Após queda de helicóptero que levava comprador chinês para visitar sua nova propriedade, grupo xenófobo envia carta ameaçando produtores que pretendem vender seus vinhedos
Redação Publicado em 16/01/2014, às 09h09 - Atualizado em 03/12/2014, às 08h04
No dia 20 de dezembro, um trágico acidente de helicóptero comoveu a região de Bordeaux, na França. Lam Kok, 46 anos, um bilionário chinês que fez fortuna vendendo chá, tinha acabado de fechar negócio com James Gregoire, 63 anos, co-proprietário da empresa Vintex, dona do Château La Rivière – que o empresário da China estava comprando. Para finalizar a compra, eles decidiram dar uma volta de helicóptero, pilotado por Gregoire – um piloto experiente – sobre os vinhedos. Além dos dois, o filho de Kok, de 11 anos, e Peng Wang, que estava trabalhando como intérprete para o negociantes, também estavam no voo. Depois de 20 minutos, ao ver que o grupo não retornava, funcionário ligaram para a emergência. Um caçador das redondezas afirma ter visto o helicóptero afundando nas águas do rio Dordogne e os integrantes não sobreviveram.
Segundo investigações preliminares, a queda da aeronave deveu-se a um acidente. No entanto, um grupo xenófobo aproveitou a trajédia para espalhar o medo em Bordeaux. Uma carta de autoria de uma entidade autodonominada Agricultural Action Committee foi enviada a um jornal local e também a diversos donos de Châteaux na região contendo ameaças. Ela diziam que Gregoire havia pago com sua vida por ter vendido o vinhedo para um estrangeiro exatamente 10 dias depois de "termos advertído-o". "Aqueles que vendem para estrangeiros, intermediários ou compradores de fora devem esperar serem encontrados no fundo de um rio ou a seis palmos do chão", dizia textualmente a carta.
A onda de xenofobia vem aumentando na Europa, especialmente depois da crise econômica e mesmo locais "pacatos" como Bordeaux agora começam a sentir seus efeitos. Uma das razões é que cada vez mais investidores estrangeiros estão comprando propriedades na região. Só no ano passado, por exemplo, 20 Châteaux foram comprados por empresários chineses. Estima-se que mais de 60 propriedades hoje sejam controladas por homens de negócio da China.