Mesmo aprovada, vinicultores ainda lutam contra a construção de ponte na Alemanha

Redação Publicado em 13/06/2011, às 10h03 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47

Os vinhos do rio Mosel, na Alemanha, estão entre as expressões mais célebres do de Riesling no mundo. Mas as vinícolas do Mittelmosel à volta das cidades de Ürzig, Zeltingen-Rachtig e Bernkastel-Kues, fundadas pelos romanos, estão constantemente ameaçadas pela maior iniciativa de construção.

Vinicultores estão preocupados que a estrada e a ponte sugeridas prejudicarão ou mesmo destruirão as vinhas. Eles afirmam que o projeto é desnecessário.

Imagem digitalmente alterada mostra como ficaria o projeto
"Nós estamos falando de toda a área montanhosa. Todos ali serão possivelmente prejudicados", disse Ernst Loosen da Bernkastel's Weingut. "Não somos apenas nós, é a J.J. Prüm, são todas as produtoras famosas que tem vinícolas nessa montanha, e que estão muito preocupadas com o que acontecerá nos próximos cinco, seis, sete, oito anos".

Concebida durante a Guerra Fria para transportar homens e equipamentos entre bases aéreas, a Hochmoselübergang compreende a ponte Hochmoselbrücke e um novo trecho da estrada Bundesstrasse 50, o qual percorrerá ao longo de 5km das vinícolas intocadas.

O parlamento aprovou a estrutura em maio. Planos para o projeto ficaram de lado por anos por que empreiteiros privados estavam desinteressados, mas estímulos financeiros federais os reavivaram.

Apesar da própria ponte pode privar certas vinícolas de luz solar e prejudicar o terreno frágil, a maior preocupação vem da B50. Os projetos envolvem a escavação de uma vala para a estrada, que em alguns trechos terá 65 metros de largura e 15 de profundidade, através de florestas no planalto acima das vinícolas.

Vinicultores dizem que as ações da floresta, tal como o reservatório de água, ajudam as uvas a amadurecer mesmo em dias secos.

"Em última instância, terá um efeito na distribuição de água nos vinhedos", disse Sarah Washington, líder do Pro-Mosel, grupo contra o projeto. "O problema é que o governo não respondeu a essa questão. Não há um estudo apropriado sobre isso".  

Ela disse ainda que a ardósia sob o solo das encostas permite que a chuva escorra do planalto e desça pelas vinícolas. A profundidade e a extensão da vala, tal como a sua proximidade com o topo do planalto, irão interromper a fonte de águas das encostas.

Oficiais do Ministério de Assuntos Internos de Rheinland-Pfalz discordam quanto aos potenciais danos. Um estudo feito pela Autoridade Regional de Geologia e Mineração em 2009 reportou que "a seca das vinícolas não pôde ser verificada", disse Joadchim Winkler, um funcionário da imprensa do ministério. "Para a maioria, a floresta sobre as vinícolas foi mantida, mas ela não funciona como um reservatório. Na verdade, a

floresta extrai água de chuva das encostas".

De acordo com o ministério, Winkler disse, a ponte trará mais turistas à região e servirá como uma ligação importante entre a Bélgica e a Holanda e a área metropolitana de Frankfurt/Mainz - particularmente o aeroporto Frankfurt-Hahn, "Dada a previsão de um tráfego crescente, a construção da ponte ainda é justificável". O acesso à cidade, ele argumentou, ajudaria a "manter os jovens e famílias nas áreas rurais" como Mittelmosel. Winkler insistiu que todos os interesses locais foram ouvidos e considerados pelo governo antes dessa decisão ser tomada.

Agora que o contrato de construir a ponte e a estrada foi assinado, o Pro-Mosel e seus aliados está ficando sem opções.

"É tão impressionante aqui", disse Washington. "É um lugar que se fosse no Reino Unido seria um parque nacional e seria respeitado como tesouro nacional". A construção está programada para começar ainda esse ano.

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