Galerias Lafayette Haussmann são o símbolo do consumo em Paris
Arnaldo Grizzo Publicado em 18/08/2010, às 05h53 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47
Cúpula, marca registrada da galeria, tem 33 metros de altura e é construída por feixes de 10 vitrais, fechada em uma moldura de metal esculpido com motivos florais em estilo bizantino |
Paris é uma cidade neoclássica, mas nem sempre foi assim. Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, reinava na França de meados do século XIX depois da revolução de 1848, assim como seu tio fizera no fim do século anterior com o golpe de 18 Brumário de 1799 (equivalente a 9 de novembro do calendário da Revolução Francesa). Carlos Luís Napoleão Bonaparte era amante das artes (clássicas) e um visionário. Ele nomeou Georges-Eugène Haussmann como prefeito de Paris.
Foi Haussmann, conhecido como "artista demolidor", que pôs abaixo a decadente cidade e a transformou na Cidade Luz que é até hoje. A pedido do imperador, ele acabou com as ruas estreitas que facilitavam insurreições populares e reurbanizou Paris, deixando-a totalmente geométrica. A partir daí, e da pesada influência de Napoleão III, prédios clássicos foram erguidos no centro da cidade, como por exemplo a Ópera Garnier, desenhada pelo arquiteto Charles Garnier.
Ali, na nobre e requintada região do neuvième arrondissement (nono bairro de Paris), além do magnífico prédio do Ópera (uma mistura de estilos, desde o clássico até o barroco), ficam as mundialmente famosas Galerias Lafayette Haussmann, um dos templos do consumo. Esta imponente loja de departamentos fica logo atrás do prédio da ópera parisiense.
Feita para comprar
Em 1894, os primos Théophile Bader e Alphonse Kahn inauguraram a Galeries Lafayette, na esquina da Rue La Fayette e Rue de la Chaussée d'Antin, região que a pequena burguesia costumava frequentar. Entre 1896 e 1903, a empresa comprou os prédios da rua La Fayette, do Boulevard Haussmann e da rua la Chaussée d'Antin para formar um edifício novo enorme.
Em outubro de 1912, a nova loja, com cinco andares, varanda e uma enorme cúpula (que é uma de suas marcas registradas), foi aberta. A cúpula, tem 33 metros de altura e é constituída por feixes de 10 vitrais, fechada em uma moldura de metal esculpido com motivos florais em estilo bizantino.
Os balaústres dos andares inferiores, decorados com folhagem, são assinados por Louis Majorelle, mestre ebanista e decorador da época da Art Nouveau. A pedido de Bader, uma luz dourada vinda da cúpula, inunda o salão principal, com sua grandiosa escadaria, e faz cintilar as mercadorias. No topo do edifício, há um terraço de onde se pode observar Paris e a Torre Eiffel. Tudo foi projetado para despertar vontades e desejos, e fazer o cliente se sentir bem e querer comprar. A loja é inteiramente dedicada às novidades e à moda.
Sempre pensando em atrair o consumidor, as Galerias Lafayette sempre inovaram, recebendo importantes celebridades e abrindo espaço para shows e exposições de arte. Até Edith Piaf chegou a cantar lá. Sendo assim, lá se encontram as principais marcas do mundo, que brigam por espaço.
Sempre mudando
Desde a inauguração do prédio de 47.800 metros quadrados, ele está sempre mudando para agradar os clientes. Tanto que grande parte das lojas possuem atendentes que falam diversas línguas, incluindo chinês. Em 2005, o volume de vendas chegou a mais de 1,5 bilhão de euros e atualmente supera as grandes lojas de departamentos do mundo, como a Harrod's de Londres, a Bloomingdale's de Nova York e a Isetan de Tóquio. As galerias têm mais de 12 mil funcionários em 63 lojas. Em 2009, cerca de 25 milhões de pessoas visitaram a loja, sendo cerca de 100 mil clientes por dia.