Koroneiki

A essência dos óleos de oliva gregos

João Calderón Publicado em 10/08/2012, às 06h45 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h48

Como muitos sabem, na Antiguidade, os heróis olímpicos eram condecorados com uma coroa de folhas de oliveira. Supõe-se que essa tradição exista desde que começaram os Jogos – por volta do ano 776 a.C. – no santuário de Olímpia, na Grécia. Em 2004, quando as competições voltaram à Atenas, houve um acordo que o vencedor da maratona, uma das provas de maior prestígio olímpico, receberia uma coroa feita com as folhas da oliveira mais antiga da Grécia. Como ninguém conseguiu desvendar qual das duas oliveiras encontradas em Creta era a mais antiga, se a Kolymvári ou a Kavoúrsio, então as folhas da Kolymvári coroaram o vencedor da prova masculina e as da Kavoúrsio, da feminina.

Agora, novamente em ano olímpico, uma pergunta poderia surgir: qual tipo de oliveira produziria maior número de coroas? Seria a Kalamáta? Uma das mais apreciadas azeitonas de mesa. E por que não a Koroneiki?

Koroneiki
A Koroneiki representa nada menos que dois terços de todas as olivas gregas. Isso faz com que ocorra algo não muito usual: o azeite grego, em quase sua totalidade, é produzido a partir de um mesmo cultivar, que pode ser encontrado a longo de toda a Grécia.

Nascida em terras gregas, a Koroneiki tornou-se ilegal na Antiguidade, justamente em sua “terra natal”, na cidade de Koróni, localizada na parte oeste do golfo de Messina, na região de Peloponeso, sul da Grécia. Foi nesse período que o cultivar se espalhou pelo país, pelas mãos dos venezianos, cujo poder viria a declinar no século XVIII.

Essa variedade cresce no país por mais de 3 mil anos e pode ser conhecida por outros nomes conforme a região onde é encontrada, como Koroni e Lianolia, por exemplo.

Cultivar Koroneiki representa dois terços das olivas gregas

Características
A azeitona Koroneiki é um fruto ovoide e pequeno, pesando entre um e dois gramas, possuindo uma maturação geralmente precoce. Possui produtividade elevada e um bom rendimento de azeite, que tende a ser de ótima qualidade devido ao seu alto teor de polifenóis, o que torna o óleo de oliva extremamente estável, mantendo seu sabor e frescor por um longo período.

Outro fator que pode ser considerado positivo é sua maturação e consequente produção serem precoces, o que lhe confere características para serem utilizados em plantações chamadas superintensivas, em que o período até a colheita é menor. Essas qualidades fizeram a Koroneiki não só se espalhar pela Grécia como também atravessar os oceanos, sendo encontrada na Califórnia e na Austrália, por exemplo.

Seu óleo costuma ser intensamente frutado e fresco, especialmente o azeite de oliva proveniente da Koroneiki cultivada nas montanhas – de onde costumam vir os mais saborosos. Mesmo com diversos atributos positivos, para os mais críticos, apesar de ser equilibrado e de possuir um agradável frutado, ele fica aquém do sabor que pode ser encontrado em outros óleos, como nos varietais de Arbequina, por exemplo.

CURIOSIDADE
Estudos realizados na Austrália, na University of Southern Queensland, sugerem que não só as olivas podem fazer bem à saúde, mas também suas folhas. Beber uma xícara de café fortificado com extrato de folhas de oliveira pode ajudar no combate à obesidade, reduzindo o armazenamento de gorduras. Além de ser rico em antioxidantes e ajudar no combate a toxinas e bactérias.