Hambúrguer, pizza, culinária oriental, bolos... uma coleção de vinhos para harmonizar com os clássicos do delivery
Arnaldo Grizzo Publicado em 25/11/2022, às 05h20
Durante os períodos mais críticos da pandemia, em que os lockdowns foram decretados e poucos podiam sair às ruas, a economia sofreu, mas um dos segmentos que registrou aumentos e se consolidou como uma via de acesso e escoamento de produtos para estabelecimentos que não podiam atender presencialmente foi o delivery de comida.
Foi graças a esse serviço que muitos restaurantes puderam sobreviver e, mesmo depois da volta “ao normal”, boa parte continuou nas plataformas de entrega em domicílio.
Se durante muito tempo pensamos em delivery apenas para pizzarias (um dos primeiros setores a implementar esse serviço), hoje a diversidade de oferta de comidas para entrega é fenomenal.
Vamos de culinária japonesa a sorvetes, de cantinas italianas a açaí, de Tex-Mex a casas de bolos, de churrascarias a veganos... Isso sem falar, obviamente, em alguns restaurantes de chefs badalados que adaptaram seus pratos e apresentações para que as pessoas pudessem desfrutar de suas receitas em casa. Ou seja, é possível ter acesso a quase tudo, basta uma ligação ou alguns cliques em aplicativos.
E já que estamos no conforto de casa, por que não incrementar ainda mais a experiência combinando as delícias do delivery com vinhos? Fizemos a seguir uma lista com alguns clássicos mais pedidos e sugerimos opções de harmonização. Confira.
Um dos campeões de pedidos dos serviços de delivery nos últimos anos, tanto que houve um grande crescimento no número de hamburguerias.
Fácil de agradar e com diversas combinações possíveis, esse costuma ser um prato de sabores bastante intensos e com importante presença de gordura na carne (para dar a suculência na mistura).
Essa combinação de carne suculenta com molhos e alguns acompanhamentos que podem ir de tomate, alface, cebola e queijo prato até ovo, bacon, gorgonzola etc., quase sempre vai pedir a companhia de um tinto – que não precisa ser muito portentoso, mas que tenha uma boa estrutura de taninos e acidez. Vale pensar em ter à mão um belo Cabernet Sauvignon, ou então um saboroso Tempranillo, com seus diversos bons representantes espanhóis por exemplo.
Chama atenção pela ótima acidez e pelos taninos firmes e finos, que trazem fluidez ao vinho e equilíbrio ao conjunto. Tem final suculento e persistente, com toques terrosos, de ameixas, de cassis e de alcaçuz.
O histórico prato do delivery, a pizza é talvez o “confort food” mais lembrado nos jantares dos finais de semana, mas tamanho é o sucesso que já transcendeu a questão dos sábados e domingos e hoje pode ser pedida em qualquer dia, qualquer hora, qualquer ocasião. Afinal, temos aqui opções desde o básico, com queijo e tomate, até as mais requintadas com ingredientes raros.
Pizzas podem combinar com uma variedade de vinhos, a começar pelos brancos para as redondas baseadas em queijos leves e verduras, por exemplo, até tintos para as que possuem carnes ou componentes de maior porte. Neste caso, estamos falando de tintos com bons taninos e acidez relevante, além de boa fruta, mas evitando os demasiadamente pesados. Para calabresas e afins, opte por um Bonarda ou então um gastronômico Nebbiolo.
Elaborado exclusivamente a partir de Nebbiolo, com estágio de 36 meses, tanto em barricas em carvalho francês, quanto em botti do leste europeu. Uma ótima versão desse vinho gastronômico por natureza, apresenta notas de rosas, de especiarias doces e de ervas envolvendo sua fruta, lembrando cerejas e groselhas.
Mas, é na boca que merece atenção, com seus taninos firmes e finos, sua acidez vibrante e seu final persistente, com toques terrosos e de canela. Fluido, preciso e muito gostoso de beber, está ótimo agora, mas deve ficar ainda melhor nos próximos 5 anos.
O termo “comida brasileira” engloba muita coisa, não é mesmo? Podemos falar de feijoada a acarajé, de baião de dois a escondidinho, de virado a paulista a picadinho, de vaca atolada a tutu de feijão... O repertório é enorme e, por isso, também é uma das categorias mais lembradas do delivery.
Não é simples pensar em um estilo só de vinho para tanta variedade, mas, de forma genérica, levando em consideração pratos mais portentosos e gordurosos, experimente com um espumante. Contudo, se preferir um tinto, a sugestão recai em estilos de acidez mais marcante como os vinhos feitos de Baga (basta lembrar da típica combinação com o leitão da Bairrada) ou então com a rusticidade dos Montepulcianos, por exemplo.
Elaborado exclusivamente a partir de Baga, com estágio de nove meses em barricas de carvalho francês.
Apresenta frutas vermelhas e negras maduras, especiarias e ervas, tudo bem equilibrado por acidez intensa e taninos finos e de boa textura. O final é persistente e saboroso, com toques de cerejas e terrosos.
Essa é outra categoria que virou must no delivery, mesmo em regiões em que não havia tradição de comida japonesa. Sushi e sashimi caíram nas graças do brasileiro e as casas dedicadas ao famigerado “rodízio japonês” se multiplicaram, e também passaram a entregar seus pratos em casa. Sim, hoje as opções vão além de peixes crus e rolinhos de arroz com alga simplesmente, mas a essência não muda muito.
Pensando então em um tipo de comida que geralmente é fresco e leve, vamos optar por vinhos que sigam essa mesma linha. Capriche na acidez selecionando um bom Alvarinho, uva típica da região de Vinhos Verdes, em Portugal, e também de Rías Baixas, na Espanha, ou então teste com um Arinto, outra casta tradicional portuguesa.
Elaborado exclusivamente a partir de Alvarinho, sem passagem por madeira, mas mantido em contato com as borras antes do engarrafamento.
Destaca-se pelo frescor e pela pureza de sua fruta, acompanhada de notas florais e de ervas, que se repetem no palato. Tem acidez vibrante, textura cremosa e firme e final persistente, com toques cítricos, de pêssegos e salinos.
Antes só pensávamos em apreciar pratos de carne ao frequentar as milhares de churrascarias que existem espalhadas pelo Brasil. São rodízios e mais rodízios dos mais variados cortes de carne, assim como também carnes diferentes, não apenas de vaca, mas cordeiro, aves, porco, peixe e caça. Hoje, o “rodízio” também está no delivery e é uma das categorias mais pedidas.
E já que agora temos a opção de ter essas delícias suculentas entregues na porta de casa, vale a pena separar um excelente Malbec ou ainda um portentoso Tannat para saborear ao lado de cada corte. Exemplares argentinos e uruguaios obviamente estarão entre os mais buscados.
Elaborado exclusivamente a partir de uvas Malbec, com estágio entre 12 e 14 meses em barricas de carvalho francês.
Estruturado, tem ótima acidez e taninos finos e firmes, que trazem equilíbrio ao conjunto e a sua fruta vermelha e negra, acompanhada de notas de violetas, de ervas secas e de especiarias. Tem final cheio e suculento, com toques tostados e de ameixas, que convidam a bebê-lo na companhia de bife ancho.
Essa também é uma das categorias que esteve nos primórdios do desbravamento do delivery. As opções de pratos são bastante diversas apesar de muita gente ainda se focar somente no famigerado yakisoba (macarrão com legumes e carnes). Mas, enfim, as receitas chinesas costumam se caracterizar por alguns molhos típicos muito marcantes, assim como toques agridoces, misturas de sabores e texturas, legumes impactantes (pimentão, por exemplo) e ainda algum peso de gorduras em determinados pratos.
Pensando nessa junção de coisas, uma boa sugestão seria um espumante e, neste caso, talvez um Prosecco leve e floral. Se sua preferência for por tintos (para acompanhar pratos de carnes) experimente um frutado e sutil Gamay.
Em um perfil de fruta madura (lembrando maçãs e peras) apresenta boa tipicidade e ótimo equilíbrio. Gostoso de beber e refrescante, tem acidez afiada, textura cremosa e final médio e cativante.
Tacos, burritos, nachos, guacamole, quesadillas... aos poucos esses termos foram se tornando familiares para muita gente por aqui e os restaurantes de cozinha dita tex-mex ou então com inspiração andina ganharam terreno, inclusive no delivery. Há quem pense em comida mexicana e lembre apenas de pimentas, mas isso não é verdade, pelo menos para os estabelecimentos que se adaptaram ao paladar brasileiro (a maioria).
Para os pratos mais leves e/ou com molhos cremosos, vamos optar por vinhos brancos de acidez vibrante para equilibrar o paladar. Vamos buscar uma inspiração austríaca, então experimente com um Gruner Veltliner. Ou prove talvez com um Aligoté.
Esse 100% Aligoté, mantido em contato com as borras entre 7 e 9 meses em tanques de aço inoxidável. Apresenta notas de frutas brancas e de caroço frescas, florais e de ervas, que se repetem no palato.
Equilibrado e gastronômico, tem bom corpo, acidez vibrante, textura cremosa e final médio/longo e refinado, com toques de maçãs e de flores brancas.
Vamos partir para as massas? Obviamente que a culinária italiana não se resume a isso, mas um dos campeões do delivery são as massas. E aqui também vamos ter uma infinidade de combinações de ingredientes, indo do básico espaguete ao sugo ao imponente carbonara, do fettuccine à bolonhesa ao herbáceo molho pesto. Isso sem mencionar massas recheadas, lasanhas etc.
Vamos ser tradicionalistas e nos manter em terreno italiano? Opte então por um clássico Sangiovese (Chianti), ou ainda um Dolcetto, ou, quem sabe, uma inspiração siciliana, com um Nero d’Avola.
Elaborado exclusivamente a partir de Nero d'Avola, sem passagem por madeira, mas mantido em tanques de aço inox por um breve período antes do engarrafamento.
Fácil de beber e de agradar, mostra ameixas e amoras seguidas de notas terrosas, de ervas secas e de especiarias, tudo sustentado por acidez refrescante, taninos firmes e de boa textura e final suculento, que pede a companhia de carnes vermelhas assadas.
Essa é uma categoria que engloba muita coisa e, por isso, também é uma das principais pedidas no delivery. Aqui podemos falar da indefectível coxinha, mas também de pastéis, passando por croquetes e chegando até a empanadas e canapés. De certa forma, como o nome sugere, trata-se de comidas salgadas, ou seja, o sal é um elemento fundamental.
Outro, muitas vezes, a é textura – dada pela fritura (mas nem todo salgado é frito, é bom lembrar). Nesse contexto, a primeira sugestão obviamente é um espumante – que tal um Cava? Mas se quiser um tinto, tente algo de boa acidez, quem sabe um Touriga Nacional...
Cava branco brut elaborado pelo método tradicional a partir de Chardonnay, Macabeo, Parellada e Pinot Noir, com estágio entre 12 e 18 meses de contato com as leveduras antes da degola.
Essa nova edição mostra estilo de maior madurez de fruta branco e de caroço, tudo sustentado e equilibrado por acidez refrescante e textura firme e cremosa. Tem bom volume de boca e final cativante, com toques tostados, cítricos, de padaria e de maçãs.
Impressionante como essa categoria evoluiu no delivery. Bolos, cookies, donuts e guloseimas afins cresceram vertiginosamente em opções para entrega em casa. Ou seja, se sua vó já não faz mais aquele bolinho caseiro para tomar com café no fim da tarde, sem problema, você pode pedir. E dá para escolher o bolo, a cobertura, os acompanhamentos...
E também não precisa acompanhar com café... Se falamos de receitas com chocolate, que tal uma taça de Porto Ruby? Se for um doce mais leve, com frutas ou cremes sutis, abra aquele Moscatel geladinho e desfrute.
Esbanja ameixas e amoras maduras acompanhadas por notas florais, de ervas e de especiarias doces. Tem taninos firmes e gostosa acidez, que trazem equilíbrio ao conjunto. Para as sobremesas conventuais.