmente para alguns produtores. Dominique Laurent e Philippe Pacalet se superaram e produziram vinhos absolutamente deliciosos nessa safra. Esses borgonhas não têm a estrutura dos vinhos da safra anterior, mas são de muito bons para excelentes e com boa capacidade de guarda.
No Rhône, tivemos excelentes tintos e brancos. Pode-se comprar de olhos fechados Côte Rotie e Hermitage e Châteauneuf-du-Pape, principalmente de grandes produtores. A Domaine Guigal teve resultados históricos tanto em tintos quanto em brancos. Alsácia e Loire tiveram safras muito difíceis. Os doces do Loire estão fabulosos. Há excelentes brancos da Alemanha e Áustria (secos e doces).
Nas regiões mais badaladas da Espanha, Ribera del Duero e Rioja, os resultados foram medianos. Francamente, nada de especial. O melhor da Espanha foi no Penedès, para tintos e brancos. Em Portugal, de maneira geral, tivemos uma safra mediana, com vinhos sem muita estrutura para evolução. Podemos achar algumas pérolas como o Quinta do Vale Meão, por exemplo. O destaque aqui fica para os brancos secos e doces do Mosel, que estão entre os melhores de todos os tempos. Johannes Selbach, proprietário da Selbach-Oster, esteve no Brasil recentemente e afi rmou: "Os vinhos da safra de 2006 de nossa produção estão ao lado das magníficas safras de 1959 e 1976 como as melhores de todos os tempos".
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2006 é a safra mais badala da Toscana na última década e um dos grandes destaques é o Giorgio Primo |
Novo Mundo
Uma grandiosa safra em nosso continente, principalmente para Argentina e Chile. Para o Chile, esse ano é um divisor de águas, pois apesar de não ter sido espetacular, foi bem melhor que os últimos anos pares (desde 1994). De certa maneira, podemos ver a luz no fim do túnel com o fim do carma dos anos pares por lá. 2006 foi excelente e nos trouxe vinhos extraordinários para longa guarda, em varias regiões, desde o Limarí, passando pelo Aconcágua e chegando ao Maule. Os grandes destaques foram, mais uma vez, o Clos Apalta e a nova sensação, o Manso de Velasco da Miguel Torres, ambos espetaculares. Outro destaque foi a consolidação definitiva do Don Maximiliano da Errazuriz, um vinhaço, melhor que o excelente 2005.
Na Argentina, tivemos a melhor safra depois da espetacular 2002. Além de sucesso total na grande Mendoza, houve um excelente ano no sul (Patagônia) e no norte (Salta). Tecnicamente, poderíamos dizer que essas duas safras estão no mesmo nível, mas, se considerarmos vinhos top, 2006 está na frente de 2002. O Cheval des Andes talvez seja o melhor vinho produzido na Argentina em todos os tempos. Os rivais do Cheval des Andes para o trono de melhor vinho da Argentina e, quiçá do continente, são o Noemia, da Patagônia, e o mendocino Finca Mirador, da Achaval Ferrer. Junto com o Cheval, são três tintos para longa guarda e são alguns dos que serão eternizados dessa impressionante safra em nosso vizinho.
Safra 2006 no Novo Mundo foi boa. Argentina e Chile apresentaram vinhos com grande potencial de guarda em diversas regiões
Os bons tintos e brancos da Califórnia não estão entre o que mais desejamos em nossas adegas. Dentre os com melhor potencial de guarda temos os Pinot Noir (Russian River e Central Coast) e os Syrah do sul da Califórnia (Paso Robles). Houve muito bons tintos na Austrália, com destaque para Barossa. O melhor ano dos últimos na Nova Zelândia, com bons Pinot Noir para média guarda. Na África do Sul, foram produzidos excelentes vinhos de maneira geral. Bons tintos para durarem mais de uma década.
No Rio Grande do Sul foram feitos vinhos muito interessantes. O Salton Desejo tem muita vida pela frente. Se encontrar compre e guarde por mais 4/5 anos. Em Santa Catarina, tivemos um excelente ano para os tintos. Seus vinhos são reconhecidos como de boa capacidade de guarda devido à excelente estrutura tânica.
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2007
Velho Mundo
2007 foi tão bom quanto 2006 na Argentina e o Trapiche Malbec Viña Fausto Orellana está fabuloso |
Depois da histórica e reluzente safra de 2006 na Toscana, poucos esperavam que pudéssemos ter algo tão especial logo no ano seguinte. 2007 foi espetacular e o resultado foram vinhos fabulosos, que causam até controvérsias entre os próprios produtores da região. Para uns, 2006 foi superior, para outros, não. A conclusão é simples. Duas fabulosas safras seguidas, um feito difícil de se repetir. Os 2007, tanto da Toscana Central, de Chianti, quanto Maremma e Bolgheri, são fabulosos e longevos. No Piemonte, mais um ano sensacional, com vinhos de alto potencial de guarda. Fiquem de olho nos Barbera Barricato. Estão no mesmo nível dos inesquecíveis 2004. Barolos e Barbarescos também excelentes e quase do mesmo nível dos 2006. No Vêneto, tivemos tempestades de granizo que tornaram a safra difícil e com a perda de uva. Os Amarones de boa qualidade ficaram ainda mais caros devido à baixa produção de fruta. Fundamental o nome do produtor.
Em Bordeaux, tivemos um ano difícil, mas, com um bom garimpo, podemos encontrar grandes vinhos. Destaque para os Saint-Émilion e os bons brancos de Graves/Pessac-Leognan. Em toda grande Bordeaux, os destaques foram os Sauternes.
O comportamento da safra na Borgonha foi similar, com melhor desempenho dos brancos. Philippe Pacalet produziu um Meursault sublime. Um branco de guarda. Além disso, vale ressaltar que os bons tintos da Borgonha, de forma geral, não têm a estrutura ideal para longa guarda. Já no Rhône, foi um ano interessante. Bons vinhos no norte do vale, mas muito aquém dos anos de 2005 e 2006. Porém, os Châteauneuf-du-Pape são sublimes, profundos e com boa vida pela frente. No Loire, tivemos uma safra boa, mas nada com destaque para guarda, principalmente os tintos. Na Alsácia, tivemos um muito bom ano, sendo essa safra a melhor desde 2001. Bons Riesling para guarda e excelentes Pinot Gris para longa guarda.
Na Espanha, houve um ano interessante. Ruim na Ribera del Duero devido às chuvas excessivas e geadas. Mediano em Rioja, com alguns bons tintos com potencial de guarda. E, por último, tivemos vinhos espetaculares no Penedès, dentre os melhores produzidos nos últimos tempos.
Em Portugal, a sensação foi a mesma que a de 2005 na França, quando tudo deu certo. As principais regiões vitícolas do país tiveram um ano fabuloso, contudo, no Douro, os resultados foram históricos. Desde quando os vinhos de mesa se tornaram fortes na região, nunca antes havia acontecido um ano com tantos excepcionais tintos de mesa e esplendorosos Porto Vintage em uma mesma safra. Se alguém tem uma data importante relacionada com 2007, tem que investir em vinhos do Douro e nos Portos Vintage. Dos tintos de mesa, destaque para o Quinta do Vesúvio, um dos mais elegantes vinhos do Douro já produzidos, e os espetaculares Niepoort Charme, Vallado Field Blend, e a dupla, Vinha Maria Teresa e Vinha da Ponte, da Quinta do Crasto. Dos Porto Vintage, temos inúmeros vinhos espetaculares. Escolher é difícil, mas Warre's, Taylor's, Niepoort e Graham's são históricos.
Muito bons vinhos na Alemanha, tanto brancos quanto tintos. Os primeiros prognósticos são de que, apesar de excelentes vinhos, eles não mostram muita estrutura para longa guarda. Atenção ao nome produtor.
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Novo Mundo
Safra 2007 foi histórica em Portugal, especialmente para os Vinhos do Porto, como o Graham's |
A melhor safra dos últimos 10 anos na Califórnia, com destaque para os vinhos do norte. Napa, Sonoma, Russian River e Alexander Valley, ao lado de Santa Helena e Stag's Leap, produziram vinhos históricos. Bons Chardonnays com bom potencial de guarda. Na Austrália, nada de especial. Recomenda-se somente os vinhos mais top, que passaram por detalhada seleção. Nova Zelândia com bons vinhos tintos e brancos, sendo a melhor safra do novo milênio, principalmente na ilha norte. Na África do Sul, tivemos muito calor. Sem muitos destaques para longa guarda. Bons Syrah e Cabernet Sauvignon.
Produtores do Chile declaram que 2007 foi a safra do século, com destaque para os Syrah. A Argentina também teve um ano muito bom
No Chile, algumas casas estão declarando essa como a safra do século. Tirando alguns exageros, tivemos mesmo um ano que nos que trouxe muitos vinhos de qualidade. Os top estão sendo lançados agora, com destaque até o momento para os Syrah, excelentes no Limarí e no Vale de Casablanca. Dois Syrah de destaque são o Maycas de Limarí Reserva Especial e o Villard Tanagra, este de Casablanca.
Da Argentina, uma dobradinha, pois a safra 2007 foi quase tão boa quanto a antecessora. Excelentes Malbec foram lançados, principalmente os de vinhedo único de Mendoza. O Trapiche Viña Fausto Orellana é fabuloso. Um dos melhores já produzidos no país, tem muita estrutura. Para longa guarda. Paul Hobbs, em recente visita ao Brasil, comandou uma vertical de seu tinto Viña Cobos Marchiori Vineyard de 1999 a 2006. Aproveitou e disse que o 2007 será histórico, ou seja, essa dica é "direto do produtor". Muito boa safra no Brasil. Bons tintos para guarda do Rio Grande do Sul. Mais uma muito boa safra em Santa Catarina.
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2008
Velho Mundo
2008 foi um ano difícil na Califórnia. Quem se deu melhor foi o Oregon e um dos bons exemplares é o Pinot Noir de Bergström |
A mais espetacular safra de Champagne dos últimos anos. Infelizmente teremos que esperar alguns anos para poder degustar os Millésime, mas já podemos começar a planejar, pois os prognósticos são que teremos os melhores vinhos dos últimos 20 anos da região. As primeiras degustações de Vin Claire (antes da segunda fermentação na garrafa) mostram que teremos espumantes vibrantes.
Em Bordeaux, tivemos uma safra com certa complexidade devido a um verão atípico. Mesmo assim, muito bons vinhos foram produzidos. Como 10 anos atrás (1998), os destaques são os vinhos de Pomerol e Saint-Émilion (margem direita).
Na Borgonha, tivemos um resultado apenas regular e os brancos ficaram melhores. No Rhône, tanto norte quanto sul, tivemos vinhos bons, mas o nome do produtor faz a diferença. Nada de muito especial. Até o momento, os brancos são superiores aos tintos. Loire e Alsácia produziram bons vinhos para média guarda. Em relação ao Loire, os brancos prometem mais vida pela frente, pois a acidez é excelente.
Na Itália, mais um excelente ano na Toscana, mas um tanto quanto atrás das fenomenais antecessoras 2006 e 2007. No Piemonte, tivemos um ano muito quente, quase comparado à escaldante safra de 2003, e a região comemora a sexta safra consecutiva, desde 2002, com grandes vinhos. Toda atenção deve ser colocada nos vinhos de Roberto Voerzio e Pio Cesare. No Vêneto, a promessa é grande para excepcionais Amarones. Mariliza Allegrini, uma das proprietárias da casa de mesmo nome, em visita a São Paulo no ano passado, informou que podemos esperar reluzentes Amarones e Reciotos não só da Casa Allegrini, como de um sem fi m de outros grandes produtores.
A Espanha teve problemas com muita chuva em diversas regiões. Nada de muito excepcional. Destaque para os tintos da Rioja e para os de Ribera del Duero cujas uvas foram colhidas, na maioria dos casos, em boas condições. Em Portugal, tivemos uma muito boa safra em todas as regiões, com menção especial para o Alentejo, que teve temperaturas mais baixas, favorecendo os brancos. Os tintos apresentam também excelente acidez, que propiciará boa guarda. No Douro, a colheita foi antecipada. Boa qualidade das uvas tanto nas vinhas mais jovens quanto nas vinhas velhas. Tintos e brancos apresentam boa acidez. Serão vinhos mais acessíveis quando jovens, mas alguns têm estrutura para guarda. Na Alemanha, tivemos bons vinhos, mas nada de muito destaque, pois a safra foi mediana. Foi melhor no Mosel do que no Reno.
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Novo Mundo
2008 foi um ano grandioso para os Amarones com suas uvas passifi cadas (foto ao fundo), mas também foi uma safra interessante na Toscana e devese observar de perto alguns vinhos como os de Pio Cesare |
Na Argentina, tivemos um ano com excepcionais condições climáticas, com vinhos de excelente qualidade, principalmente os de alta gama. Um ano promissor. No Chile, houve uma safra quase tão boa quanto na Argentina. Mais uma boa perspectiva para vermos o fim da "maldição das safras pares", pois essa é a segunda safra par muito boa dos últimos anos. Na África do Sul, tivemos uma safra interessante, mais fria que as últimas, produzindo vinhos um pouco menos alcoólicos. Na Austrália, os resultados foram muito bons, principalmente para os tintos de Victoria e Barossa. Tivemos uma safra difícil em toda Califórnia, sem muitos vinhos de destaque até hoje. Os resultados dos vinhos do Oregon foram melhores. Atenção para os Pinot Noir de bons produtores. Dessa região, há o Pinot Noir Bergström Dundee Hills. Um dos mais espetaculares Pinot Noir não borgonheses já degustados. E o melhor, um tinto para guarda. Seguramente para 10/15 anos de evolução na garrafa.
Safra 2008 em Champagne foi excepcional, porém, ainda teremos que esperar alguns anos para provar os Millésim
No Rio Grande do Sul, a safra de 2008 não iniciou muito bem, principalmente para as uvas mais precoces, que foram um pouco mais afetadas. Já para as variedades mais tardias, o resultado foi muito bom. Vamos ter muito bons Cabernets. Santa Catarina também foi muito bem nessa colheita. O Quinta da Neve Cabernet Sauvignon e o Gran Utopia da Quinta Santa Maria são excelentes exemplos de bons tintos.
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2009
Velho Mundo
Prova en primeur do Cos d'Estournel 2009 mostrou que a safra em Bordeaux foi mesmo grandiosa |
Em Bordeaux tivemos uma safra lendária, que é reconhecida como uma das melhores safras de todos os tempos. Muitos especialistas e produtores a colocam como uma safra comparável às míticas 1945, 1961 e, mais recentemente, a 2005, que também foi extraordinária. ADEGA teve o prazer de estar recentemente com Jean-Guillaume Prats, CEO do Château Cos d'Estournel. Seu Gran Vin é um dos vinhos mais prestigiados dos últimos anos de toda região de Bordeaux. Prats esteve aqui no Brasil no primeiro semestre para uma degustação inédita, pois trouxe em mãos o Cos 2009 en primeur. O conceito de tasting em primeur acontece todos os anos em Bordeaux no ano subsequente à colheita. Aí, experts e negociantes convidam clientes e críticos do mundo todo para uma analise prévia dos vinhos, que são testados diretamente da barrica. Para se ter uma ideia da coragem e confi ança que os bordaleses colocam na qualidade dos vinhos dessa safra, Prats colocou à mesa o 2009 por último em uma degustação que tivemos os Cos d'Estournel 1985, 2003 e 2005. O vinho se mostrou fabuloso, profundo, inebriante, potente e muito sensual, que foi lançado dois meses atrás com um preço recorde, ou seja, o maior preço de lançamento de todos os tempos para esse importante Château.
Ou seja, se a safra 2009 diz algo de especial para você, aproveite e já comece a estudar a compra de um grande vinho de Bordeaux. E o estudo deverá ser mesmo profundo, pois os preços dos Bordeaux 2009 estão muito altos, de certa maneira fora de propósito, mas todos os indícios e as primeiras provas nos levam mesmo a uma safra histórica.
Na Borgonha, os indícios são também excelentes, com os primeiros prognósticos indicando para grandes tintos e brancos. As primeiras impressões chegadas da Itália são de boas perspectivas para Piemonte e Toscana. A expectativa de muitos produtores é que teremos excelentes vinhos dessas duas regiões. Na Espanha, os resultados foram muito bons em diversas regiões. Da Ribera del Duero teremos vinhos de extrema qualidade e com muita capacidade de guarda. Os vinhos top serão para muitos e muito anos. Em Portugal, o Alentejo teve um ano muito diferente do anterior, quando tivemos um ano mais quente durante a maturação das uvas. Assim, teremos grandes tintos com boa estrutura, porém, a princípio, não serão muito longevos. Serão vinhos apreciáveis mais na juventude. Provar antes de comprar para guardar será fundamental. Como no sul, tivemos também no Douro, temperaturas muito altas (agosto quentíssimo) e, com isso, a colheita foi antecipada. Alto grau alcoólico nas uvas, devido ao intenso calor. Houve algumas doenças acima do normal. Tintos muito escuros na cor com grande carga de frutas típicas da região. Boa complexidade é um indicador que teremos excelentes tintos.
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Novo Mundo
Um ano com muitas variações em nosso continente. Na Argentina, tivemos uma safra muito boa e levemente superior à anterior. No Chile, produziu-se vinhos diferentes, com uma graduação alcoólica mais elevada que o usual, devido às altíssimas temperaturas. Mesmo com o alto grau alcoólico, eles apresentam boa acidez, o que nos dá uma boa esperança para vinhos com boa longevidade.
Em 2009 houve mais uma safra lendária em Bordeaux, que atingiu preços altíssimos e foi comparada com 2005
Na Califórnia, tivemos seguramente um ano melhor que o anterior, mas também com uma série de pontos para se atentar. No Vale Central de Napa, a situação e saúde das uvas foi mais difícil que ao norte de Napa, que teve uma boa safra, mas, infelizmente, para alguns produtores - que deixaram as uvas mais tempo nas parreiras - sofreram com as chuvas na hora de colher. Os produtores que colheram antes obtiveram resultados promissores.
No Brasil, houve uma safra difícil no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, os resultados foram esplêndidos, com bons brancos e tintos, sendo essa safra considerada a melhor de sempre na região. São excelentes as perspectivas para vinhos com grande estrutura para longa guarda.
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