Dois estudos diferentes ligam consumo moderado de vinho à proteção renal
Carolina Almeida Publicado em 09/11/2021, às 07h20 - Atualizado às 10h06
Pesquisas das universidades Sagrado Coração e Harvard apontam que o vinho é capaz de ajudar a saúde dos rins
Quem já teve pedras nos rins nunca mais se esquece.
A literatura médica diz que esta é uma das piores dores enfrentadas pelo ser humano, comparável à dor de um câncer, infarto e até mesmo do parto. Além disso, estimativas afirmam que metade dos pacientes que teve pedras nos rins uma vez terá novamente. Mas será que existe alguma maneira de evitar isso?
De acordo com as Universidades do Sagrado Coração, em Roma, e de Harvard, nos Estados Unidos, sim, e consumir vinho tinto pode ajudar.
Para chegar a essa conclusão, o Dr. Pietro Manuel Ferraro e o Dr. Gary Curhan analisaram os hábitos de mais de 194 mil pacientes, que nunca haviam tido o problema, por oito anos.
Uma ou duas vezes por ano, eles faziam perguntas aos pacientes a respeito de seus hábitos alimentares (especialmente o que haviam bebido) e se sentiam alguma dor parecida com a que aparece no caso de cálculo renal.
Com a base nos resultados, eles concluíram que existem algumas bebidas que podem ser associadas ao baixo risco na formação de cálculos, sendo duas delas o vinho branco (33% menos chances de desenvolver a doença) e o vinho tinto (31%) – já as bebidas muito açucaradas, especialmente os refrigerantes, sucos e ponches, estão entre as que mais aumentam os riscos de ter pedras nos rins. No entanto, ainda não se sabe quais substâncias são responsáveis pela melhora.
Além da proteção contra os cálculos renais, o consumo moderado de vinho também tem ação benéfica no rim como um todo. Um estudo realizado em 2005 e publicado na revista científica Archives of Internal Medicine (Arquivos de Medicina Interna) concluiu que uma taça ou duas de vinho por dia pode diminuir o risco de falência renal.
A pesquisa foi levada com dois grupos de homens entre 45 e 70 anos – totalizando 11 mil voluntários – que eram abstêmios ou consumiam pelo menos sete doses de álcool por semana. Após 13 anos de testes e exames, concluiu-se que os bebedores regulares tinham 29% menos chances de apresentar disfunções nos rins, cujo papel é filtrar o sangue.
O exame, que inicialmente testaria o efeito das aspirinas na saúde cardiovascular, acabou encontrando, através de amostras de sangue, uma ligação entre a ingestão de álcool e níveis normais de creatinina e TFG no sangue – o aumento de creatinina indica que os rins estão filtrando menos substâncias do sangue, enquanto o TFG aponta o volume de água filtrada fora do plasma, ou seja, a primeira etapa da formação da urina.
Esse foi o primeiro estudo a mostrar relação entre o consumo moderado de bebidas alcoólicas (como o vinho) e a proteção do órgão do sistema urinário. Na época, o coautor da pesquisa, Tobias Kurth, afirmou que os resultados não surpreenderam, pois o consumo moderado de bebidas alcoólicas estava ligado a menores chances de desenvolvimento de doenças cardiovasculares que, por sua vez, estão relacionadas a enfermidades renais.
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