Defensores acreditam que selo vai diminuir contrabando e moralizar setor

Sílvia Mascella Rosa E Arnaldo Grizzo Publicado em 31/03/2010, às 12h35 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h46

A questão da implantação do Selo Fiscal nos vinhos tem seus defensores, que acreditam que o setor precisa ser moralizado e que somente assim será possível controlar o contrabando, colocando todos em pé de igualdade no mercado.

"Eu trabalho com selo há 20 anos nas bebidas destiladas e acredito que o controle delas seria impossível em um país deste tamanho se não houvesse o selo. O Brasil do vinho também precisa desse controle, pois as bebidas que entram no país por nossa extensa fronteira seca não podem ser controladas senão na prateleira", enfatiza o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Júlio Fante, proprietário de uma empresa de bebidas em Flores da Cunha (RS), que acredita que o mercado nacional precisa de um choque de moralidade e controle.

Ele afirma que o consumidor já se acostumou a comprar os destilados com selo e a suspeitar da procedência daqueles que não o têm. No entendimento de Julio Fante, os importadores também irão se beneficiar: "O bom importador, que trabalha dentro das regras da lei, vai se beneficiar a longo prazo, pois o mercado será limpo dos produtos de baixa qualidade e baixo valor agregado que entram no país de forma duvidosa e prejudicam também os bons vinhos importados", explica.

"Tenho uma visão da categoria que represento e desejo que ela cresça, evolua e gere renda, assim percebo que se o mercado vende pouco produto honesto. O cantineiro sério reclama com razão, mas ele vai tentar ganhar em cima do produtor de uva baixando o preço, que acaba, em muitos casos, desistindo desse cultivo em favor de outros mais rentáveis, tudo por que o setor não é capaz de controlar a cadeia de produção e comercialização", atesta Olir Schiavenin, Coordenador da Comissão Interestadual da Uva e Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, um dos nomes mais atuantes nas negociações para a aprovação do selo. Olir acredita que o selo valoriza os produtos e até mesmo a matéria-prima, mesmo que não seja capaz de resolver todos os problemas que existem no setor.

"Sabemos que sempre que há uma mudança de regras elas vão implicar em novos procedimentos e adaptações. É até por conta disso que estamos cientes de que em menos de um  ano os vinhos não estarão selados, até que todos possam fazer isso com tranqüilidade", admite o Diretor Executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores, o enólogo Darci Dani.

Ele não concorda com quem afirma que o selo não funciona pois não há fiscalização. Ele entende que todas as entidades devem ser fiscalizadoras, uma vez que a Polícia Federal tem obrigação de investigar todas as denúncias e que isso só pode ser feito se o vinho estiver selado e se as entidades e o próprio consumidor estiverem atentos a isso.

"A fiscalização protegerá as empresas corretas, impedindo a sonegação. É um avanço para o setor e garante maior credibilidade para o consumidor final, tornando o mercado mais valorizado", finalizar Oscar Ló, presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi, grande produtora de espumantes na cidade de mesmo nome.

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