Focar em detalhes pode ser útil para escolher o rótulo certo na hora das compras
Arnaldo Grizzo Publicado em 18/11/2018, às 18h00 - Atualizado às 18h00
Não há dados exatos sobre falsificações de vinhos no mercado brasileiro. Aliás, é difícil encontrar esse tipo de estatística em qualquer lugar do mundo. As únicas coisas que aparecem na mídia são as grandes apreensões de bebidas contrabandeadas por parte da polícia (como em casos recorrentes na China) ou então casos extremamente notórios em que muitas pessoas foram lesadas por um falsificador (como o caso de Rudy Kurniawan).
Aí, você pode pensar que esse tipo de coisa dificilmente aconteceria por aqui e que está restrito a um nível de vinhos de alta gama, mas não devemos nos enganar. O mercado de vinhos colecionáveis no Brasil tem se aquecido e pode atrair algumas formas de contrabando, e também, por que não, falsificação. Contudo, apesar de os vinhos de maior valor costumarem ser os principais alvos, não se pode desprezar o potencial de falsificação dos de entrada.
Sendo assim, uma das formas de se garantir é evitar garrafas suspeitas. E o que faz com que uma garrafa se torne suspeita? ADEGA fez uma pequena lista com detalhes aos quais você deve estar atento para evitar dissabores.
Cuidados com o rótulo
- Ele parece condizer com sua idade? Rótulos de safras antigas dificilmente estarão limpos. Se estiverem, desconfie. Exceção: vendas de lotes antigos arrolhados e, às vezes, rotulados novamente pelos produtores.
- Ele está rasgado? Manchado? Arranhado? Desbotado? Se estiver rasgado, esses rasgos parecem ter sido produzidos por manuseio descuidado? Se estiver manchado, as manchas de umidade parecem genuínas? Se estiver arranhado, também parece problema de manuseio? Se estiver desbotado, ele ficou exposto à luz?
- O tamanho do rótulo está certo? Ele está posicionado corretamente na garrafa? Além dele, deveria haver alguma etiqueta no pescoço? As fontes e imagens usadas condizem com as de rótulos de safras anteriores ou com o padrão conhecido desse produtor?
- Há números de série? Se sim, uma boa ideia é checa-los com os produtores. Se esse número não puder ser verificado, melhor não comprar a garrafa.
- Há erros de ortografia? Há problemas na impressão? Os nomes estão todos escritos corretamente? Não há nada estranho? Se houver, certamente é uma falsificação.
- Verifique se a safra está correta e se o vinho foi realmente produzido e vendido pelo produtor naquele ano. Cuidado ao negociar com quem vende, por exemplo, uma safra 1972 de Yquem, ano em que o Château não produziu seu famoso vinho.
- Há manchas de cola no rótulo? Se sim, cuidado, ele pode ter sido aplicado recentemente. - Há sinais de tentativa de adulteração? Mudar uma safra de 1985 para 1988, por exemplo? - Há etiquetas de comerciantes dos Estados Unidos ou de outros países? Se houver, tente averiguar a autenticidade. Há indícios de remoção de alguma etiqueta? Fique atento.
- O tamanho e o formado da garrafa condizem com o padrão daquele produtor e daquela safra? Até mesmo a cor do vidro pode indicar falsificação.
- Há marcas na garrafa? Há códigos de identificação? Isso pode ajudar a saber quem foi o fabricante e a data de produção.
- A garrafa vem em caixa originalmente? De que tipo: madeira ou papelão? Não há nada de estranho ou algum sinal de adulteração nessa caixa?
- Se o vinho não tiver cápsula, é possível verificar se a rolha tem o nome do produtor gravado, assim como a safra. Se os dados verificados na rolha não condizerem com as informações do rótulo, desconfie. Desconfie também se imagem e fontes usadas não forem compatíveis com as comumente usadas pelo produtor.
- Ela é feita de metal ou de cera? Qual é o padrão do produtor? Ela possui gravações características do produtor?
- Mesmo as garrafas mais bem conservadas tendem a perder um pouco do volume do vinho com o passar dos anos. Portanto, se uma garrafa extremamente antiga tiver o mesmo nível de uma nova, é melhor suspeitar.