Pesquisa descobriu que o consumo moderado de álcool oferece alguma proteção contra doenças que atinge mais as pessoas com mais de 40 anos
Redação Publicado em 06/10/2022, às 06h00
Um novo estudo, que examinou dados de saúde por 30 anos de vários países, apresentou um quadro interessante: por um lado, os pesquisadores descobriram que pessoas com menos de 40 anos que bebem são mais propensas a se envolver em comportamentos de risco. Mas para pessoas com mais de 40 anos, cujos principais riscos para a saúde são doenças cardíacas, derrame e diabetes, o consumo moderado de álcool trouxe benefícios.
O estudo foi realizado por dezenas de pesquisadores por meio do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde. Seu trabalho foi financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates e publicado em julho na revista médica The Lancet. Os pesquisadores analisaram dados do Estudo Global de Carga de Doenças, Lesões e Fatores de Risco (GBD) de 2020. O grande escopo do GBD permitiu que os pesquisadores analisassem as causas de morte relacionadas ao álcool para pessoas de 15 a 95 anos em 21 regiões geográficas de 1990 a 2020.
Segundo o novo estudo, pessoas mais jovens são mais propensas a mortes relacionadas ao álcool por lesões, que incluem acidentes de carro, violência interpessoal, lesões acidentais e automutilação. Por causa do risco elevado de lesões dos jovens durante o uso de álcool, sua “equivalência de não bebedor” (a quantidade de consumo de álcool em que o risco de um bebedor é igual ao de um não bebedor) é próximo de zero, descobriram os autores.
As pessoas mais velhas, por outro lado, são muito menos propensas a sofrer lesões relacionadas ao álcool, mas são mais propensas a doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 2. Como as evidências sugerem que o consumo moderado de álcool oferece alguma proteção contra essas doenças, as pessoas com mais de 40 anos que bebem quantidades moderadas de álcool têm melhor saúde geral do que os não bebedores.
O novo estudo não contradiz pesquisas anteriores que ligam o consumo moderado de álcool a certos benefícios para a saúde. Emmanuela Gakidou, autora sênior do estudo, enfatizou que “especialmente para adultos mais velhos”, o consumo moderado de álcool pode fazer parte de um estilo de vida saudável e equilibrado. Ela aconselha os jovens que optam por beber a “consumir com moderação e nunca se envolver em bebedeiras. Se não pudermos reduzir o consumo a zero, tudo bem, mas se pudermos evitar a bebedeira e o consumo excessivo, eu acho que colheremos muitos benefícios para a saúde”, diz.