Chile aproveita o clima propício para as vinhas e começa a investir também na produção de óleo de oliva
João Calderón Publicado em 04/05/2011, às 06h55 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47
Uma longa e estreita faixa costeira, localizada na porção oeste da América do Sul e encravada entre a Cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico. Este é o Chile, um "país praia" que possui um litoral que se estende por mais de 6 mil quilômetros. O território chileno segue ainda no Pacífico, já que possui territórios ultramarinos, dentre eles a Ilha de Páscoa, situada a quase 4 mil quilômetros da costa chilena, e claro, famosa por suas estátuas de pedra, os moais.
Com um litoral como este, e por estar favorecido pela atuação da corrente de Humboldt, o país é presenteado por uma enorme quantidade - e também qualidade - de peixes e frutos do mar, alguns mais pitorescos que outros, como os locos, ostiones, ouriços, machas, picorocos, além de seus dois principais pescados, o salmão e o congrio.
Seu incomum território - comprido, mas fino, com média de 175 quilômetros de largura - traz uma diversidade natural impressionante, sem falar na variedade climática, indo do deserto mais seco do mundo, o Atacama, situado no norte do país; passando por um clima mediterrâneo no centro; chegando a um clima alpino, propenso a neves ao sul, com geleiras, fiordes e lagos.
Chile central
A parte do Chile que mais interessa quando se trata de azeites, é a central, justamente a que possui um clima próximo ao clima do Mediterrâneo, do qual o país já se aproveita há muito tempo para produzir alguns de seus melhores vinhos e, mais recentemente, também para a olivicultura, que cada vez mais vem ganhando destaque.
Além de um clima favorável, esta área também possui uma grande vantagem para a produção de um bom óleo de oliva extra virgem, já que possui barreiras ambientais, com os Andes a oeste, o deserto ao norte e a Antártida ao sul - o que a isola de possíveis pragas, como a mosca da oliva, por exemplo.
História recente
Apesar de todo o clima favorável, o Chile só começou a investir realmente na indústria olivícola ao longo dos últimos anos. Até meados de 1990, o principal cultivar encontrado no Chile era o Sevillano, proveniente de antigas oliveiras, e praticamente só utilizado para azeitonas de mesa. Foi apenas depois disso que os produtores de vinho e agro-investidores resolveram pensar na olivicultura, pois acreditavam que as mesmas condições (como altitude, água, incidência solar e os baixos custos para produção) que já representavam características positivas para a vinicultura, também poderiam vir a se tornar positivas para as oliveiras.
A produção chilena é ainda relativamente pequena e segue sendo desconhecida por parte do mundo. No entanto, é uma indústria que vem investindo no aperfeiçoamento da qualidade de seu produto e se destacando por sua alta qualidade, mesmo quando comparado - e algumas vezes já premiado - com azeites do Mediterrâneo.
#Q#Até meados de 1990, o principal cultivar era o Sevillano
Importado
O azeite chileno é proveniente de cultivares importados de países como Itália, Espanha e Grécia, sendo blends ou monovarietais e que, em geral está dividido em três categorias, suave, médio e intenso. Existem cerca de 40 variedades de olivas utilizadas para a produção de óleo, porém as mais utilizadas são Aceiteiro, Empeltre e Ligúria.
No país, calcula-se a existência de cerca de 20 lagares distribuídos pelas diversas regiões, com uma produção que inclui tanto azeites extra virgens quanto refinados ou misturas com 30% de óleo de bagaço.
Entre os anos de 1997 e 2003, o consumo de óleo de oliva no Chile cresceu em média 14,4% ao ano, dobrando os números iniciais. Espera-se que continue crescendo nesse mesmo ritmo, assim como sua produção, que hoje ainda gira em torno de 2 milhões de litros por ano - mas que até 2015 prevê um aumento para 100 milhões de litros anuais.
Vale a pena provar este azeite e ver se o Chile terá com o óleo o mesmo destaque que já tem com o vinho, e claro, de preferência, harmonizar com seus peculiares frutos do mar.