Três histórias de champagne

Curiosidades e coincidências que envolvem a bebida nas entrelinhas da História ou num laboratório científico.

Edgar Rechtschaffen. Publicado em 19/12/2005, às 16h32 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h43

O poder do Champagne

Em 1980, Margareth Tatcher enviou o embaixador Christopher Soames à Rodhesia, para chefiar a delegação diplomática do Reino Unido, incumbida da difícil missão de negociar a transição do país africano de colônia para a independência. Soames levou em sua bagagem um suprimento de champagne Pol Roger.

No meio dos complicados acordos, repletos de discórdias, conflitos de interesse e brigas pelo futuro poder, e após uma exaustiva jornada de reuniões, o embaixador surpreendeu seus colegas ao anunciar: "A Rodhesia estará pacificada e independente dentro de trinta dias". Perguntado por outro diplomata como ele havia chegado a aquela conclusão, respondeu: "Só me restam vinte garrafas de Pol Roger".


#R#

Equação das bolhas

Já pensou em saber quantas bolhas estão contidas numa garrafa de champagne? Os membros do Bureau d'Information dês Vins de Champagne divulgaram como o cientista Bill Lembeck chegou à resposta.

Eis o seu raciocínio: uma garrafa está, em média, submetida a uma pressão de 5,5 atmosferas, o que implica que a garrafa contém 5,5 vezes o seu volume na forma de CO2 - gás carbônico. Portanto, uma garrafa de 750 ml contém 750x5,5 = 4125 ml de gás dissolvido. Com ajuda de modernos equipamentos, Lembeck determinou que o diâmetro médio de uma bolha de gás contida no champagne é de 0,51 mm. Portanto, o volume de uma bolha com forma esférica é 69 milionésimos de mililitros.

A partir daí, ele postulou que 750 ml de CO2 permaneceriam na garrafa, não se transformando em bolhas. Subtraindo estes 750 ml do total de 4125 ml, restariam 3375 ml de gás disponível para se transformar em bolhas. Finalmente, dividindo esse volume pelo volume das bolhas, Lembecj conclui que existem 49 milhões de bolhas por garrafa de champagne. Santé!

O karma de um Grand Cru Classé

O presidente Georges Pompidou era amante da boa mesa e, claro, dos bons vinhos, a ponto de nas viagens oficiais não dispensar o acompanhamento da brigada oficial de cozinheiros, com especiarias e bebidas.

Seu amor pelo vinho certamente influenciou em sua decisão de instruir seu ministro da agricultura, em 1973, para que editasse um decreto ministerial elevando o Château Mouton Rothschild de second para premier Grand Cru Classé, o que implicou na segunda modificação da classificação de 1855 dos vinhos do Haut Médoc (a primeira modificação, da qual a literatura não fala, ocorreu seis meses após a edição da classificação, em dezembro de 1855, com a inclusão do Château Cantemerle como o último da lista).

Um quarto de século depois, curiosa coincidência, o ministro signatário do decreto tornou-se presidente da França; seu nome, Jacques Chirac.