Vinhos para beber ou guardar
Redação Publicado em 16/07/2013, às 12h12 - Atualizado em 31/07/2013, às 01h26
A natureza é sábia. E mais sábios aqueles que, com os anos, conseguem interpretar os seus sinais. Os homens do campo, aqui incluindo os vinhateiros, sempre foram muito atentos a todo o ambiente, ao clima e suas variações, para entender como tudo isso afeta a agricultura. Eles aprenderam a esperar certos resultados cada vez que um determinado fenômeno se repete. E esse conhecimento vai sendo passado de geração para geração.
No início do século XIX, em 1811, um grande cometa cruzou os céus da Europa no período da colheita. Segundo relatos da época, essa foi uma safra maravilhosa, em que a natureza foi perfeita. Então, vinhos que antes nunca haviam sido rotulados com a data - como Champagne, por exemplo - colocaram 1811 na garrafa e os consumidores buscavam-nas a qualquer custo, pois acreditava-se, mesmo, que essa era uma safra especial. Assim nasceu a crença de que "os anos do cometa" eram excepcionais e, toda vez que algo surgia no céu, era motivo de festa.
Hoje, 200 anos depois, apesar de toda a tecnologia envolvida nos processos de análise climática e afins, de todas as informações compiladas de anos e mais anos de estudos, o "sexto sentido" do vinhateiro nunca é desprezado. Atualmente, com a revolução técnica que ocorreu na enologia - que permite aos produtores "corrigirem" no tanque safras menos favoráveis -, determinar uma safra como realmente grandiosa é um fato ainda mais celebrado do que séculos atrás.
Dessa forma, quando todas as grandes casas de vinho do Porto atestam que uma safra foi fenomenal, isso se torna um momento histórico. E foi o que ocorreu em junho deste ano, quando todos se reuniram - obviamente com anuência do Instituto do Vinho do Porto e Douro - para declarar seus Vintage 2011. ADEGA esteve lá e provou em primeira mão cada um dos 56 Portos e apresenta aqui os que mais se destacaram.
Dando sequência a esta edição, além de falarmos desses vinhos seculares, trouxemos uma seleção especial de vinhos perfeitos para acompanhar o inverno. Mais do que isso, falamos dos pratos que mais combinam com a estação e, obviamente, dos vinhos que combinam com eles. Depois, fizemos uma viagem por Champagne e descobrimos diversos detalhes, pouco comentados e pouco conhecidos, que tornam seus espumantes ainda mais exclusivos. Em seguida, ainda na França, visitamos Carcassonne, no Languedoc, que é a sede do principal festival de filmes sobre vinho no planeta. Por fim, retratamos a Vinexpo, a feira bordalesa que serve de parâmetro para o mundo, e passeamos pelas lindas paisagens da Campanha Gaúcha.
E, no dia do fechamento da edição, ainda participamos da reedição da famosa Cata de Berlim, em que ícones chilenos enfrentaram alguns dos maiores rótulos do Velho Mundo.
Saúde,
Christian Burgos e Arnaldo Grizzo