Aumento de imposto sobre vinho cria temor entre os produtores chilenos

Medida poderá aumentar o preço dos vinhos e visa diminuir o consumo no país

Redação Publicado em 31/07/2014, às 08h06 - Atualizado em 03/12/2014, às 08h04

A proposta de aumento do imposto tributário ao qual o vinho chileno pode ser submetido está atormentando os produtores do país. Hoje, o imposto sobre os vinhos está em 15%. Em setembro, quando o aumento passará a vigorar, o valor subirá para 18%, mais 0,5% por grau de álcool. 

Aurélio Montes quer que produtores se unam contra o aumento de imposto

O imposto ao qual os vinhos chilenos já são submetidos, em comparação com o de outras nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que também inclui os principais produtores de vinho da Europa e América, é superior. Segundo os proponentes, o objetivo do aumento é subsidiar iniciativas educacionais e desencorajar o consumo excessivo da bebida. Os autores da medida, contudo, dizem que prejudicar os negócios vinícolas do país não é a intenção. “O vinho tem uma agenda impressionante dedicada à educação, formação e trabalho de certificação”, explicou o vice-presidente do grupo Wines of Chile, Aurelio Montes.

De acordo com dados da Wines of Chile, as vinícolas que apoiam medidas de sustentabilidade e educação treinaram e certificaram 45 mil alunos quanto às suas habilidades de trabalho para a viticultura.

No que diz respeito aos problemas de saúde causados pelo consumo excessivo de álcool no Chile, contudo, o vinho não é o grande responsável. No país, seu consumo é menor em relação a outras bebidas alcoólicas e está dentro dos limites estipulados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Diante dessa realidade, os produtores temem que a alta do imposto possa diminuir ainda mais a venda e o consumo de vinho e levar produtores à falência. Há quatro décadas, 86% do álcool consumido no Chile era vinho. Hoje, apenas 34%.

Se o futuro do vinho no Chile já causa temor entre os grandes produtores, para os menores, ele é ainda maior. “O vinho não é uma atividade econômica simples. Se um pequeno agricultor precisa arrancar suas vinhas por causa dos impostos, isso não é a mesma coisa que uma loja de bairro fechar e ir para outro lugar”, explicou Montes. Segundo ele, as vinícolas do interior do Chile temem que, sem um mercado interno forte, a indústria se enfraqueça.

Para tentar impedir o aumento do imposto, produtores chilenos se uniram para demonstrar sua insatisfação. “Nossos pontos de vista estão totalmente alinhados aos do Wines of Chile. Estamos trabalhando em conjunto para apresentar nossa opinião e voz”, disse a gerente de comunicação coorporativa da vinícola Concha y Toro, Blanca Bustamante. Eles vão se encontrar com o governo para negociar.

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