Degustamos bebidas do projeto Vinosìa de Luciano Ercolino
Christian Burgos e Eduardo Milan Publicado em 24/10/2018, às 15h00
Durante muito tempo, o sobrenome Ercolino esteve diretamente ligado à Feudi di San Gregorio, uma das mais célebres vinícolas da Campania. Em 1988, Luciano e seus irmãos, Enzo e Mario, iniciaram a Feudi na região de Irpina. “Na época, só havia uma outra vinícola famosa no local, a Mastroberadino”, conta Luciano, que recentemente esteve visitando o Brasil e apresentando seus vinhos.
Ele lembra que, desde o começo, a ideia da Feudi era criar algo novo na região. “Não levamos em consideração os vinhos que eram feitos lá na época, queríamos criar o nosso próprio know-how. Produzir com uvas mais maduras e menor produção”, conta. Segundo ele, outras mudanças importantes na enologia foram introduzidas, como uso de barricas, e não botti, como era tradicional. Um dos destaques, com o tempo, foi a variedade tinta Aglianico, uma das uvas autóctones locais, junto com Falanghina, Greco di Tufo, Fiano di Avellino etc.
Luciano conta que, após um investimento alto, a Feudi acrescentou um sócio “forte” e a vinícola foi deixando de lado o estilo familiar para se tornar “industrial”, aumentando a produção. “Decidi então iniciar meu próprio projeto, começar do zero. E dar um passo além nos vinhos”, revela, falando sobre a Vinosìa, fundada em 2004.
A vinícola, moderna, projetada pelo arquiteto Alessandro Di Blasi, fica em Paternopoli, local que “produz Aglianico”. “Em Irpina, temos a sorte ter três DOCG. Greco, Fiano e Taurasi – que é Aglianico, uma das mais antigas denominações de origem italianas. São 30 comunas onde se faz Aglianico”, comenta Luciano. Ele lembra que a região é privilegiada pelo solo vulcânico, graças à proximidade do Vesúvio. “O Vesúvio trouxe a possibilidade de terrenos muito vulcânicos, terra negra, que dá uma característica muito particular na uva”, aponta.
ADEGA provou alguns vinhos de seu catálogo focado nas variedades locais e autóctones e apresenta alguns destaques.
VINHOS AVALIADOS
LE SORBOLE BIANCO 2016
AD 90 pontos
Vinosìa, Campania, Itália (World Wine R$ 66). Branco composto de 80% Falanghina, 10% Greco di Tufo e 10% Fiano di Avellino, sem passagem por madeira. Mostra frutas brancas e de caroço maduras acompanhadas de notas florais, minerais e de ervas frescas, que se confirmam no palato. Seco e estruturado, tem gostosa acidez, textura cremosa, e final médio/longo, com toques salinos e cítricos. Álcool 12,5%. EM
AD 90 pontos
LE SORBOLE ROSSO 2016
Vinosìa, Campania, Itália (World Wine R$ 66). Tinto composto de 85% Aglianico e 15% Piedirosso, sem passagem por madeira. Chama atenção pela qualidade das frutas como morangos e cerejas, acompanhadas de notas florais, especiadas e herbáceas. Fresco, frutado e macio, tem ótima textura de taninos, gostosa acidez e final agradável e cativante, pedindo mais um gole. Álcool 12,5%. EM
AD 91 pontos
NEROMORA AGLIANICO 2014
Vinosìa, Campania, Itália (World Wine R$ 96). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Aglianico, com estágio de oito meses em barricas de carvalho francês. Mostra cassis e ameixas de perfil mais fresco acompanhados de notas florais, de ervas e de especiarias doces. Muito frutado, impressiona pela ótima textura de taninos, tem bom volume, vibrante acidez e final persistente, com toques minerais, defumados e de tabaco. Álcool 13,5%. EM
AD 93 pontos
MARZIACANALE TAURASI 2011
Vinosìa, Campania, Itália (World Wine R$ 277). Tinto elaborado exclusivamente a partir de Aglianico, com estágio entre 12 e 15 meses em barricas de carvalho francês. Num estilo mais maduro e exuberante, mostra frutas negras e vermelhas seguidas de notas florais, de ervas secas e de especiarias doces. Austero e refinado, tem refrescante acidez e taninos cheios de textura, que trazem vibração e equilíbrio ao conjunto. Tem final longo e persistente, com toques terrosos, defumados e de tabaco. Álcool 14%. EM