A seleção dos vinhos que andam pelo mundo está em mutação. China e Austrália podem influenciar o que o mercado brasileiro vai comprar
Silvia Mascella Publicado em 12/02/2024, às 08h00
Para quem gosta de futebol a comparação é fácil: muitas vezes a entrada (ou a saída) de um jogador muda toda a partida. Mas quem entende das movimentações de mercado também sabe que a dança de cadeiras é tão importante para quem vende e quem compra quanto chegar ao topo da tabela.
Estamos falando de uma movimentação quem vem acontecendo desde que a China, em 2020, implementou tarifas pesadas e restrições ao comércio com a Austrália, impactando enormemente a exportação de vinhos do país. As últimas resoluções governamentais, no entanto, indicam que haverá uma modificação (positiva para a Austrália) ainda neste ano.
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Um relatório da IWSR (empresa inglesa de análise se mercado de bebidas), afirma que os volumes de vinhos australianos enviados para a China entre 2020 e 2022 caíram 78% e isso é ainda mais grave pois o país era o principal alvo das exportações da Austrália. Diversificar os países-alvo foi a estratégia utilizada pelos produtores, e o IWSR mostra que o consumo caiu na Coréia do Sul em 13% também, mas subiu na Tailândia (18%), em Singapura (1%), nas Filipinas (18%) e no Vietnã (18%). A Índia também é um destino importante para os vinhos australianos, e que vem crescendo, embora com muitos desafios de distribuição e taxas.
Na análise do IWSR, a reentrada no mercado chinês não será a salvação para a Austrália e muitos players acreditam que será necessária uma reestruturação da indústria, que está com os estoques cheios e que vê o consumo do vinho diminuir continuamente em seu mercado-alvo. "O que ocorre é que o mercado chinês caiu em média 16% ao ano entre 2018 e 2022 e daqui até 2027 a queda estimada será de 2% ao ano", avalia Christian Burgos, publisher de ADEGA e sócio da Ideal BI.
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Chile e África do Sul ocuparam com suas garrafas alguns dos espaços deixados pela Austrália nas prateleiras chinesas, mas já sentem a desaceleração do mercado, que voltará a ser fracionado quando a Austrália retornar com preços atraentes e estoques altos. "É aí que o Brasil entra no foco, como um dos poucos países cuja importação de vinhos cresceu no último ano. Ainda não podemos sinalizar que os preços dos vinhos dessas origens serão melhores no Brasil, mas certamente os importadores brasileiros vão ganhar força de negociação. É a lei da oferta e da demanda pura e simples", explica Christian Burgos.
Leia no link acima (LEIA TAMBÉM) a análise do mercado brasileiro de 2023, por Felipe Galtaroça, CEO da Ideal BI.